O novo Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento de Novos Produtos do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Anderson Itaborahy, assumiu o cargo em meio à pandemia do coronavírus. Um momento de incertezas para o Brasil e o mundo. “Após o período mais crítico da pandemia, a sociedade precisará se reinventar. Não viveremos mais como vivíamos antes, certamente. Como iremos nos reinventar vai depender muito da informação que teremos e da nossa habilidade de aprender dela”, avalia o coordenador.
Itaborahy é mineiro de Juiz de Fora (MG). Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ele trilhou outros caminhos e se especializou em Tecnologia da Informação (TI). Hoje possui mais de 30 anos de experiência profissional em diferentes setores da área. “Atuei como desenvolvedor, analista de negócios e gestor. Trabalhei bastante com planejamento, gestão de projetos, organização e governança”, lembra.
Em Brasília, Itaborahy construiu uma sólida carreira no Banco do Brasil, tendo ocupado diversas funções na empresa como os cargos de Gerente Executivo de Projetos, Gerente Executivo de Governança de TI e Diretor de Tecnologia da Informação numa subsidiária do Banco.
Além da experiência no mercado, ele também atuou como docente em universidades particulares. Foi professor da disciplina Gestão de Projetos no curso de pós-graduação de Arquitetura Orientada a Serviços – SOA da Universidade Católica de Brasília (UCB) e lecionou Gestão de TI no curso de pós-graduação em Administração na Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Na área acadêmica, ele possui mestrado em Gestão do Conhecimento e TI pela UCB. Sua tese buscou avaliar o gerenciamento de projetos de software baseado no valor para o negócio. Atualmente, ele cursa o doutorado em Ciência da Informação na Universidade de Brasília (UnB).
Itaborahy realizou ainda cursos de especialização e pós-graduação em Análise de Sistemas (UFMG), Engenharia de Software (Poli/USP) e Administração Estratégica de Sistemas de Informação (FGV) e gestão (FGV).
Confira a entrevista com o novo Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento de Novos Produtos do Ibict.
Ibict: Como você enxerga o papel do Ibict para o desenvolvimento do Brasil?
Anderson Itaborahy: O Ibict é muito intimamente ligado à história da Ciência da Informação no Brasil. Não se entende um sem o outro. Quando de sua criação, o Instituto foi uma ideia de vanguarda muito interessante e vem produzindo muito pela Ciência da Informação.
Os tempos mudam, novos desafios surgem, e o Ibict tem que estar sempre evoluindo. Agora, quando vivemos a chamada Era da Informação, seu papel é ainda mais relevante. Há uma excelente janela de oportunidades por conta de uma real necessidade na sociedade, mais do que por projetos de eventuais governos. A sociedade precisa de instrumentos que a auxiliem no tratamento da informação existente. Que tornem essa informação disponível e acessível. Que ajudem cientistas, empresas, governos e pessoas a obter o conhecimento de que necessitam.
A trágica pandemia que enfrentamos hoje torna essa necessidade ainda mais flagrante e o Ibict tem respondido. Embora, acredito, ainda haja potencial para avançar bastante. E o Instituto está nesse caminho, enfrentando e superando as dificuldades que lhe são postas.
Ibict: Como esperar contribuir para o trabalho no Ibict?
Anderson Itaborahy: Eu vim para o Ibict para trabalhar na Coordenação de Pesquisa e Desenvolvimento de Novos Produtos. Temos ali diversos produtos, serviços e projetos. Muitos deles ligados a aplicação da informação em questões da atividade econômica, da sustentabilidade e do desenvolvimento tecnológico e social.
Eu espero poder ajudar o Instituto a avançar mais nos espaços onde já atua, mas, especialmente, nas questões da informação tecnológica. Acho isso fundamental para o desenvolvimento das diversas cadeias produtivas, o que traz reflexos diretos no desenvolvimento social e econômico e na redução de desigualdades. O Brasil precisa muito disso e precisará ainda mais conforme tenhamos que criar essa nova realidade após a pandemia.
Há muito espaço para identificar, organizar e tornar acessíveis informações tecnológicas, fazendo a ponte da ciência com a aplicação, o que pode transformar profundamente vários arranjos produtivos, proporcionando a geração de empregos e a criação de ocupações dignas. Isso pode também estimular e potencializar a capacidade de inovação, o que será absolutamente fundamental no caminho para uma nova sociedade, mais sustentável, mais equilibrada, mais digna.
Ibict: Qual é a sua visão sobre a área de Ciência da Informação hoje?
Anderson Itaborahy: A Ciência da Informação nasceu e evoluiu como uma resposta ao crescente volume de informações produzidas. Trabalhou inicialmente com foco em informação científica, mas logo essa necessidade chegou às organizações de diversos tipos e isso ampliou seu escopo.
O que vemos hoje é essa situação cada vez mais intensa. O ambiente é cada vez mais volátil, o volume de informações é cada vez maior e mais variado. Há cada vez mais o risco do que se pode chamar de paradoxo da plenitude, quando existe tanta informação que fica difícil tratá-la. O momento, então, torna muito necessária a Ciência da Informação, que se debruça sobre esse fenômeno e constrói modos de lidar com ele.
A TI é, ao mesmo tempo, consequência e resposta. Ela facilita a produção e distribuição de informações de forma quase inadministrável, mas também oferece ferramentas e meios de tratar esse grande volume. Mas a tecnologia não é resposta em si, é um instrumento. O fenômeno da informação deve ser compreendido adequadamente antes que se aplique tecnologia. Existem inúmeras ferramentas para tratar a informação, mas é fundamental saber fazer as perguntas certas e analisar as respostas obtidas. É preciso entender o problema que estamos resolvendo. Esse é nosso desafio.
Ibict: Você está no doutorado na UnB. Qual é o seu campo de pesquisa ou temas de interesse?
Anderson Itaborahy: No doutorado fiz várias disciplinas na área de gestão do conhecimento e inteligência competitiva, mas meu projeto de pesquisa está voltado a estudos de usuário, mais especificamente, ao comportamento informacional de indivíduos ou grupos na tomada de decisão estratégica.
Tenho grande curiosidade por compreender mais profundamente como as pessoas e organizações buscam, selecionam e interpretam a informação e como a utilizam no seu processo de decidir. Entendendo esse processo de decidir como a construção de novo conhecimento a partir de informações percebidas.
Mesmo hoje, com o grande volume de informações disponível, ou talvez até por isso, os processos de decisão, mesmo em organizações, não parecem ser tão racionais e consistentes quanto pretendem ser. Que dizer, então, das decisões individuais?
Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
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