O número 2 da Revista “P2P & Inovação” analisa o cenário contemporâneo sobre produção colaborativa entre pares a partir de reflexões de investigadores nacionais e internacionais. O periódico é uma publicação semestral do Grupo de Pesquisa Economias Colaborativas e Produção P2P no Brasil, do IBICT.
O artigo “The end of Capitalism and the Return of Koinonía”, de Fernando Suárez Müller (University of Humanistic Studies of Utrecht), apresenta uma base teórica sobre sociedade organizada a partir de comunidades, de Hegel, contrapondo-se às concepções marxistas e a relação com o conceito de koinonia, de Platão e do Cristianismo. “A concepção hegeliana de um sistema parlamentar baseado tanto na economia participativa como em comunidades autônomas, e não indivíduos, propõe reconciliar os interesses privados e públicos, o que não é possível na concepção marxista, mas é aproximada de atuais movimentos que buscam modelos alternativos para o capitalismo”, destaca o autor.
“The (A)Political Economy of Bitcoin”, de Vasilis Kostakis (Tallinn University of Technology, Estonia) e de Chris Giotitsas (P2P Lab, Ioannina, Greece) analisa a economia política da Bitcoin. “Em vez de fornecer respostas e soluções pragmáticas para os pontos de vista atuais sobre a crise financeira, Bitcoin fornece algumas perguntas úteis e oportunas sobre os princípios e as bases da economia política dominante”, registram os autores.
“Cultura a unir os povos”, de Célio Turino (historiador, escritor e gestor de políticas públicas) mostra a experiência de alguns países da América Latina com a implantação de Pontos de Cultura. “A partir de estímulo a diálogos com o governo em defesa da cultura, conclui-se que é necessário que o Estado faça para a Sociedade, mantenha bons equipamentos públicos e serviços de qualidade, mas é necessário também que o Estado faça com a sociedade”. Além disso, registra o autor: “Com mais redes, o Ponto de Cultura se articula, mais empoderado estará, tanto do ponto de vista social, econômico e político, como nos aspectos criativos e artísticos”.
“As instruções aos autores podem estimular o acesso aberto no Brasil?”, de Juliana Gonçalves Reis (Fundação Oswaldo Cruz), Helio Kuramoto (Universidade Federal de Minas Gerais), Pascal Aventurier (Institut National de la Recherche Agronomique. Centre PACA. Avinhão, França) e de Rodrigo Murtinho (Fundação Oswaldo Cruz) mostra o resultado de análises feitas sobre 93 instruções aos autores de periódicos de Ciências da Saúde da Coleção SciELO Brasil. “Observou-se que os periódicos estão disponíveis na Web, possuem ISSN Versão online, não contemplam informações divulgação em recursos digitais, refletem o modelo impresso em suas diretrizes, não informam sobre a disseminação da produção científica por meio de redes sociais, revistas secundárias e repositórios institucionais ou temáticos. A ausência de tais estímulos nas instruções aos autores não apoia as Políticas de Acesso Aberto”, concluíram os pesquisadores.
“Devenir pachamama del conocimiento”, de Xabier E. Barandiaran (University School of Social Work/ University of the Basque Country, España/ Instituto de Altos Estudios Nacionales, Quito, Ecuador) e de Daniel Vazquez (Instituto de Altos Estudios Nacionales, Quito, Ecuador) mostra o documento que vem sendo feito para o processo de colaboração e participação social (popular e institucional) e de especialistas que culminou em uma Cúpula produtiva. “Detalha-se o marco conceitual, econômico e filosófico do processo e do contexto histórico e econômico-cognitivo, os princípios organizativos que regerão o processo, as ferramentas digitais colaborativas e comunicativas e uma proposta de planejamento de todo o processo Cúpula”, destacam os autores.
“Flok Society en Ecuador 1.0: La transición hacia la economía social del conocimiento a pie de obra”, de David Vila Viñas (Buen Conocer / FLOK Society), analisa os processos, colaboradores envolvidos e repercussão da elaboração do projeto equatoriano FLOK Society _ Free Libre Open Knowledge Society “com vistas à construção de planos que visem reforçar a economia social do conhecimento social comum e aberto. Projeto ensejou a Cúpula do Bem Conhecer, em maio de 2014 em Quito, contando com diversos atores e instituições sociais”, destacou o autor.
O último artigo, “An assessment of the Flok Process and why the P2p Foundation will not use the Flok Brand in the future”, de Michel Bauwens, relata a experiência da implementação do processo P2P, de colaboração e compartilhamento de conhecimento, denominado FLOK (Free/Libre Open Knowledge) no Equador. De acordo com Bauwens, “o processo FLOK não deve ser implantado em futuros planos P2P, devendo-se considerar questões como contexto político e histórico do país nos próximos projetos”.
A revista “P2P & Inovação” trabalha com artigos, ensaios e relatos de experiências (originais e inéditos, nos idiomas português, espanhol e inglês) sobre produção colaborativa entre pares, analisando o caráter de inovação nos âmbitos cultural, social e político.
Para ter acesso ao conteúdo do periódico e enviar material para publicação, é só acessar http://revista.ibict.br/index.php/p2pinovacao/issue/view/133/showToc
Eula D.T.Cabral
Fonte: Editores da revista
Créditos da imagem: Capa da revista
Data da Notícia: 10/03/2015 16:05
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