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Sexta, 20 Março 2009 11:10

Diretor do Ibict faz balanço de sua gestão

Emir Suaiden comenta sobre as ações desenvolvidas em várias frentes de atuação, durante os quatro anos na direção do instituto, como a inclusão digital, o acesso livre ao conhecimento e o ensino e a pesquisa em ciência da informação

1) Qual o balanço que o senhor faz a respeito dos projetos do Instituto durante os quatro anos de sua gestão na direção do IBICT?

Nos últimos anos, houve considerável mudança na atuação do Ibict. Durante muitos anos, o Instituto era conhecido como uma organização que disponibilizava informação. Com o passar do tempo, o Ibict foi à frente.

Hoje, além de disponibilizar informação, o instituto é uma entidade muito forte na produção científica brasileira. Por quê? Porque em pouco tempo, com o emprego de instrumentos de informação, como o sistema de editoração de revistas eletrônicas, foram criadas mais de 500 revistas no Brasil, temos a 2ª maior Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do mundo e ocupamos o 5º lugar em número de repositórios digitais. Então, além de proporcionar o acesso à informação, o Ibict passa a dar visibilidade à produção científica, construindo fontes informacionais.

Outra questão importante, que representa mudança muito significativa, é em relação ao usuário dos serviços e produtos do Ibict. Há muitos anos, o grande cliente era o aluno de pós-graduação. Hoje, graças à diversificação dos projetos, nós estamos atendendo a diversas entidades, como a FUNAI, o Estado Maior do Exército, o Fórum dos Secretários de Ciência e Tecnologia, as Fundações de Apoio à Pesquisa, as universidades brasileiras, além de inúmeros estados da federação com o programa de inclusão digital.

2) Quais as ações mais significativas que marcaram sua gestão?

A ação mais significativa está na transferência de tecnologia. Estamos trazendo e disseminando muitas tecnologias que não existiam no Brasil. Buscamos pacotes de soluções tecnológicas do Canadá, dos EUA, da Europa, adaptando-as para as necessidades brasileiras e, ao mesmo tempo, transferindo estas tecnologias para os países da América Latina e do Caribe.

Outra atividade inovadora e importante foi o Ibict começar a trabalhar à questão da inclusão digital para a inclusão social. Por quê? Porque a inclusão digital no Brasil tinha um custo muito alto e nós começamos a trabalhar com o diagnóstico da realidade brasileira, para levantar os pontos, para trabalhar com benchmarketing, e hoje muitas prefeituras estão se utilizando desse trabalho.

3) O senhor destacaria alguma ação em especial como a menina dos olhos de sua gestão?

Com certeza, o programa de inclusão. A Biblioteca Nacional de Brasília, concebida estruturalmente pelo Ibict em parceria com a RNP com uma concepção de inclusão digital, atende diretamente às populações menos favorecidas e é um dos grandes exemplos de que investir em inclusão digital promove a inclusão social. Com a BNB, o Ibict começou a mostrar que, se as pessoas tiverem maior acesso às tecnologias nas bibliotecas, elas podem ter maiores chances de emprego e renda. Por isso, vejo como a grande vantagem da inclusão digital a possibilidade de se dar oportunidades às populações mais carentes.

4) Quais as maiores dificuldades encontradas durante estes quatro anos? E junto com esta questão, como o senhor compara a situação encontrada na sua chegada ao Ibict com a situação atual?

Quando eu elaborei o Plano de Gestão para me candidatar ao cargo de direção do Ibict, achei que recursos financeiros não seriam problema. E hoje o Ibict é uma das poucas unidades de pesquisa que tem mais de dez projetos aprovados só na FINEP. Então, o grande problema que realmente enfrentei foi a questão dos conflitos internos. Isso para mim decorre da falta de amadurecimento na casa. Claro que é importante frisar que, no início, os conflitos eram muito constantes e, hoje, são muitos raros, embora ainda continuem.

5) A criação, pelo senhor, do setor da Qualidade de Vida veio a ajudar em muito a diminuir os conflitos na casa. O senhor concorda com isso?

Este é outro aspecto muito importante. O que existia em termos de qualidade de vida há quatro anos, quando eu iniciei minha gestão? Quase nada. Hoje você tem uma equipe de dentistas, médicos, fisioterapeutas, além de outros profissionais, e conseguimos captar muitos recursos para a área. Os resultados são impressionantes.

Isso tudo mostra que o problema não é falta de disposição nem falta de dinheiro. Falta, às vezes, bom senso e pessoas que vistam a camisa do Ibict para levar a sua missão à frente.

6) As rápidas mudanças tecnológicas da sociedade da informação facilitaram ou trouxeram empecilhos para o IBICT?

Tradicionalmente, o Brasil sempre foi pouco desenvolvido na área da informação tecnológica. Ele se desenvolveu na área da informação científica, mas na área da informação tecnológica o grande exemplo até hoje é o México.

O que tem sido feito nesta área? Temos hoje um banco de talentos no Ibict, um cadastro importante, que detecta o avanço da tecnologia em outros países, principalmente tecnologias relacionadas à produção científica, ao acesso livre ao conhecimento etc. E o que estamos fazendo? Trazendo e adaptando essas tecnologias para o Brasil e passando para os estados da federação. Por exemplo, o projeto de Avaliação do Ciclo de Vidas dos Produtos (AVC). Nasceu de um acordo com o governo da Suíça, depois com o governo da Itália e da França. Essa cooperação trouxe novas tecnologias para o país e trabalhamos em conjunto com equipes da UNB, da USP e da TECPAR, transferindo tecnologias que não existiam no Brasil.

A missão do Ibict é, portanto, trazer estas tecnologias mais desenvolvidas e disseminá-las pelo território brasileiro e, se possível, pelo território ibero-americano.

7) O Ibict trabalha diretamente com a comunidade científica e tecnológica. O que foi feito objetivamente para fomentar a relação do instituto com o mundo da ciência e da tecnologia no Brasil?

Temos alguns indicadores importantes sobre esta questão. Em primeiro lugar, o Ibict faz parte da agenda não só do Ministro da Ciência e Tecnologia, mas também dos secretários estaduais de Ciência e Tecnologia. Por exemplo, marcamos para os próximos dias a visita de uma equipe de técnicos do Ibict ao Estado de Tocantins para fazer transferência de tecnologias, implantar bibliotecas digitais, implantar programas de inclusão digital para a inclusão social, programas de periódicos eletrônicos....

Estamos, assim, claramente na agenda dos estados. Antes, havia concentração das ações do Ibict com o governo federal. Hoje, os estados estão demandando cada vez mais a atuação do Ibict.

8) Ao completar 55 anos, o IBICT é reconhecido nacional e internacionalmente, e um dos fatores desse reconhecimento é a cooperação internacional que está sendo realizada em sua gestão. Como avalia esta frente de atuação?

O que se desenvolveu bem, principalmente nos últimos meses, é a cooperação do Ibict com a Comunidade Européia. Estamos para firmar um amplo convênio, e o Ibict irá atuar como pólo de implantação e disseminação de tecnologias para toda a América Latina. São recursos expressivos envolvidos, e a ação é muito abrangente. Em relação aos EUA, estamos com diversos convênios, sendo um deles com as bibliotecas digitais norte-americanas. Com isso, o usuário brasileiro tem acesso a um dos maiores acervos do mundo.

Na América Latina, somente Cuba é quem tem uma instituição similar ao Ibict, que é o Idict. Estamos, entretanto, estabelecendo novos convênios com Peru, Panamá, Argentina, Colômbia, transferindo as tecnologias do Ibict para esses países. A extensa cooperação internacional está, portanto, crescendo muito. Temos hoje uma demanda de convênios e isso está fazendo o Ibict crescer muito no cenário internacional.

9) Não podemos esquecer que na sua gestão o Ibict foi indicado pelo ministro da Ciência e Tecnologia para ser Secretário-Executivo do IFAP. Como o senhor analisa isto?

É outra questão importante. O IFAP não tinha representação no Brasil. O Brasil estava fora do mapa mundial da informação para todos. Por meio de uma portaria do ministro, indicando o Ibict para o IFAP, fizemos uma proposta à Unesco, apresentamos uma proposta de implantação do IFAP no Brasil, e hoje o IFAP que se faz no Brasil está sendo quase um benchmarketing para outros países.

10) Atualmente, o IBICT possui o projeto de Inclusão Social e Digital a pleno vapor. Como o senhor avalia esta ação?

O Programa de Inclusão Digital começou quando eu tomei posse no Ibict. Começamos inicialmente com a criação da revista da Inclusão Social, em parceria com a OIT.

Nossa meta sempre foi disseminar informação não só para os pesquisadores, mas também para todos os cidadãos. Informação utilitária. Informação para que as pessoas possam resolver os seus problemas cotidianos. Isso é de uma importância muito significativa porque trouxemos para o Ibict algumas tecnologias desenvolvidas na UnB, e hoje nós temos um repertório muito vasto de experiências. Capacitamos mais de 5 mil pessoas carentes nesse processo.

A inclusão digital é, além de tudo, um trabalho social que está ajudando a reduzir ou até mesmo eliminar a violência urbana. As pessoas precisam de oportunidade para ter emprego. Nosso processo capacita e habilita as pessoas a trabalhar com tecnologias e ter melhores condições de empregabilidade.

11) Existe um novo projeto de alfabetização informacional. O que ele objetiva?

Esse projeto, que os norte-americanos chamam de competência informacional, é muito importante. Por que ele é importante? Porque ele parte exatamente da ciência da informação e nós temos uma metodologia própria de implantar este serviço. Na realidade brasileira, a pesquisa sempre foi muito desvalorizada. No ensino médio nacional, o que se chama de pesquisa é quem copia enciclopédia e dicionário. Se uma pessoa continuar ao longo de sua vida com esta mentalidade, entrará no computador e sempre fará o Control C (copiar) e Control V (colar).

Então, no Brasil, não existe uma tradição de formação de pesquisadores. É sempre um processo de cópia. Você não tem produção. Por isso, a alfabetização informacional fará com que as pessoas dêem os passos certos para entender qual informação é necessária, como se pode buscar essa informação, como se pode avaliar, inclusive discernindo a autoria e a qualidade da informação.

Vejo que somente uma verdadeira alfabetização informacional provocará a formação do investigador, principalmente na área da busca da informação. Para se ter uma idéia, o Brasil tem mais de 100 sites educacionais. Se a pessoa ficar dependente de um site destes, como é costume nos colégios brasileiros, nunca será um produtor de informação. Será sempre dependente da informação.

O foco da alfabetização informacional é, assim, desenvolver a autonomia intelectual e o senso critico, possibilitando que os jovens brasileiros tornem-se produtores de informação e deixem de ser agentes passivos e dependentes da informação produzida por outros.

12) As ações de acesso livre ao conhecimento levaram o Brasil à vanguarda no cenário internacional em número de revistas eletrônicas, repositórios institucionais e bibliotecas digitais. Este é um dos caminhos do futuro para o IBICT?

O Ibict pode se orgulhar muito dessa área de atuação. Fomos os primeiros latinos a assinar a Declaração de Berlim e fizemos uma proposta para que o Brasil pudesse participar do novo universo científico aberto. Porque quem pensa que o acesso livre já está garantido está enganado. Existem complicadores significativos. Existem publicações importantes, de agências de fomento, que ainda não estão disponibilizadas para todos.

13) Como o senhor analisa nossa área de pesquisa e ensino? A abertura do pós-doutorado é a maior conquista?

É uma frente importante. Estamos trabalhando novamente com um programa em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tivemos nosso projeto aprovado pela Capes, que permitiu que abríssemos vagas para especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Nosso programa de pós-graduação é o primeiro programa latino-americano em ciência da informação e se tornou um modelo para a América Latina. Nosso corpo docente é muito qualificado e está sendo reforçado agora com a contratação de novos professores. Além disso, o programa está fazendo intercâmbio internacional, recebendo professores e pesquisadores.

Minha avaliação é que este programa permite que possamos dar uma formação adequada aos pesquisadores da área da ciência da informação no Brasil.

Assessoria de Comunicação Social do Ibict

(61) 3217-6369

20.03.09

 

Data da Notícia: 20/03/2009 14:33

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