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A preservação da informação digital é um campo de estudo consolidado na Ciência da Informação. As publicações sobre essa temática tiveram início na década de 1990, mas foi somente a partir do ano 2000 que os estudos ganharam mais força. Mas como a preservação digital vem se desenvolvendo no Brasil e quais são as redes de colaboração científica relacionadas ao tema?

O assunto é abordado no artigo “Preservação digital: estudo exploratório sobre a literatura científica e as redes sociais colaborativas no Brasil”, publicado no dossiê Preservação Digital da revista científica Reciis (Revista Eletrônica de Comunicação Informação e Inovação em Saúde, v. 14, n. 3, 2020). O artigo foi realizado por Aureliana Tavares, doutoranda em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Isa Maria Freire, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFPB.

A pesquisa realizou a revisão de literatura e utilizou a metodologia de Análise de Redes Sociais para identificar a colaboração entre pesquisadores nos processos de produção e comunicação científica na temática da preservação digital.  “A relevância de um trabalho como este, que mapeia a produção em uma dada área do conhecimento científico, está tanto no processo quanto no produto: por um lado, conhecer a literatura da área de estudo é fundamental para a pesquisa; por outro lado, conhecer os pesquisadores, os pares, de uma área em que você atua ou irá atuar, sua produção e relações sociais, é relevante para se situar no campo científico”, explica a autora Isa Maria Freire.

A ideia do artigo surgiu a partir da tese de doutorado de Aureliana Tavares, que realizou uma revisão de literatura como parte da pesquisa. Ela apresentou um mapeamento realizado na Base de Dados em Ciência da Informação (BRAPCI), com o objetivo de identificar autores, instituições e periódicos científicos que disseminaram a preservação digital no Brasil entre 2000 e 2019.

Ao analisar a base da BRAPCI, que possui mais de 20 mil itens, Tavares identificou 61 artigos sobre o tema na Ciência da Informação. O estudo destaca ainda 24 periódicos científicos que divulgaram essas pesquisas e 25 instituições onde se concentram os pesquisadores da área.

O levantamento indica que os três periódicos que mais publicaram artigos sobre preservação digital no Brasil são a revista Ciência da Informação, publicada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), a Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, vinculada à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, publicada pela Universidade de Brasília (Unb).

O Ibict também se destaca como a instituição brasileira com mais artigos publicados. Em relação ao número de autores filiados, o Ibict e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aparecem no topo. Cada instituição tem 12 pesquisadores filiados que desenvolveram estudos sobre preservação digital.

Para a professora Isa, a revisão de literatura indica que existe um interesse crescente pela preservação digital na Ciência da Informação. No entanto, o tema ainda é pouco estudado. “Me chamou atenção a pequena quantidade de artigos publicados. Afinal, a preservação digital é extremamente importante na sociedade em rede, pois representa o caminho possível de guardar, organizar e recuperar informações que, de outro modo, se perderiam. Essa temática precisa se tornar mais relevante e presente no universo de estudo dos pesquisadores da área. É aí que entra o papel do Ibict”.

Na análise sobre autorias, a pesquisa identificou 110 autores que estudaram a preservação digital.  Ao analisar a rede de colaboração científica, o indicador utilizado foi o de coautoria dos artigos levantados na busca. Quatro atores da rede se destacaram em número de ligações: Daniel Flores (UFSM), Virgínia Pinto (UFC), Miguel Márdero Arellano (Ibict) e Caterina Pavão (UFRGS) – esses atores também foram os que mais colaboraram nos artigos analisados.

Para Miguel Márdero Arellano, coordenador da Rede Cariniana do Ibict, o estudo é pioneiro ao revelar os grupos de pesquisa em formação no Brasil com interesse no tema. “A análise de Redes Sociais conseguiu traçar as conexões entre grupos de pesquisadores e sua frequência de publicação. Com o mapeamento, as autoras conseguiram destacar a produção científica em preservação digital no Brasil nas últimas duas décadas, apontando o papel das redes de colaboração entre pesquisadores da área”, avalia.

O papel do Ibict e da Rede Cariniana

A pesquisa desenvolvida pelas professoras Aureliana Tavares e Isa Maria Freire aponta que o protagonismo do Ibict na produção científica sobre preservação digital é fruto de pesquisas desenvolvidas no âmbito da Rede Cariniana, criada pelo Ibict em 2013. A rede tem como finalidade desenvolver a cooperação entre instituições visando compartilhar projetos de preservação digital e contribuir para o aperfeiçoamento dos serviços de preservação de acervos digitais.

“A Rede Cariniana, tem se mostrado altamente atuante e lidera, sem dúvida, o movimento para preservação de documentos digitais no Brasil. A adesão do Ibict ao Programa LOCKSS, da Stanford University, representa uma contribuição significativa para a informação científica no Brasil, e o programa de capacitação tecnológica, em parceria com instituições relevantes no campo científico, no Brasil, vem obtendo sucesso. A revista Ciência da Informação, do Ibict, é a que mais publicou sobre a temática Preservação Digital no período abordado pela pesquisa, e a instituição, ciente do valor e da necessidade de preservação documental, vem colhendo resultados que merecem nossa gratidão”, afirma Isa Maria Freire.

Miguel Márdero Arellano avalia que a pesquisa da UFPB mostrou a importância do trabalho realizado na Rede Cariniana. “A rede possibilita o repasse de informações relevantes sobre pesquisas internacionais, as quais apontam para a preservação distribuída de acervos digitais de instituições nacionais”.

Outro fator apontado por Márdero Arellano para a produção científica do Ibict é a criação, em 2013, do grupo de pesquisa “Estudos e Práticas de Preservação Digital”, ligado à instituição. “O Ibict começou a monitorar projetos dentro de linhas de pesquisa orientadas a serviços e soluções tecnológicas. O resultado desse trabalho é a produção de insumos que vêm definindo os critérios para o uso em instituições no país de ferramentas voltadas para a preservação em rede, seguindo as modernas políticas de gestão de sistemas de informação, de análise de risco e segurança da informação”, explica.  

 

Carolina Cunha

 

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