Nesta quarta-feira (3), o pesquisador Gustavo Saldanha, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), conversou com o professor Geraldo Prado, professor aposentado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (Ibict-Ufrj) e fundador da Biblioteca comunitária do Paiaiá.
O bate-papo aconteceu no canal do Ibict no Youtube e teve como tema “Linguagem, Leitura e Transformação Social em Tempos de Crise”, colocando a leitura como um mecanismo de inclusão social no Brasil.
A Biblioteca do Paiaiá é localizada no povoado do município de Nova Soure, no sertão da Bahia, a quase 250 quilômetros de Salvador. Ela é considerada a maior biblioteca em comunidade rural do mundo. São 120 mil volumes em um lugarejo de 600 pessoas.
“Vivemos um período constante de crise. E a leitura sempre foi um mecanismo de transformação social muito forte. O projeto do Paiaiá é uma história particular conhecida no contexto mundial para esse tipo de luta social contra a desigualdade”, diz Gustavo Saldanha.
No bate-papo, Prado apresentou o histórico da construção da Biblioteca Comunitária do Paiaiá, construída em sua terra natal. No início, o professor alugou um casarão na comunidade. Depois, construiu um prédio de 3 andares, apelidado de “Empire State of Paiaiá”. Hoje o espaço é um importante ponto de apoio para alunos e professores locais.
O acervo inicial foi constituído por doações de outros estados e os primeiros livros vieram em caminhões e pelos correios. “O primeiro carregamento era de 12 mil livros”, lembra o professor. Um dos primeiros doadores foi Antônio Cândido, um dos principais intelectuais da história do Brasil.
Prado também abordou a importância de incentivo à leitura em comunidades e citou projetos bem-sucedidos pelo mundo. “O projeto de leitura de Medellín (na Colômbia) reduziu o índice de criminalidade naquele país”, diz o professor.
Saldanha ressaltou a importância do livro e de práticas de mediação de leitura no contexto da pandemia e do isolamento social. “A leitura como um aporte para a solidão, como um aporte para o controle emocional e mental dentro do confinamento. A leitura na experiência direta da biblioterapia”, acredita o pesquisador.
Geraldo Prado falou ainda sobre sua experiência na quarentena. Ele está confinado na biblioteca há 70 dias. A ideia era voltar para casa depois do carnaval, mas quando veio a pandemia, viajar ficou difícil. “Tinha fechado tudo e fiquei aqui até agora”, conta. Na quarentena, a rotina tem sido entre os livros. “Eu fico sempre com o livro. Quando não durmo, eu leio”.
Essa foi a primeira live do Ibict de uma série de bate-papos virtuais que o instituto planeja realizar nas próximas semanas.
A live pode ser assistida na íntegra no Youtube:
Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
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