Suaiden explicou que a inclusão social no país passa, primeiramente pela educação, destacando que não existe ainda uma política de informação em ciência e tecnologia na América Latina. “Uma política para existir tem que ter indicadores orçamentários, além de designar um conjunto de princípios e escolhas que definam o que é desejável e realizável para uma nação, como orientação de seus modos de geração, uso e absorção da informação em ciência e tecnologia por diferentes procedimentos de promoção, regulação, coordenação e articulação”, ressaltou.
De acordo com o diretor do Ibict, mudar as condições sociais é uma tarefa difícil. “Tenho impressão de que as pessoas, quando o Brasil começou a implantar a sociedade da informação, confundiram informação com informatização na sociedade. Isso é um erro. Outro erro é pensar que distribuir computador seja o preço da inclusão. É o mesmo que pensar que a distribuição de canetas vai alfabetizar alguém”, enfatizou.
O cenário ideal para a construção de uma política de informação em ciência e tecnologia, conforme Suaiden, passa ainda pelo modo como é tratada a informação no Brasil. “A biblioteca de um ministério não deveria estar em um subsolo, e sim ao lado dos gabinetes dos ministros. Temos que lembrar que toda grande inovação, toda grande revolução, traz no seu bojo a questão da exclusão. Quando Gutenberg inventou a imprensa, automaticamente criou os iletrados e os analfabetos. A revolução tecnológica, apesar dos inquestionáveis benefícios criou os excluídos digitalmente”, afirmou.
Durante o evento, Emir Suaiden, expôs os produtos e serviços do Ibict. “O forte do Ibict é o registro e a disseminação da produção científica e tecnológica. Facilitar esse acesso é disponibilizar as informações para os pesquisadores, por essa razão estamos apoiando o manifesto brasileiro de acesso livre à informação de ciência e tecnologia. O Ibict tornou-se, nesta semana, o primeiro instituto de pesquisa da América Latina a subscrever a Declaração de Berlim. No Brasil, os pesquisadores, muitas vezes não têm o acesso a publicações importantes e, principalmente às publicações financiadas pelas agências de fomento à pesquisa. E esse movimento, que começou na Inglaterra, espalhou-se pelo planeta. O pesquisador tem o direito e o dever de ter acesso à informação, trata-se, portanto, de um movimento internacional”, ressaltou.
Outra linha de ação muito forte no Ibict, conforme Suaiden, é a Biblioteca Digital Brasileira. Segundo ele, é a chance da sociedade digital recuperar o que foi perdido na sociedade do papel, complementando que “na sociedade do papel foi perdido parte expressiva da memória da cultura brasileira. E que grande parte da informação está mais fora do Brasil do que dentro do país”. “Com a Biblioteca Digital, você tem a chance de recuperar todos esses vícios da própria condição da política cultural e informacional brasileira”, esclareceu.
O evento prossegue até amanhã (29/04).
Assessoria de Comunicação Social
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict)
Data da Notícia: 29/04/2006 20:38
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