A sociedade da informação está limitada a um avanço de novas técnicas devotadas para guardar, recuperar e transferir a informação. A sociedade da informação também agrega as redes de informação, que são conformações com vigor dinâmico para uma ação de geração de conhecimento. A sociedade em rede permite partilhar o saber para se ter uma sociedade do conhecimento compartilhada, porque cada indivíduo entra no universo tecnológico das redes interligadas trazendo sua cultura, suas memórias cognitivas e sua odisséia particular.
As redes de distribuição de saber, começando com as enciclopédias, procuram organizar o conhecimento, mesmo considerando que na enciclopédia a codificação se dá em universos particulares de linguagem. De uma representação enciclopédica nunca se extrai uma revelação definitiva do conhecimento ou sua exibição global. Na introdução da sua enciclopédia, D´Alembert indica que “o sistema geral das ciências e das artes é uma espécie de labirinto de caminho tortuoso que o espírito enfrenta sem bem conhecer a estrada a seguir”. Contudo, é na enciclopédia que se configura bem o sentido de rede de conhecimento distributivo. Em uma rede, cada ponto pode ter conexão com qualquer outro ponto. Não é possível ligá-los por um fio seqüencial.
Os trechos mencionados fazem parte do capítulo “Uma História da Ciência da Informação”, por Aldo de Albuquerque Barreto, funcionário do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), no livro recém-lançado Para Entender a Ciência da Informação. A obra, com 239 páginas, foi organizada por Lídia Maria Batista Brandão Toutain e editada pela editora da Universidade Federal da Bahia.
Entre os autores, dez no total, Hélio Kuramoto, doutor em ciência da informação e coordenador-geral de Pesquisa e Manutenção de Produtos Consolidados do Ibict, fala, em seu artigo, do Acesso Livre, Um Caso de Soberania Nacional. Segundo ele, a informação científica é um insumo crucial para o desenvolvimento científico e tecnológico de um país. “Esse insumo é resultado das pesquisas e estudos realizados pelos pesquisadores, cujos estudos são, em sua maioria, financiados pelo setor público”, escreve Kuramoto.
Em seu capítulo do livro, Kuramoto discorre sobre a origem da informação científica, o surgimento de um ranking de revistas científicas, as dificuldades de acesso à informação científica e um novo paradigma para a comunicação científica. Também indaga sobre o porquê dessa política. Com relação a esse último item, o do motivo dessa política, Kuramoto explica que diversos estudos estão sendo realizados com o propósito de comparar o fator de impacto de artigos em regime de acesso livre com relação aqueles que não o são. O autor menciona ainda Stevan & Brody (2004), que indicam que “a maneira de comparar o impacto do acesso livre é não comparar os fatores de impacto de publicações científica de acesso livre com aquelas que não são de acesso livre, mas, sim, comparar o fator de impacto dos artigos de acesso livre com aqueles que não são de acesso livre”.
Em suas considerações finais, Kuramoto diz que “o modelo tecnológico que se apresenta como suporte as ações do movimento de livre acesso ao conhecimento científico é o de arquivos abertos (open archives). Ele salienta que a implantação desse modelo proporcionará, além da sustentabilidade ao desenvolvimento científico dos países, em particular nos países em desenvolvimento e em países não desenvolvidos, os seguintes resultados: maximização da visibilidade das pesquisas científicas; internacionalização da informação científica produzida localmente; maior compartilhamento do conhecimento científico; redução da exclusão cognitiva; redução das desigualdades sociais.
Vale a pena conferir o volume Para Entender a Ciência da Informação que integra a Coleção Sala de Aula, produzida pela editora da Universidade Federal da Bahia. Os artigos apresentados na obra que aborda a prática social da ciência da informação, sua abrangência e complexidade visam a estimular o debate crítico necessário no campo da ciência da informação, além de levantar questões instigantes para a promoção de novos debates. A primeira parte do livro focaliza a história e as teorias da ciência da informação. A segunda trata da organização do conhecimento e sua relação com a informação, e a última parte discute sobre a prática social da ciência da informação. Também aborda os processos de produção, tratamento e disseminação da informação.
Mais informações sobre o livro podem ser adquiridas pelo e-mail edufba@ufba.br ou pelo telefone (071) 3283-6164.
Por Daniela Cunha
Assessoria de Comunicação Social do Ibict
07/04/2008
Data da Notícia: 16/07/2008 16:58
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