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A plataforma SciELO (Scientific Electronic Library Online) é uma biblioteca eletrônica com um acervo selecionado de periódicos científicos em acesso aberto. Os periódicos indexados da coleção brasileira são preservados na estrutura da Rede Cariniana, criada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict/MCTI).

A Rede Cariniana é uma alternativa para organizações que desejam preservar seus acervos em cópias digitais autorizadas no Brasil, com o objetivo de garantir o acesso continuado a longo prazo. Ela opera como um sistema de preservação digital baseado no modelo de rede distribuída, com armazenamento pelo sistema LOCKSS, um sistema de código aberto criado pela Stanford University.

O coordenador de infraestrutura do SciELO, Rondineli Saad, explica que a preservação digital sempre foi uma dimensão importante do programa de publicação da instituição. Mas foi a exigência de indexação internacional que acelerou a necessidade de se buscar uma solução de arquivamento. “Nos últimos anos, vários índices internacionais que são essenciais para a visibilidade e status internacional dos periódicos SciELO passaram a exigir a preservação como critério de indexação. Encontramos na Cariniana a solução sustentável que o SciELO vinha buscando há anos”.

Saad afirma que a Cariniana possui o diferencial de fazer parte da rede LOCKSS, uma das mais importantes globalmente e que opera de acordo com as normas internacionais já aplicadas e padrões da comunidade de comunicação científica. Outro ponto positivo é o custo em relação a outras soluções de arquivamento. “Considerando o volume de documentos do SciELO, os custos envolvidos tornam impraticável participar de outros sistemas de preservação. Fazer parte da Rede Cariniana nos traz a vantagem de poder preservar de acordo com o estado da arte e sem um custo operacional alto”, explica. A rede brasileira é uma das poucas agências do mundo que faz a preservação de periódicos de forma gratuita.

A parceria com a Cariniana começou em 2019 e atualmente todos os periódicos da SciELO Brasil têm seus conteúdos preservados à medida que são publicados. Também está sendo realizada a preservação retroativa. Já foram preservados os conteúdos dos anos 2020 e 2019 e a meta é preservar toda a coleção de mais de 5.300 volumes até o final de 2022. Os dados sobre os registros podem ser encontrados no site The Keepers Registry, serviço do Centro Internacional do ISSN em Paris, que unifica todos os registros de revistas preservadas em iniciativas internacionais.

A integração à Rede Cariniana envolveu uma série de processos de aprendizagem e planejamento. Primeiro foi elaborado um plano de trabalho, que foi validado pelo Ibict. Como parte do plano, foi criado um ambiente tecnológico de integração de sistemas. No entanto, o plugin LOCKSS não funcionava com o ambiente SciELO. “Um desafio importante que exigiu meses de esforços foi adaptar o plugin SciELO à rede LOCKSS”, lembra Saad. Equipes das duas instituições trabalharam juntos para criar novos métodos para armazenar as revistas de forma integrada.

Miguel Márdero Arellano, coordenador da Rede Cariniana, avalia que a meta da parceria é possibilitar que todas as revistas possam ser coletadas e armazenadas de forma segura, usando uma forma de registro automatizada que diminui o tempo de processamento de preservação em rede. As equipes técnicas das duas instituições agora desenvolvem outros projetos relacionados com a preservação digital distribuída de publicações e conteúdo da Web, como a adaptação do sistema LOCKSS para outros conteúdos digitais, de forma independente e com os testes necessários para sua aplicação.

 “A entrada da SciELO na rede marcou uma nova fase de colaborações com instituições parceiras, que já podem desenvolver suas próprias sub redes de preservação digital e preservar em locais selecionados por elas. O número de revistas brasileiras é considerável e todas elas poderão usar o mesmo sistema distribuído (LOCKSS) nos países que possuem coleções SciELO”, explica Márdero Arellano.

A Rede Cariniana também atua de forma colaborativa com seus membros para a troca de conhecimento técnico e no desenvolvimento de pesquisa sobre preservação digital. “A rede Cariniana tem a autoridade do Ibict e conta com equipe especializada. Além de acumular conhecimento e infraestrutura, a Carianiana representa uma solução sustentável técnica e financeiramente. Vale também destacar que o apoio profissional e generoso da equipe do Ibict foi determinante para o avanço do nosso conhecimento no que tange a preservação e os meios de alcançá-la”, finaliza Rondineli Saad.

 

Carolina Cunha

Núcleo de Comunicação Social do Ibict 

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