Uma conversa com a professora Brasilina Passarelli marcou esta quinta-feira (12) no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). Brasilina é professora titular da Escola de Comunicação e Artes ECA/USP desde 2007, vice-diretora e coordenadora científica da Escola do Futuro, na USP, além de orientadora de mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM). Brasilina foi recebida por Cecília Leite, diretora do Instituto.
Brasilina Passarelli falou sobre o futuro - O agora e os desafios do contemporâneo hiperconectado nos currículos de graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação. Por meio desse tema, a ideia da professora foi provocar uma reflexão sobre os impactos sentidos em todas as áreas da atividade humana devido ao desenvolvimento das tecnologias nos últimos 40 anos. Entre outros assuntos, ela destacou o lançamento dos microcomputadores pessoais, ocorrido em 1984, a Internet das Coisas, a inteligência artificial e o Big Data, fazendo uma linha temporal até o ano de 2014.
“A revolução da internet chega ao Brasil em 1994. Há o desafio da transição da cultura do analógico para a cultura digital em todas as instâncias da vida terrestre. É a época da Cibercultura, da sociedade em rede, das plataformas digitais cooperativas de produção do conhecimento, com a desterritorialização e desintermediação, além da horizontalização das relações sociais, a implosão da dualidade emissor-receptor do século passado e o imediatismo gerado pela tecnologia”, destaca.
Como protagonistas dos grandes conglomerados de tecnologia, Brasilina cita o Google, a Amazon, a Apple, a Microsoft, a IBM e o Facebook. Ela menciona, ainda, termos como mobilidade, compartilhamento, cultura da convergência, cultura participatória, impermanência e modernidade líquida.
No que se refere ao aprofundamento da revolução da IoT, inteligência artificial e Big Data, Brasilina cita a hiperconectividade, a transliteracias, a terceira onda informacional, o império das mídias sociais, o novo conceito de self, as fake news, o open access, entre outros. No fim, ela menciona os desafios para a indústria da informação e ciência da informação. “São os grandes grupos editoriais de publicações científicas mudando foco das assinaturas das bases de dados e publicação de revistas científicas para a análise das informações publicadas.”
Em se tratando do ISchools Movement, que tem na Escola de Comunicações e Artes da USP sua primeira escola filiada na América Latina, a professora indica a necessidade de os currículos de Biblioteconomia e Ciência da informação formarem profissionais aptos a exercer funções em transliteracia, ciência de dados, curadoria digital, preservação digital, arquitetura de sistemas de informações, segurança de dados e pensamento computacional.
Cecília Leite encerrou a roda de conversas afirmando que o momento do Ibict é de dar um novo passo, discutindo ações e temas para o futuro da Ciência da Informação, uma vez que esta semana foi celebrado os 50 anos do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI).
Conheça um pouco mais sobre o Movimento ISchools
O movimento iSchool começou há várias décadas nos Estados Unidos, quando várias escolas que ofereciam diplomas em Biblioteconomia e Ciência da Informação perceberam que seus programas de ensino e pesquisa tinham capacidade para atingir um público mais amplo de estudantes e preparar profissionais para trabalhar além das bibliotecas .
O termo “profissional da informação” estava sendo usado para descrever pessoas que estavam trabalhando em ambientes emergentes da crescente economia da informação, tecnologia e conhecimento. A necessidade de pesquisas relacionadas ao crescente papel que a informação estava desempenhando na vida de pessoas, comunidades e instituições também era aparente.
As escolas originais no movimento da escola da informação (iSchool) previam uma necessidade crescente de escolas que respondessem a essas necessidades de pesquisa e às mudanças na sociedade e no local de trabalho. Eles começaram a contratar professores adicionais com conhecimentos relevantes e a desenvolver novos programas acadêmicos e de pesquisa.
De um pequeno grupo de escolas nos EUA, esse movimento agora inclui mais de 100 escolas de todas as partes do mundo. Em todas as regiões do mundo, os pesquisadores da iSchools estão concentrando sua atenção em melhorar a vida das pessoas, a produtividade das empresas, os ciclos de inovação das indústrias, o design de tecnologias, as políticas que governam o uso da tecnologia e da informação, serviços de informação às comunidades , e muito mais.
Daniela Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
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