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Quarta, 19 Julho 2006 12:52

O Brasil e o acesso às novas tecnologias

Segundo um estudo feito pela União Internacional de Telecomunicações – órgão da ONU -, o Brasil ocupa apenas a 71ª posição entre as 180 economias mais adaptadas às novas tecnologias de comunicação. Nesse dado, devemos mencionar também os contrastes nacionais existentes, pois a região Sudeste apresenta os mesmos níveis de países ricos e parte da população do Norte e Nordeste jamais teve acesso a um computador. Além da questão do acesso, outros itens importantes são os preços da ligação de celular, os de telefonia fixa, o acesso à internet, o preço da banda larga, etc. A utilização desses bens e serviços leva em conta o poder aquisitivo da população e o nível educacional, o que justifica a exclusão de parte importante da população na sociedade da informação.

Na verdade, o Governo anterior entendeu que sociedade da informação era a informatização da sociedade. Entendeu também que a solução para a inclusão digital seria a distribuição de computadores. Baseado nessa filosofia, milhões de computadores foram distribuídos, principalmente para as escolas públicas, sem nenhum programa de capacitação ou monitoramento. Até hoje não se tem os indicadores de impacto social de tamanho investimento.

Está cada vez mais claro que não basta distribuir computador, assim como não basta distribuir livros. No caso específico do livro, todos os anos são enviados centenas de títulos e milhares de exemplares do livro didático e, na verdade, não temos ainda um público leitor e a grande maioria dos alunos do ensino secundário não consegue interpretar o texto lido.

Os países que se adaptaram facilmente às novas tecnologias de informação e comunicação são os que possuíam tradicionalmente estruturas de informação e comunicação. Essas estruturas são representadas, em primeiro lugar, pela questão dos conteúdos, pois possuem indústrias de produção de conteúdos cujo forte componente é a indústria editorial e a produção científica.

Outro fator decisivo é a estrutura informacional representada pelas bibliotecas infantis, escolares, públicas ou universitárias e pelos centros de documentação e informação. Os veículos de comunicação de massa exercem um papel importante não somente na formação da opinião pública, como também na formação da cidadania, principalmente para os imigrantes.

Alguns países em desenvolvimento se aproveitaram da revolução tecnológica e deram um grande salto no processo de desenvolvimento. Os exemplos mais conhecidos são Cingapura, Irlanda e a região de Extremadura, na Espanha. Basicamente realizaram melhorias no sistema educacional copiando, por meio do Benchmarking, os modelos de sucesso na educação, utilizando em larga escala o software livre e metodologias de alfabetização em informação, alfabetização digital e mediação da informação.

No caso brasileiro, devemos levar em conta que o acesso não é tão importante quanto a compreensão. As pessoas excluídas da sociedade da informação têm de levar em conta que a compreensão e o acesso às tecnologias de informação e comunicação são importantes para combater o desemprego e melhorar a qualidade de vida.

Os programas promovidos pelo governo, iniciativa privada e terceiro setor devem levar em consideração que não basta distribuir computador ou simplesmente disponibilizá-lo. Deve haver um investimento na capacitação, no monitoramento e na avaliação, principalmente nos indicadores de impacto social.

Como parte importante da população brasileira se utiliza apenas da informação oral - e por isso muitas vezes torna-se objeto de manipulação pelo poder existente -, e não da bibliográfica e da tecnológica, é de extrema importância a utilização de metodologias de mediação da informação.

Juntamente com o programa de capacitação, a metodologia de mediação da informação demonstra que a auto-estima é proveniente da capacidade de buscar informação e de, agregando valor à informação, transformá-la em conhecimento. A referida metodologia se utiliza também do processo de identidade cultural, da formação da cidadania e, num estágio mais avançado, da formação de usuários críticos, ou seja, usuários produtores de conteúdos e não simplesmente consumidores de conteúdos disponíveis pelas tecnologias de informação e comunicação.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Universidade de Brasília - UbB Foto: Daiane Souza/UnB Agência

Assessoria de Comunicação Social

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - Ibict

 

Data da Notícia: 19/07/2006 09:43

 
Última modificação em Quarta, 11 Dezembro 2019 15:52
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