A questão do descarte de resíduo domiciliar tem gerado uma série discussões desde a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a pandemia do novo coronavírus, levando entidades de meio ambiente, governadores e prefeitos a tomarem certas medidas de cautela durante este período.
A suspensão dos serviços de coleta seletiva, triagem de resíduos recicláveis e compostagem na região do Distrito Federal foi suspensa recentemente. A medida foi tomada de forma emergencial para resguardar a população de prontidão e diminuir a propagação da COVID-19. A coleta convencional continua normalmente.
A medida visa proteger os catadores de material reciclável das cooperativas contratadas pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU), tendo em vista que o material a ser manuseado pode estar contaminado, informa Juliana Gerhardt, uma das pesquisadoras do projeto Amazônia Legal sem Resíduo, que também conta com a participação de Adriana Oliveira, Luane Souza e Thiago Rodrigues.
O projeto é realizado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict/MCTIC) em parceira com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), vinculada ao Ministério da Saúde (MS), e incentiva a minimização da geração de resíduos sólidos e o fortalecimento da responsabilidade compartilhada dos gestores municipais e da sociedade civil na região amazônica, a fim de garantir saúde pública e qualidade ambiental.
Como forma de orientar as ações relativas à gestão de resíduos no período da pandemia, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) lançou um relatório com recomendações para garantir a proteção da saúde pública e de trabalhadores. De acordo com o relatório, os serviços de limpeza urbana devem ser intensificados nesse período, principalmente em locais de grande circulação e locais secos. “O ideal é que seja feita a limpeza frequente para evitar o espalhamento de contaminantes”, diz Adriana Oliveira.
Para Adriana, a suspensão da coleta seletiva implicará em um aumento da quantidade de resíduos dispostos em lixões e aterros sanitários. Assim, sugere-se que os serviços de coleta regular sejam continuados e de forma mais intensa, com atenção maior para os locais precários, onde o acesso dessa coleta é mais difícil de ser feito.
A quantidade de resíduos sólidos gerados irá aumentar, segundo Luane Souza. “Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) indicam aumento entre 15 a 25% para resíduos domiciliares, já que as pessoas estão mais tempo em casa, por conta do isolamento social. Dados da ABRELPE apontam que a geração de resíduos hospitalares em unidades de atendimento à saúde aumentará de 10 a 20 vezes, devido ao aumento de pacientes nas unidades”, diz a pesquisadora.
Vários infectologistas ressaltam que as pessoas que estejam doentes ou que têm suspeita de infecção pelo vírus, mantenham um cuidado ainda maior no descarte como, por exemplo, ter uma lixeira de uso exclusivo para a pessoa contaminada, usar sacos de lixo reforçados e que possam ser vedados, manuseá-los com luvas a serem descartadas posteriormente e higienizar as alças e as tampas das lixeiras frequentemente.
Por fim, caso encontre catadores de material reciclável próximos à sua moradia, poderá auxiliá-los dando informações sobre cuidados ao manusear os resíduos e fornecendo luvas e materiais de higiene para que eles possam se prevenir. “A sugestão é que as pessoas continuem a separar os resíduos como já faziam, para não perder o costume e facilitar o procedimento quando retornar o serviço de coleta seletiva. Além disso, é importante que esse momento de isolamento também possa servir para repensarmos velhos hábitos de consumo, e adquirir atitudes mais responsáveis e sustentáveis para com a sociedade e o planeta”, finaliza Juliana.
Lucas Guedes
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
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