A participação das mulheres na Ciência vem crescendo no Brasil e hoje elas já são maioria entre estudantes de doutorado e em muitas carreiras científicas. Em relação às publicações, mais de 70% dos artigos científicos são assinados por elas (dados da Organização dos Estados Ibero-americanos/2019). Quando as estatísticas apontam para posições de liderança na Ciência e na Tecnologia, no entanto, esses números ainda são relativamente baixos, à semelhança do que ocorre em outros setores da sociedade.
A trajetória de realizações e reconhecimento de sete atuais diretoras de Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) traz um bom contraponto para essa realidade. Para contar sua história e abordar questões pertinentes à sua vivência de mulheres pesquisadoras e gestoras de C&T, no Dia Internacional da Mulher, as diretoras do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) estarão reunidas no evento Mulheres na Liderança da C&T.
Transmitido pelo canal do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) no Youtube e compondo o calendário oficial de eventos dos 100 anos dessa unidade de pesquisa do MCTI, o evento poderá ser assistido no dia 8 de março, às 17h, no link https://www.youtube.com/watch?v=yl-caIn9u6A
Caminhos de sucesso
Pesquisadoras com doutorado, experiência de gestão e liderança em suas áreas, as atuais diretoras de Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) certamente têm histórias que podem inspirar as jovens que se decidem pelas carreiras científicas. Algumas conquistas delas são inéditas, outras abrem caminho para futuras pesquisadoras e desenvolvimento das suas áreas de conhecimento. Confira um pequeno resumo dessas histórias:
Cecilia Leite – diretora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict)
Em 2002, na reta final do seu doutorado em Ciência da informação, a então pesquisadora da Embrapa Informação Tecnológica, Cecilia Leite desenvolveu uma metodologia de inclusão digital para a inclusão social – a Escola Digital Integrada (EDI) – que foi o primeiro trabalho acadêmico da Universidade de Brasília a se transformar em Lei (nº 3275) do Governo do Distrito Federal. Essa metodologia foi reconhecida e premiada internacionalmente e Cecilia foi cedida ao MCTI para atuar como coordenadora geral de Pesquisa e Desenvolvimento de Novos Produtos do Ibict, unidade que passou a dirigir desde 2014.
Nesse período, Cecília Oliveira tornou-se também, entre 2015 e 2016, presidente da rede global de interoperabilidade de dados de Avaliação do Ciclo de vida (ACV), chefiada pela ONU Meio Ambiente. Também é membro da Rede Empresarial Brasileira de ACV e da rede Cariniana de Preservação Digital. Tem experiência na construção de soluções informacionais dos diversos campos do conhecimento e da gestão pública.
Iêda Caminha – diretora do Instituto Nacional de Tecnologia (INT)
Tendo iniciado no INT como técnica em química Industrial, há 45 anos, a engenheira Iêda Caminha construiu uma sólida carreira na área de Engenharia Metalúrgica e de Materiais. Em 2018, ela foi condecorada com a Medalha de Mérito ABM, concedida pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), o maior reconhecimento nacional a engenheiros desta área, pela primeira vez concedida a uma mulher na história da Associação que realizava a premiação desde o ano de 1944. Com mestrado e doutorado (2000), desde 1987 atua como pesquisadora da área de Materiais, com ênfase em Metalurgia Física/Caracterização de Materiais Metálicos, atuando em projetos de P&D e serviços tecnológicos no atual Laboratório de Caracterização de Propriedades Mecânicas e Microestruturais.
Diretora desde agosto de 2020, já atuou em vários cargos do Instituto, entre outros, diretora substituta e coordenadora das áreas de Negócios, Gestão Tecnológica e Engenharias. Exerceu ainda a Coordenação de Planejamento e Negócios da Unidade EMBRAPII INT. Em nível interinstitucional, foi também coordenadora de duas Redes Nacionais: a Rede Multicêntrica de Avaliação de Implantes Ortopédicos-REMATO (2008-2010) e a Rede SIBRATEC Produtos para a Saúde (2011-2015).
Giovanna Machado – diretora do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene)
Pesquisadora titular do Cetene/MCTI desde 2009 e diretora desde janeiro de 2020, a química Giovanna Machado é doutora em Ciência dos Materiais pela UFRGS, com pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), e tem pesquisas reconhecidas nacional e internacionalmente. Com grande produção acadêmica, é bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq nível 1C e membro do Conselho Acadêmico do CNPq em Química Orgânica. Foi Diretora da Divisão de Materiais em Química da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) no período 2018-2020.
Sua bem sucedida carreira como pesquisadora, no entanto, ganhou outra importância quando ela resolveu usar essa experiência para inspirar outras mulheres e meninas. Foi assim que em 2012 lançou o Programa Futuras Cientistas, visando a inclusão de alunas e professoras do Ensino Médio, de escolas públicas da região metropolitana do Recife (PE), nas atividades de pesquisa desenvolvidas pelo Cetene. O programa tem parceria com o MCTI, com as secretarias de Educação e da Mulher do Estado de Pernambuco e com o Consulado Geral dos Estados Unidos no Recife. Por meio do programa, além de despertar vocações de novas cientistas, as tecnologias desenvolvidas se voltam para os problemas sociais da população local e inspirar soluções para outras comunidades.
Antonia Franco - diretora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa)
Pesquisadora do Inpa/MCTI desde 2000, Antonia Franco possui contribuições importantes à saúde pública, em especial com serviços de diagnóstico e consultoria em leishmaniose e doenças parasitárias, bem como no desenvolvimento de novas drogas . Essas tecnologias têm patentes e pedidos de patentes no Brasil e exterior para tratamento complementar de leishmaniose tegumentar. Desde dezembro de 2018 está à frente da gestão do INPA, sendo a primeira diretora titular desta Unidade de Pesquisa do MCTI.
Antonia Franco é bióloga com mestrado em Biologia Parasitária pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/RJ), onde também obteve seu doutorado em Biologia Celular e Molecular, com bolsa sanduíche na Universidade de Yale (EUA). É responsável pelo laboratório de Leishmaniose e Doença de Chagas do INPA, em Manaus, e orienta alunos de pós-graduação e realiza atividades de extensão.
Silvia França – diretora do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem)
Com vasta experiência no desenvolvimento tecnológico para a área de processamento mineral, água na mineração e reologia para disposição de rejeitos, a engenheira química Silvia França participou, em 2018, do Fórum Mundial da Água como palestrante em mesa redonda sobre desafios relacionados à mineração. Além disso, ela compôs o grupo de trabalho da Organização das Nações Unidas (Viena, Áustria) que elaborou documento sobre ferramentas para o monitoramento da qualidade e usos da água nas atividades de mineração.
Doutora em Engenharia Química, na área de Sistemas Particulados, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEQ/COPPE/UFRJ) é tecnologista e faz parte do quadro de servidores do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) desde 2002. Ao longo destes 20 anos atuou em chefias de serviço e da Coordenação de Processos Minerais do CETEM, foi membro interno do CTC do CETEM e ocupa o cargo de diretora desde setembro de 2020.
Ana Luisa Albernaz – diretora do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG)
Bióloga, com mestrado e doutorado em Ecologia pelo Inpa e pós-doutorado na University of East Anglia, Reino Unido, Ana Luisa Albernaz é pesquisadora concursada do Museu Paraense Emílio Goeldi desde 2002. Na instituição, tem atuado na área de Ecologia Aplicada, principalmente nos temas: Amazônia, biodiversidade, várzea, biogeografia e planejamento para a conservação.
Foi Coordenadora técnica em dois processos de atualização do Mapa de Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade - Bioma Amazônia (2006 e 2018), instrumento de política pública que dá suporte ao planejamento de ações como criação de unidades de conservação, licenciamento, fiscalização e fomento ao uso sustentável no âmbito do Ministério do Meio Ambiente. No Museu Goeldi, Ana Luisa foi coordenadora de Ciências da Terra e Ecologia e coordenadora Substituta de Pesquisa e Pós-Graduação. Foi nomeada diretora em junho de 2018.
Mônica Tejo Cavalcanti – diretora do Instituto Nacional do Semiárido (Insa)
Graduada em Farmácia, Mônica Tejo é mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e doutora em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), onde tornou-se professora permanente da Pós-Graduação em Sistemas Agroindustriais (acadêmico e profissional) e professora associada no Curso de Graduação em Engenharia de Alimentos.
Na Universidade, direcionou parte importante de suas atividades à gestão da Inovação, passando a integrar a Incubadora de Agronegócios das Cooperativas, Organizações Comunitárias, Associações e Assentamentos Rurais do Semiárido da Paraíba (IACOC). Em 2017, concluiu MBA em Empreendedorismo de Alto Impacto e Inovação (2017) e assumiu o cargo de assessora de transferência de tecnologia no Núcleo de Inovação da UFCG. Como pesquisadora, tornou-se bolsista de produtividade CNPq na área de Tecnologia e Inovação para Agropecuária. Em fevereiro de 2020 foi nomeada diretora do INSA, unidade de pesquisa do MCTI voltada à inovação na região do Semiárido brasileiro.
Fonte: INT
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