Comunicação Social: Quais foram as principais novidades apresentadas no evento?
Ramón Fonseca: Com relação ao software desenvolvido pelo PKP, a novidade é a criação da Biblioteca PKP que agrega todo o conjunto de código compartilhado entre todos os sistemas distribuídos. Isso reduz o tamanho do software de maneira geral e, no futuro, permitirá agregar, em um único sistema, as funcionalidades do Open Conferende Systems (OCS), Open Journal Systems (OJS), PKP Harvester, Open Monograph Press (OMP) e o Lemon8-XML (L8XML). Com relação às publicações eletrônicas, discutiu-se a dicotomia entre a qualidade que o periódico oferece ao artigo e o impacto significativo causado pela demora em publicá-lo. Conforme os relatos, o periódico está perdendo a importância em algumas áreas do conhecimento. Isso ocorre, porque os produtores da informação fazem uso constante de blogs e do Twitter para divulgar mais rapidamente o resultado de seus trabalhos. Também se discutiu a necessidade de criar um modelo de negócios para a filosofia do Acesso Livre. Na sessão de abertura, o coordenador do projeto PKP, John Willinsky, discursou sobre a Propriedade Intelectual do Aprendizado, definindo o conceito de "propriedade intelectual" de um professor/pesquisador como sendo diferente do conceito da "propriedade intelectual/individual" de um músico, ou autor de um livro comercial. A propriedade intelectual da educação é um direito de todos e novas formas de compartilhar e experimentar a colaboração devem ser buscadas para confirmar que o Acesso Livre é um modelo válido, mesmo com o custo da produção científica.
Comunicação Social: Você citou como um dos pontos fortes do evento a apresentação do software Lemon-8 XML (L8XML). Onde ele é inovador?
Ramón Fonseca: O L8XML será um divisor de águas ainda maior que o OJS, pois facilitará não somente a produção e publicação de artigos a custos baixos, mas poderá ser usado para converter documentos de qualquer natureza para XML, preferencialmente a partir do formato ODT, do OpenOffice, e permitir sua marcação e evolução, tornando-o um "documento inteligente". Com ele é possível extrair de forma rápida, eficiente e automática, com possibilidade de correção manual, dados como autores, citações, imagens, instituições, entre outros. As citações são verificadas em bases de dados na Web, e se existirem, o L8XML trará outras informações para complementar a citação e eliminar ambiguidades. Ele utiliza o padrão de artigo da National Library of Medicine (NLM), que pode ser customizado de acordo com a necessidade, para qualquer tipo de artigo técnico-científico. O documento em Extensible Markup Language (XML) criado pode ser "exportado" para qualquer outro formato, principalmente PDF e HTML, de forma automática,o que reduz os custos e o tempo de publicação de periódicos e pode ser usado para qualquer outro fim semelhante, como automatizar a produção de documentos oficiais a partir de sistemas Web. Técnicos que atuam com o PKP perceberam que o documento possui todas as informações necessárias para sua indexação, sendo desnecessário forçar sua indexação manual. Paralelamente, um periódico deve possuir todas as informações necessárias para sua indexação, validação e qualificação. Para tanto, seria necessária a criação de um formato específico para coleta, via Open Achives Initiative Protocol for Metadata Harvesting (OAI-PMH). No entanto, é essencial que o processo de avaliação seja mais ágil e que os periódicos utilizem outros recursos, como publicação de Drafts, para permitir visibilidade imediata de seu conteúdo. O L8XML promete agilizar e automatizar parte desse processo.
Comunicação Social: Pela segunda vez consecutiva, você ministrou palestra a respeito das iniciativas de acesso livre realizadas pelo Ibict. Como foi a sua apresentação?
Ramón Fonseca: No primeiro congresso, a apresentação focou nos quatro primeiros anos do projeto SEER, tratando do repasse tecnológico, suporte à comunidade e o sucesso do sistema OJS na comunidade brasileira. Para este congresso, foram apresentadas outras iniciativas que não possuem o "selo" Acesso Livre, mas trabalham com inclusão social ou divulgação científica. Além disso, foi mostrado o leque de serviços de informação que o IBICT oferece à comunidade científica.
Cláudia Mohn
Equipe de Comunicação Social do IBICT
Data da Notícia: 31/07/2009 11:33
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