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Quarta, 15 Junho 2005 10:16

Emir Suaiden aposta nas parcerias para injetar mais recursos no Ibict

Em entrevista especial, diretor do Ibict fala dos planos e das estratégias para a sua gestão
 

Comunicação Social- O senhor poderia falar um pouco de sua trajetória como pesquisador da Universidade de Brasília?

Emir Suaiden- Eu ingressei na Universidade de Brasília em 1965, como escriturário da Biblioteca Central da UnB. Depois, fiz o curso de Biblioteconomia; foi uma das primeiras turmas. Em 93, eu retornei à UnB – prestei concurso para professor-adjunto. E, nessa trajetória de pesquisa, eu tenho trabalhado muito com o CNPq, em pesquisa em produtividade. Realmente, estamos realizando diversas pesquisas, principalmente na área da dimensão social da informação. Fizemos trabalhos em Samambaia e na Vila Planalto, demonstrando, mais uma vez a possibilidade de as populações carentes, marginalizadas, terem acesso à sociedade da informação.

Comunicação Social- Professor, poderia nos falar sobre a sua formação acadêmica e a sua experiência profissional?

Emir Suaiden- Primeiro, vou falar da experiência acadêmica. Cursei Biblioteconomia na Universidade de Brasília. Em seguida, fui fazer o mestrado em sistemas de bibliotecas públicas em João Pessoa, na Paraíba. Depois, um doutorado em ciência da informação, na Espanha. Há dois anos, retornei à Espanha para fazer um pós-doutorado. A minha linha sempre, desde que me formei, foi trabalhar com bibliotecas públicas, mais especificamente com o acesso à informação para as comunidades. Minha dissertação de mestrado foi em cima desse tema e também as de doutorado e pós-doutorado. Eu vejo que esta é uma linha que engloba a dimensão humana da informação, uma linha de pesquisa muito importante, e nós já estamos com projeto que está sendo copiado por outros países sobre integração de pessoas carentes na sociedade da informação.

Como experiência, fui durante 10 anos diretor-executivo do Instituto Nacional do Livro (INL), época em que implantamos o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e fizemos um trabalho extraordinário na parte de extensão, levando, em carros-biblioteca, caixas-estante, livros para as populações suburbanas e rurais. No INL, fizemos o Guia das Bibliotecas Brasileiras e um amplo trabalho com as faculdades de biblioteconomia, distribuímos milhares de livros, realizamos treinamento para as bibliotecas públicas e conseguimos implantar 2 mil bibliotecas públicas. Criamos ainda o Prêmio de Biblioteconomia e Documentação. Depois, eu trabalhei um período no CNPq e no Ibict. Em seguida, fiz um concurso para UnB, para professor-adjunto. Fui também presidente do Conselho Executivo do Celal, que é o Centro de Estudos para Fomento do Livro na América Latina e do Caribe, onde tivemos a oportunidade de fazer muitas pesquisas em muitos países da América Latina sobre hábitos de leitura e hábitos de utilização da informação. Fui nomeado também pelo Ministério da Educação para ser o coordenador nacional do Programa Nacional de Incentivo à Leitura, que funcionava na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Conseguimos implantar cursos denominados Leitura e Cidadania e 350 centros de leitura nos municípios brasileiros. Depois, fui convidado para dirigir a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal – uma fundação que há 10 anos não produzia nada. Conseguimos, então, colocá-la entre as fundações mais produtivas depois da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Praticamente estamos participando de todos os editoriais da Finatec, da Capes, do CNPq, e fizemos um amplo programa de pesquisa para ser usado pelos estudantes do ensino fundamental e ensino médio.

Comunicação Social- E como foi o seu primeiro contato com o Ibict?

Emir Suaiden-O primeiro contato foi como usuário. Eu utilizava muito a biblioteca do Ibict e tinha alguns amigos no Instituto. Na década de 80, eu fui trabalhar no Ibict, que estava vindo para Brasília. Foi um período meio complicado a separação do Rio. Então, nós fizemos um trabalho grande no Ibict. Eu, pesquisador, necessito muito da informação em ciência e tecnologia, então eu poderia dizer que sou um grande usuário do Ibict e tenho grande admiração por todos os programas, como o Comut, o Prossiga, a Biblioteca Digital. São todos extremamente importantes para a ciência e tecnologia.

Comunicação Social- Como o senhor se sente na qualidade de primeiro diretor do Ibict indicado para um mandato de quatro anos?

Emir Suaiden- Isso é a evolução da pesquisa no Brasil. O processo do Comitê de Busca do diretor foi essencialmente democrático. Houve um espaço grande. Todas as pessoas podiam se candidatar. O Comitê que escolheu, selecionou o diretor, foi realmente muito imparcial. Deu a todos os candidatos o mesmo tema, as mesmas condições. Todos tiveram a oportunidade de expor a questão da gestão do Ibict, e isso é coisa de país desenvolvido. Não foi uma solução política. Foi um comitê de busca que procurou entre as opções o que seria uma boa solução para o Ibict. Quando eu vi que havia sete candidatos, eu achei que todos os sete teriam condições de representar bem a Direção do Ibict. Então, realmente, esse é o processo, e o Brasil está de parabéns por promover um processo desse tipo, no qual vale é a competência, e não a política.

Comunicação Social- E agora, após a posse, quais são os seus principais planos para o Ibict?

Emir Suaiden- Os planos, ainda estou amadurecendo. Preciso ir ao Rio conversar com o pessoal do ensino e da pesquisa, mas o Ibict já está desenvolvendo algumas atividades que eu considero essenciais, tanto as que se fazem no Rio quanto aqui em Brasília. O Ibict tem uma responsabilidade social. As atividades de ciência e tecnologia precisam ser incrementadas na juventude, na adolescência, no ensino fundamental. Não se deve esperar o pesquisador pronto. Temos no Ibict um capital intelectual muito grande. Precisamos trabalhar com metodologias adequadas de inclusão na sociedade da informação. Com o advento da revolução tecnológica, com esse mundo globalizado, cabe muita responsabilidade ao Ibict no sentido de formar uma geração de pesquisadores, de pessoas que tenham hábito de utilização da informação, e o Ibict deve ter a capacidade de disseminação da informação em todos os níveis. Então, basicamente, o plano seria este, tentar dar maior visibilidade ao Ibict. O Ibict é muito respeitado. Muita coisa que foi feita foi muito acertada. Precisamos um pouco dessa responsabilidade social na hora de difundir ciência e tecnologia. Quer dizer, devemos difundir, mas temos de vulgarizar também a informação em ciência e tecnologia. Isso não pode ser feito só por uma elite.

Comunicação Social- Quais as áreas da informação científica e tecnológica merecem mais atenção?

Emir Suaiden- Hoje, quando você analisa a questão, quando se faz um diagnóstico da situação da informação em ciência e tecnologia no Brasil, você vê que a informação científica teve um desenvolvimento maior. Então, realmente, você tem de utilizar o capital intelectual para garantir também um desenvolvimento tecnológico à altura de países desenvolvidos. É preciso equilibrar, haver o desenvolvimento científico, haver a vulgarização da ciência e haver maior compasso no desenvolvimento tecnológico, que ainda não é adequado. Então, as forças devem ser dirigidas para um maior desenvolvimento tecnológico, que é o que está fazendo a diferença hoje no mundo. Países que estão empregando adequadamente modos de usar novas tecnologias estão conseguindo dar um passo no desenvolvimento. E é isso que pretendemos no Ibict.

Comunicação Social- Nesse mundo globalizado em que vivemos, a tecnologia da informação e a informação em ciência e tecnologia são extremamente importantes, mas custam caro. Uma vez que o Ibict não dispõe de tantos recursos para se tornar uma instituição de ponta, como o senhor pretende agregar recursos financeiros aos recursos já disponibilizados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia?

Emir Suaiden- Hoje o grande fator de desenvolvimento orçamentário se chama parceria. Você tem, por exemplo, de acompanhar todos os editais, que não são poucos. São muitos editais da Finep, do CNPq, do Ministério da Ciência e Tecnologia, do Ministério da Saúde. Você pode fazer uma parceria e agregar recursos para o desenvolvimento da informação em ciência e tecnologia. Então, hoje você precisa ter uma atualização na Internet, participar desses editais e trazer novos parceiros. Está cada vez mais clara a importância da informação em ciência e tecnologia. Muitas instituições, inclusive internacionais, pretendem colaborar com esse processo. A nossa idéia é não chegar com o pires na não, mas com uma proposta de desenvolvimento na área de informação em ciência e tecnologia que beneficie o Ibict e o parceiro.

Comunicação Social- Além dos seus usuários tradicionais, o Ibict pode abrir novas fronteiras? A instituição pode trabalhar e oferecer serviços para estudantes secundaristas e até mesmo para novos públicos?

Emir Suaiden- É. Precisamos dividir a comunidade e ver como estão recebendo os trabalhos, produtos e serviços do Ibict. Por exemplo, a Academia utiliza muito. Nós temos de investir muito numa associação do Ibict com a área privada, com a área de empresas. O Ibict deve trabalhar muito com o próprio Sebrae, na questão da micro e da pequena empresa, o que faz a geração de emprego e renda. Então, precisamos de novos parceiros e, ao mesmo tempo, devemos ajudar o sistema educacional no Brasil a corrigir as distorções existentes hoje. Por exemplo, o que funciona no ensino fundamental e médio brasileiro é copiar dicionário e enciclopédia. Quando uma pessoa vai ao computador, é só control c, control v. Temos de mudar essa cultura de cópia. Senão, nunca formaremos realmente um pesquisador. Então, a distribuição de metodologias de inclusão digital para inclusão social vai, fatalmente, criar um novo público para o Ibict.

Comunicação Social- O Conselho Técnico-Científico do Ibict existe. O senhor pretende se assessorar desse conselho?

Emir Suaiden- Desde que assumi, procurei saber da composição do Conselho. Creio que o trabalho do Conselho é vital. Hoje, esse mundo globalizado exige que a tomada de decisão seja compartilhada. Então, você precisa dos seus pares, trocar as idéias para poder implementar uma nova ação. Eu pretendo me reunir sempre com o conselho e realmente discutir as grandes decisões que devem ser implementadas no Ibict.

Comunicação Social- A Universidade de Brasília tem sido, de certa forma, uma grande parceira do Ibict. Essa relação pode melhorar? Além do Departamento da Ciência e da Informação, será que o Ibict não poderia estabelecer convênios com outras faculdades?

Emir Suaiden- Essa relação com a UnB, eu também acredito que é fundamental e já trocamos idéias no próprio Departamento de Ciência da Informação, na Reitoria da UnB. As pessoas na universidade vêem o Ibict como extremamente importante. O que está faltando, talvez, seja uma proposta decisiva de implementação de um programa de informação em ciência e tecnologia que una mais essas duas entidades. Por exemplo, o Ibict tem utilidade em toda a estrutura da universidade. Mas isso não é visível lá. Então, devemos mostrar que informação em ciência e tecnologia está em todos os aspectos, e o que pretendemos fazer, além de eventos, é trazer, aos poucos, novos consultores da universidade e tentar dar uma delimitação maior a essa questão, porque em algumas áreas da UnB o Ibict não tem visibilidade. Precisamos de uma estrutura também de comunicação. O que é importante é essa associação: o acadêmico com a questão do Ibict, o órgão executor da política de informação em ciência e tecnologia no Brasil. Então, temos de explorar muito nessa área. O reitor está disposto. Ele vê a atuação do Ibict muito importante para o desenvolvimento. São necessários eventos específicos na área de ICT para aprimorar essas parcerias com a própria Universidade de Brasília.

Brasília, 03/06/05

Assessoria de Comunicação Social do Ibict
comunica@ibict.br
(61) 217-6427 / 217-6310

 

Data da Notícia: 15/06/2005 11:08

Última modificação em Quarta, 11 Dezembro 2019 15:12
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