A iniciativa tem duração prevista de dez anos e surge como resposta à Agenda de Desenvolvimento Sustentável da ONU
Quais são os impactos da ação humana nos oceanos? Estudos recentes revelaram que cerca de metade dos recifes de coral da Terra já desapareceram, e que aproximadamente 90% dos grandes peixes marinhos foram extintos. Mesmo em posse de dados tão alarmantes, pouco sabemos sobre o que acontece debaixo da superfície, como isso nos afeta e quais os caminhos para promover mudanças. Para responder a indagações como essas foi criado o programa Ciência do Mar, uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
O Seminário Marco Zero do Programa Ciência no Mar coroou o lançamento da iniciativa e tomou palco na tarde desta quarta-feira (4), no Auditório do MCTIC. Marcaram presença autoridades do Poder Executivo, da comunidade científica e do Exército, com ênfase na Marinha. A programação contou com uma série de palestras ministradas por diretores e membros de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) nas quais foram explorados os desdobramentos possíveis da iniciativa, assim como os seus impactos no desenvolvimento nacional e na capacidade de resposta do Estado em situações de crise.
Na mesa de abertura do evento, dividiram o microfone o Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, o Comandante da Marinha Brasileira, Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), João Luiz Filgueiras de Azevedo e o Secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas (Sefae-MCTIC), Marcelo Marcos Morales.
Em sua fala, o ministro frisou a importância do trabalho em rede para a prevenção e gestão de crises ambientais. “Não hesito antes de afirmar que o nosso futuro, enquanto nação, depende do desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Ao integrar recursos e pessoas, somos capazes de gerar um impacto que ultrapassa as fronteiras nacionais e se espalha pelo mundo”, disse Marcos Pontes. O ministro também deu destaque ao papel da comunidade científica na prevenção de crises, e apontou o programa Ciência no Mar como uma forma de integrar ações existentes, assim como fomentar novas.
Em sua apresentação, o Secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas do MCTIC, Marcelo Marcos Morales, apontou a adequação da iniciativa à Agenda de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), uma vez que o programa reúne ações que vão de 2019 a 2030 e focam na gestão do conhecimento para a preservação e uso dos recursos ambientais. Morales também dedicou agradecimentos ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), parceiro do projeto e responsável pelo desenvolvimento do portal do Ciência no Mar.
Assista ao vídeo da transmissão ao vivo do lançamento.
Parceria com o IBICT
Parceiro do programa Ciência no Mar, o Ibict cumpriu um papel essencial no lançamento da iniciativa, visto que desenvolveu e implementou o portal do programa, além de um mapa interativo.
Em sua atuação, o Instituto investiu em interatividade, como as nuvens de tags, criadas para cada Linha Temática da iniciativa. Populares na internet, as nuvens funcionam como maneiras de representar visualmente a importância atribuída pela opinião pública a cada tag, ou palavra-chave, com base na recorrência da sua publicação nas mídias sociais e em sites de notícias.
O mapa interativo, porém, foi a maior contribuição do Ibict. Implementado por meio do Sistema Aberto de Observatório para Visualização de Informações (Visão), um software desenvolvido pelo próprio instituto, o mapa funciona como uma ferramenta interativa e georreferenciada que disponibiliza informações oficiais produzidas por instituições públicas brasileiras em tempo real. Assim, a transparência em relação a indicadores como Economia, Trabalho e Renda, Educação, Turismo e Óleo no Litoral é garantida.
Sem mar, sem vida
“Não podemos negar que o programa Ciência no Mar começou devido a uma situação ruim, mas o dia de hoje prova que estamos prontos para recorrer à ciência como alternativa”, disse o ministro Marcos Pontes, na abertura do seu discurso no Seminário Marco Zero do Programa Ciência no Mar. A situação ruim à qual o ministro se refere foi o derramamento de óleo verificado em agosto de 2019, que se espalhou pelos nove Estados do Nordeste e pelo litoral Sudeste. O desastre ambiental de impacto ainda desconhecido funcionou como divisor de águas, porque apontou para a necessidade de investir em políticas públicas especializadas em gestão de risco e prevenção de desastres marítimos.
Com cerca de 12% da disponibilidade de água doce do planeta, o Brasil se torna diretamente afetado pela degradação dos oceanos. Por isso, somado aos esforços realizados pela Marinha Brasileira e à atuação dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) contemplados pela Ação Emergencial de suplementação, o programa Ciência no Mar surge como a ferramenta central de gestão da pesquisa brasileira em águas oceânicas.
Alinhado ao Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação para os Oceanos, o programa busca produzir e aplicar o conhecimento científico e tecnológico para atingir benefícios sociais, econômicos e ambientais. Ele se compromete, também, com o avanço da pesquisa oceânica nos cerca de 4,5 milhões de km² que compõem a costa brasileira.
Além de responder às demandas nacionais, o programa Ciência no Mar se alinha à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Trata-se de um movimento para construir uma estrutura de apoio universal às ações de gerenciamento sustentável dos oceanos, de forma que todos os países iriam tanto contribuir, quanto se beneficiar do desenvolvimento da pesquisa na área e das ações de preservação e recuperação.
Assista ao vídeo: https://youtu.be/mV5a094KBH4
Mariana Lozzi Teixeira
Coordenação de Articulação, Geração e Aplicação de Tecnologia do Ibict
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