O ano de 2020 representou inúmeros desafios em decorrência da pandemia do novo coronavírus. No setor produtivo, as pequenas empresas foram as mais afetadas. A Enterprise Europe Network (EEN) enfrentou esse cenário apostando na inovação e na cooperação internacional para garantir que empresas pudessem alcançar oportunidades. “Em um momento de incertezas, a tecnologia e a colaboração foram a chave para a resiliência, catalisação de mudanças e a geração de negócios”, acredita Márcio Canedo, coordenador da rede EEN Brasil.
A EEN é um programa da União Europeia que promove o crescimento de pequenos e médios negócios e apoia o processo de internacionalização de empresas no encontro de parceiros estratégicos. Mais de 60 países participam da rede. No Brasil, a rede é gerenciada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), unidade de pesquisa ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovações (MCTI).
Canedo fez um balanço positivo da atuação da rede EEN Brasil em 2020. “O ano passado representou a consolidação da rede no país, com novos parceiros estratégicos que fortalecem o consórcio, a capilaridade e o acesso de empresas brasileiras ao cenário internacional de investimentos e inovação”, diz Canedo.
No âmbito de instituições governamentais, Canedo destaca a participação no consórcio da Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
A rede também fortaleceu as parceiras com instituições do setor privado como a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação no Paraná (Assespro-Paraná), ABCasa (Associação Brasileira de Artigos para Casa, Decoração, Presentes, Utilidades Domésticas, Festas e Flores), Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), que representam empresas de todo o Brasil.
Apesar da crise, a pandemia trouxe oportunidades de crescimento. Em março, a EEN Brasil apoiou a EEN Catar na identificação de empresas brasileiras exportadoras de álcool para produção de álcool em gel para países árabes. Através de contatos com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Associação Brasileira do Açúcar e do Álcool, foi apresentada a proposta para mais de 25 produtores brasileiros. Uma farmacêutica do Catar fechou três contratos de distribuição e o produto começou a ser exportado em julho.
A pandemia também fez com que a EEN Brasil e a Swiss Innovation Agency (Innosuisse) realizassem uma chamada para a seleção de propostas de projetos de inovação entre empresas brasileiras e suíças para tecnologias voltadas para a prevenção do coronavírus, na qual duas empresas brasileiras enviaram propostas.
As chamadas de cooperação internacional voltadas para a inovação e P&D marcaram a atuação da rede em 2020. Em parceria com a Embrapii e a Apex-Brasil, a ENN Brasil realizou chamadas com agências de inovação da Suíça, Suécia e Israel, que também contaram com o apoio de escritórios da EEN na União Europeia.
Os editais estão inseridos no programa Techmakers, que apoia empresas e instituições de pesquisa com recursos para a elaboração de novos produtos e processos de inovadores voltados à aplicação no mercado. Quatro empresas participantes da ENN Brasil foram selecionadas na chamada da Suécia e uma na chamada com Israel. Elas vão desenvolver soluções em parcerias com institutos tecnológicos e universidades.
Outra frente de atuação foi a promoção de rodadas de negócios virtuais internacionais. A EEN Brasil foi co-organizadora de 16 eventos virtuais na plataforma digital B2Match. “Mais de 70 empresas brasileiras puderam apresentar seus produtos, projetos e serviços para outras empresas, universidades e órgãos governamentais”, lembra Canedo.
No início do ano, a EEN Brasil e a EEN Catalunha organizaram uma comitiva de empresas brasileiras para a Mobile World Conference, a maior feira de tecnologia do mundo. Mais de 50 startups foram recrutadas para participar. Em fevereiro, a versão presencial foi cancelada e o evento se tornou virtual. Assim, 100 empresas brasileiras participaram, num total de 650 encontros, que renderam contratos de distribuição e de joint venture entre os participantes. Outro destaque foi o evento Smart City 2020, que teve a EEN como um de seus organizadores. A EEN Brasil recrutou 24 empresas brasileiras para participar do maior evento mundial voltado para soluções de cidades inteligentes.
Perspectivas para 2021
A grande maioria das empresas brasileiras, sobretudo as de pequeno porte, não têm centros de pesquisa e desenvolvimento. Para 2021, a EEN Brasil pretende estimular a internacionalização de empresas brasileiras e o desenvolvimento de serviços e processos inovadores em áreas como Internet das Coisas, tecnologias industriais, mobilidade, eficiência energética e redução de resíduos. Para isso, vai realizar novas chamadas internacionais para o programa Techmakers com Israel, Suécia, Suíça, Canadá e Coreia do Sul.
A EEN também vai apoiar a organização de eventos estratégicos da Low Carbon Business Action, uma plataforma empresarial da União Europeia criada para promover a transição sustentável de empresas para uma economia circular e de baixo carbono.“Vamos apoiar a identificação de empresas verdes brasileiras e europeias para a participação de rodadas de negócios”, avalia Canedo.
Este ano, a LCBA vai priorizar os mercados do Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia e México, como os países da América Latina que mais oferecem demandas e oportunidades de crescimento através de tecnologias e soluções verdes em setores como agricultura, energia e transporte.
Diversos eventos estratégicos e rodadas de negócios internacionais também estão no radar. A EEN será co-organizadora de mais de 35 eventos virtuais como a Mobile World Conference, IoT Conference e a Agritechnica.
Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
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