Um novo anúncio sobre o desmatamento na Amazônia feito pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), fez soar um novo alerta sobre a devastação da região. A instituição, baseando-se em imagens de satélites, mostrou que nos últimos três meses do ano de 2007, depois de um período de desaceleração do desmatamento, entre julho de 2006 e julho de 2007, a derrubada da floresta voltou a ser acelerada.
É importante que a opinião pública saiba que o INPE é uma instituição extremamente respeitada e com credibilidade mundial e, que desde 1988, vem monitorando e informando as taxas de desflorestamento da Amazônia Legal via satélite.
As estimativas produzidas sempre foram respeitadas e vem ajudando em muito nas tomadas de decisões para que os desmatamentos e as queimadas sejam contidos por meio de ações coordenadas pelo Ministério do Meio ambiente - MMA, pelo IBAMA e por outras instituições.
As informações fornecidas pelo INPE, além de mostrar em tempo real as taxas de desmatamento, fornecem os locais que os mesmos ocorrem, de forma precisa, por meio do geo-referenciamento, permitindo maior orientação e eficiência da fiscalização e a construção de banco de dados sobre a evolução do desflorestamento da região.
Informações estas, fundamentais para o estabelecimento de políticas públicas que visem promover o desenvolvimento sustentável da região. Porém, as mesmas, de forma inédita foram contestadas por algumas autoridades dos estados com maiores taxas de desmatamentos evidenciadas no trimestre final de 2007, sem nenhuma razão técnica, em nosso entender.
O que preocupa, pois ao se colocar sob suspeição o trabalho de uma instituição como o INPE, respeitada em todo o mundo, desqualifica-a de um papel construído com muito trabalho e competência, após anos de contribuições ao monitoramento da Amazônia, o que a levou a ter credibilidade internacional. E, por esta razão este monitoramento vem sendo solicitado que seja estendido a outras partes do mundo.
O fato, é que, ano após ano a Amazônia está sendo devastada e, ao invés de se discutir como tomar as medidas para conter isto, está se tentando desqualificar quem levanta as informações e mostra a realidade, com conhecimento, competência e história para se respaldar. O que não contribui em nada para sanar o problema e, pior, coloca em xeque tudo que foi feito até então e o que se fizer no futuro.
A discussão precisa tomar o rumo certo, ou seja, precisa-se estabelecer como meta o desmatamento ilegal zero da Amazônia. Pois, além do papel sócio-ambiental imprescindível da floresta, as riquezas contidas em sua biodiversidade e nas suas áreas de influência, muitas das quais ainda não se conhecem, poderão ser muitíssimas mais valiosas em futuro breve, a começar pelos recursos genéticos e hídricos, que a pecuária e as extrações ilegais de madeiras, que hoje avançam sobre a mesma. E, que tem como conseqüência o desmatamento acelerado da região.
Além disso, existem milhões de hectares de terras no Centro-Sul do País degradadas e subutilizadas que poderiam ser aproveitadas, pois já há tecnologias para recuperá-las e estão mais próximas dos centros consumidores e dos portos.
O que deve levar os governantes a terem clareza de suas responsabilidades, que no caso amazônico, deve significar: atenção especial para que as políticas agropecuárias, a regularização fundiária e os assentamentos humanos se dêem em bases sustentáveis; e, que a fiscalização das florestas que precisam legalmente ser preservadas, seja feita sem pressões políticas.
Por isso, não se pode continuar brincando com a história, caso contrário, no futuro se pagará um preço muito elevado por não se ter tido a coragem de fazer o que deveria ter sido feito na hora certa: melindrar interesses e, entender que com o futuro não se pode fazer política ou concessões.
Publicado por Luiz Fernando Schettino
Data da Notícia: 08/02/2008 14:20
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