No dia 15 de dezembro, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) realizou o Colóquio de Pós-Doutorado "Economia Circular - Uma análise crítica rumo à mudança de paradigma". O evento apresentou os resultados do estágio pós-doutoral da pesquisadora Rosaura Morais, sob a supervisão de Liz-Rejane Issberner, pesquisadora titular do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI-UFRJ/Ibict).
Além delas, o debate contou com a presença de especialistas que colocaram em perspectiva os desafios de uma transição industrial e informacional ante à crise ambiental. Participaram do debate Tiago Braga (coordenador-geral de Tecnologias da Informação e Informática do Ibict - CGTI) e os pesquisadores Patrícia Prado (Northumbria University) e Wladimir Motta (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, CEFET-RJ).Os pesquisadores convidados são membros do grupo de pesquisa EcoInfo, ligado ao Ibict.
Liz-Rejane Issberner iniciou a apresentação abordando a necessidade de se enfrentar a crise ambiental. “Se a gente pudesse apontar duas coisas que não podem faltar no enfrentamento a esses problemas seriam a transição energética e a mudança no modo de produzir e consumir. Nesse último ponto, podemos usar a ciência e a tecnologia para fazer o mesmo com menos recursos. No que se refere aos impactos gerados por grandes empresas, é importante dizer que esses impactos ainda são muito grandes. O modelo de produção circular tem como objetivo manter a produção de qualidade, diminuindo a quantidade de bens utilizados na produção. Ou seja, manter produtos componentes, materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor”, diz a professora.
Ao mostrar os resultados de sua pesquisa de pós-doutorado, Rosaura Morais apresentou um histórico sobre a questão do consumo sustentável e os limites de produção econômica no mundo. “O consumo causa um impacto e o problema dos resíduos. Esse modelo econômico linear é insustentável. Essa percepção fez com que se pensasse uma outra maneira de produzir. O modelo econômico circular se contrapõe a esse modelo linear, ele vai studar todas essas fases para poder melhorar e repensar esse modo de produzir”, conta a pesquisadora.
Ao analisar modelos de produção de economia circular, Morais conclui que o assunto representa uma mudança de paradigma e cita três alavancas para o desenvolvimento da economia circular: a inclusão social, a regulação pública e uma política industrial que coloque em foco a sustentabilidade.
Tiago Braga, do Ibict, avaliou que o movimento da economia circular é mundial e está crescente. “O movimento da economia circular tende a colocar o meio ambiente como um fator preponderante e principal nas relações sociais. Essa economia entende que é preciso seguir alguns preceitos para garantir que o mundo que a gente vive continue a existir”. Segundo Braga, o Brasil possui um papel de vanguarda nesse processo, com diversos atores como o setor produtivo, instituições governamentais e universidades.
Patrícia Prado falou sobre a percepção da economia circular a partir da necessidade de um novo modelo que se apresenta e quais são os desafios dessa abordagem inovadora. “Um dos principais desafios é tentar superar o trade off entre o atual modelo de desenvolvimento econômico e a crise ecológica que estamos passando”, disse a especialista. Ela ainda fez uma análise crítica, sobre até que ponto a economia circular cria oportunidades para as reduções dos danos esperados, não só pela visão industrial, mas pela sociedade como um todo.
Já Wladimir Motta lembrou que a economia circular é um guarda-chuva que engloba vários outros conceitos. Ele citou ainda a relação do assunto com os temas da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) e a Ecoinovação, além de abordar a importância de atividades que geram maior valor agregado ao produto. “A gente tem que entender que à medida que as propostas de economia circular são implementadas, teremos cada vez menos resíduos. De uma forma simples, propõe a maior utilização possível daquele recurso retirado da natureza, pelo maior tempo possível”, diz o pesquisador.
Assista ao Colóquio na íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=R86gK-a5Mek&t=200s
Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
Redes Sociais