Por Priscilla Borges
Da equipe do Correio
Dá para imaginar um adolescente que não se conecta à internet com freqüência ou não faz pesquisas na rede mundial de computadores para concluir um trabalho escolar? Que não sabe ligar um computador? Diante de um mundo tão globalizado, fica difícil acreditar que isso ainda existe. Mas a realidade é essa mesmo. Há milhões de jovens em todo o país que concluem a educação básica sem ter tido a oportunidade de utilizar computadores no processo de ensino-aprendizagem.
Apesar dessa triste realidade, o Programa Nacional de Informática nas Escolas (ProInfo), responsável por levar tecnologias aos colégios públicos, será tema de selo de comemoração da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. É que, agora, o Ministério da Educação decidiu se empenhar para garantir que a proposta do programa — de fazer a inclusão digital em todo o país — saia do papel. A Secretaria de Educação a Distância anunciou a distribuição de 75.600 computadores, que garantiriam a criação de laboratórios de informática em todas as escolas de ensino médio brasileiras.
A verdade é que, depois de 10 anos de existência, o ProInfo está longe de alcançar a meta de instalar laboratórios de informática em todas as escolas públicas brasileiras. Durante cinco anos (entre 1999 e 2003), nenhum computador foi distribuído para os colégios. Atualmente, 6,5 milhões de estudantes são beneficiados com o projeto, mas a educação básica possui mais de 48 milhões de alunos matriculados, de acordo com o Censo Escolar 2006. Isso significa que 16 mil já foram beneficiadas (outras 8 mil estarão no programa até o fim do semestre), mas o país possui 168 mil colégios.
A dificuldade é que as escolas que receberam as máquinas no começo do programa já sofrem com a defasagem dos equipamentos, peças quebradas e falta de manutenção. Será preciso investir paralelamente na atualização desses computadores. Já existem recursos definidos para isso e virão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Além disso, é preciso oferecer a professores e diretores conteúdo digital.
“Muitas escolas públicas têm computadores, mas poucas os utilizam em atividades pedagógicas. Ficam restritos ao acesso da internet como fonte de informação”, destaca Sérgio do Amaral, coordenador do laboratório de novas tecnologias aplicadas à educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para Valdir Moisinho, coordenador do ProInfo no DF, o uso das tecnologias em sala de aula é um caminho sem volta. “Mas as metodologias precisam agregar valor ao projeto pedagógico da escola”, reforça.
No Distrito Federal, 190 das 615 escolas da rede pública estão no programa e, dessas, somente 96 possuem acesso à internet. Do montante de escolas beneficiadas em Brasília, apenas 36 são de ensino médio. Ao todo, 41 colégios dessa etapa da educação básica esperam o atendimento pelo ProInfo ainda neste semestre. Depois das escolas de ensino médio, os alvos do ministério serão as escolas rurais e as de ensino fundamental que atendem a alunos de 5ª a 8ª séries.
*Benefícios*
Uma escola da área rural de Planaltina se destaca entre as demais. O Centro Educacional Várzeas possui dois laboratórios de informática (com acesso à internet via satélite) montados pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) desde 2004. Os alunos Washington Pires, 17, Tatiane Rapashi, 15, Cleidiano Anselmo, 16, Welinton de Sousa, 17, Janaína Carvalho, 19, Bruno Costa, 15, Iago Passos, 13, e Maria Regina Santos, 17, comemoram a chance de fazer pesquisas e aprender ferramentas de informática. “A informática muda nossa maneira de aprender, pensar e interagir”, defende Welinton.
No Centro Educacional 2 do Guará, onde o laboratório de informática foi instalado no ano passado, alguns alunos participaram de um treinamento da Microsoft para se tornarem monitores de informática na escola. Thamires Rezende, 17 anos, Ângelo Luã Gomes, 15, Pedro Henrique Barbosa, 17, e Jéssica Maciel, 16, se sentem contentes de contribuírem para diminuir a exclusão digital. “Aprendemos muita coisa e teremos a chance de ensinar tudo aos colegas. Acho que podemos melhorar o rendimento acadêmico de todos com as ferramentas tecnológicas”, ressalta Thamires.
Data da Notícia: 05/03/2007 16:20
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