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Segunda, 11 Julho 2005 09:22

Diretor do Ibict dá entrevista a SinBiesp

O novo diretor do Ibict - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, o bibliotecário Emir José Suaiden, fala em entrevista exclusiva ao SinBiesp sobre o papel do bibliotecário na sociedade de informação e os novos planos do Ibict. Emir José Suaiden, que fez mestrado em sistemas de bibliotecas públicas, doutorado em ciência da informação e presidiu a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, aposta em parcerias para ampliar a ação do órgão e fala sobre a opção do Ibict em priorizar a inclusão digital, como forma de contribuir para a inclusão social no país.

Como o sr. avalia a contribuição da classe bibliotecária no contexto da sociedade da informação?

Emir Suaiden - A contribuição da classe bibliotecária no contexto da sociedade da informação ainda é muito pequena e isso não quer dizer que a classe é responsável por essa pequena contribuição. Quando o governo passado instituiu a sociedade da informação no Brasil poucos profissionais da área foram chamados a compor a referida comissão, diferentemente de outros países onde os bibliotecários foram chamados prioritariamente. Com o advento da revolução tecnológica cabe aos profissionais da informação um papel relevante que é de possibilitar a inclusão social através da inclusão digital.

Quanto ao mercado de trabalho quais as perspectivas que considera possam existir para a classe?

Emir Suaiden - A sociedade da informação com a globalização e a revolução tecnológica multiplicou as oportunidades do mercado de trabalho para o bibliotecário. Atualmente o governo e a iniciativa privada têm fomentado a criação de telecentros - espaços comunitários para a seleção, aquisição, recuperação e difusão da informação seja ela bibliográfica ou virtual. Somente o Banco do Brasil, a Fundação Banco do Brasil, o MDIC criaram no ano passado milhares de telecentros.

O Ibict tem promovido cursos importantes para os profissionais das áreas de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação, porém restritos à Brasília. É possível implementar cursos e parcerias em outros Estados, como São Paulo, por exemplo?

Emir Suaiden - A capacitação de recursos humanos é tarefa prioritária do Ibict. Algumas ações do Ibict, como a Biblioteca Digital Brasileira, exigirão capacitação em todas as Unidades da Federação. É preciso melhorar a interação do Ibict com os pesquisadores e com a instituição chamada biblioteca que historicamente sempre foi a grande parceira do órgão. Já no próximo CBBD apresentaremos proposta para melhorar essa interação. No Estado de São Paulo, por exemplo, pretendemos ter uma maior articulação com os órgãos de classe dos profissionais da informação e com as grandes estruturas informacionais . Recentemente, nomeamos os membros do CTC do IBICT com profissionais de todas as regiões do Brasil. Da mesma forma, fizemos com o Conselho Editorial da revista Ciência da Informação. Agindo dessa maneira, pretendemos demonstrar que a atuação do Ibict é nacional.

Qual o papel da difusão da ciência e tecnologia junto à população e aos estudantes nos planos do Ibict? E como o Instituto pode atuar para aproximar ciência e tecnologia das necessidades da população?

Emir Suaiden - Em conjunto com o Ministério da Ciência e Tecnologia estamos preparando um grande projeto de vulgarização da ciência e tecnologia. Num país onde apenas 20% da população está incluída na sociedade da informação, cabe ao Ibict um papel relevante no processo de inclusão do restante da população. A exclusão cada vez mais é sinônimo de violência, é produto do analfabetismo, da exclusão social, do desemprego, do ensino fundamental e médio que até hoje ensinam a copiar dicionários e enciclopédias. Pretendemos, cada vez mais, valorizar o papel do profissional da informação como mediador da informação, utilizando-se metodologias de alfabetização em informação e alfabetização digital.

O sr. tem uma experiência bastante intensa no campo de projetos para bibliotecas públicas. Como o país poderá vencer o desafio de integrar as classes mais desfavorecidas à cultura da leitura e à sociedade da informação?

Emir Suaiden - Na verdade, apesar de todos os esforços, ainda não conseguimos formar um público leitor. Está cada vez mais claro que a biblioteca não é visível. Os indicadores apontam que a faixa de usuários é bem pequena se comparada ao restante da população. A maioria das bibliotecas ainda hoje não é unidade orçamentária. Passamos rapidamente de uma cultura oral para uma cultura áudio-visual, não houve tempo suficiente para consolidar uma política de leitura e escrita. Com o advento da revolução tecnológica foi possível associar a informação bibliográfica com a informação virtual. Esse novo mundo da imagem possibilita uma maior motivação para a busca e a utilização da informação. Recentemente fizemos um projeto de inclusão digital através da dimensão humana da informação e utilizando metodologias de mediação da informação possibilitamos o acesso de centenas de pessoas na sociedade da informação. Queremos com o apoio dos profissionais da informação multiplicar esse projeto e, assim sendo, facilitar a inclusão das classes menos favorecidas.

A interdependência entre inclusão social e inclusão digital, hoje em dia, amplia os desafios do Ibict. Quais os caminhos para que o Instituto dê sua contribuição nesse projeto? Como faculdades de Biblioteconomia, bibliotecas e instituições da área podem contribuir, em sua opinião?

Emir Suaiden - Muitos países e regiões estão aproveitando a revolução tecnológica para dar um salto no desenvolvimento. A inclusão digital possibilita a inclusão social desde que sejam utilizadas metodologias apropriadas juntamente com os processos de alfabetização em informação e alfabetização digital. A união do IBICT com as escolas de biblioteconomia e demais instituições poderá favorecer o desenvolvimento da dimensão humana da informação, ou seja, o estabelecimento de fundamentação teórica e metodologias adequadas que possibilitem o acesso à sociedade da informação. O Governo anterior, através do Ministério da Educação, adquiriu milhares de computadores e distribuiu para as escolas públicas. Como não houve um processo de mediação da informação com capacitação adequada, o projeto não obteve êxito e não foi um bom exemplo de inclusão digital. Portanto, a inclusão digital depende de computadores e de profissionais da informação trabalhando como mediadores entre a informação bibliográfica e virtual e possibilitando o estabelecimento de indicadores de impacto social no processo de inclusão digital.

Fonte: Sindicato dos Bibliotecários no Estado de São Paulo (SINBIESP)

Assessoria de Comunicação Social do Ibict
comunica@ibict.br
(61) 217-6427 / 217-6310

 

Data da Notícia: 11/07/2005 11:48

 
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