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O V Seminário de Estudos Críticos em Informação, Tecnologia e Organização Social, foi realizado em 10 de junho e debateu os regimes de ignorância que se constroem atualmente nos campos político e científico, gerando impactos preocupantes em áreas como as da saúde e do meio ambiente.

Participaram do evento o cientista da informação Carlos Alberto Ávila Araújo, da Universidade Federal de Minas Gerais (Ufmg), a cientista da informação Liz-Rejane Issberner, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e o cientista social José Swako, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP - UERJ). Mediaram o debate Arthur Coelho Bezerra, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI Ibict/Ufrj) e Juliano Borges (IBMEC), ambos integrantes do grupo de pesquisa Estudos Críticos em Informação, Tecnologia e Organização Social (Escritos).

Pós-verdade, desinformação ambiental e negacionismo científico foram alguns dos assuntos abordados. “Falamos de como a ignorância não é uma ausência de conhecimento sobre alguma coisa. Pensamos em falar em um regime em que a ignorância é fomentada de maneira ativa através de uma série de práticas de desinformação”, diz Coelho Bezerra.

O Seminário Escritos é realizado desde 2018 com apoio do Ibict, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do International Center for Information Ethics (ICIE).

O seminário pode ser assistido na íntegra pelo canal do Escritos no Youtube:

https://www.youtube.com/watch?v=3V-2Kh8jRvw

 

 

Carolina Cunha

Núcleo de Comunicação Social do Ibict

Publicado em Notícias

Nos dias 26 e 27 de agosto, aconteceu o I Encontro do International Center for Information Ethics (ICIE) - capítulo América Latina & Caribe. O evento contou com a participação de proeminentes pesquisadoras e pesquisadores de ética da informação em diferentes países como Argentina, Uruguai, Cuba, México e Brasil, além de representantes institucionais do Canadá, África do Sul, Jamaica e Alemanha.

O International Center for Information Ethics (ICIE) foi fundado pelo filósofo uruguaio Rafael Capurro, em 1999, e atualmente é dirigido por Jared Bielby (Canadá). O ICIE estabeleceu seu lugar como o centro da comunidade global em torno do tema, oferecendo uma plataforma para o intercâmbio intercultural de ideias e informações sobre ensino e pesquisa em todo o mundo. O capítulo América Latina e Caribe, com sede no Rio de Janeiro, foi fundado a partir de uma parceria do ICIE com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia Ibict).

Nos dois dias de atividades, o encontro proporcionou um amplo debate sobre o campo ética da informação. Os convidados apresentaram as diferentes perspectivas e reflexões críticas sobre questões relacionadas a temas como tecnologia, inovação, política, comunicação, epistemologia e economia.  

Além de Capurro e Bielby, o evento contou com a participação de Marco Schneider (Ibict), coordenador do capítulo América Latina e Caribe, Arthur Bezerra (Ibict), vice representante do capítulo, Rachel Fischer (África do Sul), vice diretora do ICIE, e de Cordel Green (Jamaica, vice representante caribenho), além das convidadas e convidados palestrantes Fidel Rodríguez (Universidade de Havana, Cuba), Felipe Chibás (USP), Miguel Ángel Pérez Álvarez (UNAM, México), Susana Finquelievich (UBA, Argentina), Maximiliano Rodriguez (UdelaR, Uruguay), Henriette Ferreira Gomes (UFBA) e Maria Nélida González de Gómez (Ibict). 

O I Encontro do International Center for Information Ethics (ICIE) - capítulo América Latina e Caribe foi realizado pelo grupo de pesquisas Perfil-i (Perspectivas Filosóficas em Informação), coordenado por Marco Schneider junto ao Ibict, e conta com apoio do CNPq, CAPES, FAPERJ, IBICT e UFRJ.

Assista aos vídeos do evento pelo canal do grupo de pesquisa Perfil-i no YouTube.

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Em tempos nos quais a informação possui grande valor econômico (permitindo uma grande concentração de riqueza em um pequeno grupo de empresas de tecnologia) e político (podendo interferir em ações estatais e até no resultado de eleições), é preciso discutir com seriedade o uso ético da informação, especialmente quando este se torna caso de vida ou morte, como no contexto da desinformação durante a pandemia da Covid-19.

É essa a convicção que norteia o I Encontro do International Center for Information Ethics (ICIE) - capítulo América Latina & Caribe, marcado para os dias 26 e 27 de agosto, com transmissão ao vivo pelo YouTube. O encontro contará com a participação de proeminentes pesquisadoras e pesquisadores de ética da informação em diferentes países como Argentina, Uruguai, Cuba, México e Brasil, além de representantes institucionais do Canadá, África do Sul, Jamaica e Alemanha. 

O International Center for Information Ethics (ICIE) foi fundado pelo filósofo uruguaio Rafael Capurro, em 1999, e atualmente é dirigido por Jared Bielby (Universidade de Alberta, Canadá). Em parceria com a Rede Africana de Ética da Informação, o ICIE estabeleceu seu lugar como o centro da comunidade global em torno do tema, oferecendo uma plataforma para o intercâmbio intercultural de ideias e informações sobre ensino e pesquisa em todo o mundo. O Centro apoia e incentiva a colaboração entre especialistas, estudiosos e professores da área, organiza e co-organiza simpósios, publica livros sobre o tema e publica semestralmente o periódico International Review of Information Ethics (IRIE). 

O capítulo América Latina e Caribe, com sede no Rio de Janeiro, foi fundado a partir de uma parceria do ICIE com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). A parceria gerou importantes contribuições para as pesquisas em ética da informação na América Latina, como publicações científicas, encontros acadêmicos e a tradução de textos e documentos para português e espanhol.

O coordenador do capítulo América Latina e Caribe, Marco Schneider, é pesquisador da Coordenação de Ensino e Pesquisa do Ibict. Segundo Schneider, “o encontro online se propõe não apenas a realizar um amplo debate sobre ética da informação, mas também a consolidar uma rede de cooperação latino-americana e caribenha nas pesquisas sobre o assunto”.

O vice representante do capítulo, Arthur Bezerra, também pesquisador do Ibict, avalia que a experiência deste encontro remoto, segundo suas palavras, “tem o potencial de estimular ações e parcerias interinstitucionais que discutam a dimensão ética das novas políticas de informação que vêm sendo implementadas durante a pandemia”.

Além de Capurro, Bielby, Schneider e Bezerra, o evento contará com a representação institucional de Rachel Fischer (África do Sul), vice diretora do ICIE, e de Cordel Green (Jamaica, vice representante caribenho), além das convidadas e convidados palestrantes Fidel A. Rodríguez Fernández (Universidade de Havana, Cuba), Felipe Chibás Ortiz (USP), Miguel Ángel Pérez Álvarez (UNAM, México), Susana Finquelievich (UBA, Argentina), Maximiliano Rodriguez Fleitas (UdelaR, Uruguay), Henriette Ferreira Gomes (UFBA) e Maria Nélida González de Gómez (Ibict).  

O I Encontro do International Center for Information Ethics (ICIE) - capítulo América Latina e Caribe é organizado pelo grupo de pesquisas Perfil-i (Perspectivas Filosóficas em Informação), coordenado por Marco Schneider junto ao Ibict, e conta com apoio do CNPq, CAPES, FAPERJ, IBICT e UFRJ.

 

PROGRAMAÇÃO

 

 26/08/2020 (quarta-feira) às 15 horas

 

Abertura:

Marco Schneider e Arthur Bezerra (IBICT, Brasil) – representantes do ICIE (América Latina e Caribe)

Jared Bielby (Universidade de Alberta, Canadá) – diretor do ICIE 

Cordel Green (Jamaica) – representante do ICIE (Caribe)

Palestrantes:

Felipe Chibás Ortiz (USP, Brasil)                                                                                           

Fidel A. Rodríguez Fernández (Universidade de Havana, Cuba)

Miguel Ángel Pérez Álvarez (UNAM, México)

Henriette Ferreira Gomes (UFBA, Brasil)

 

27/08/2020 (quinta-feira) às 15 horas

 

Abertura:

Marco Schneider e Arthur Bezerra (IBICT, Brasil) – representantes do ICIE (América Latina e Caribe)

Rachel Fischer (Universidade de Pretória, África do Sul) – vice-diretora do ICIE 

Palestrantes:

Susana Finquelievich (UBA, Argentina)

Maximiliano Rodríguez Fleitas (UdelaR, Uruguai)

Maria Nélida González de Gómez (IBICT, Brasil)

Encerramento: Rafael Capurro (Uruguai) – fundador do ICIE

 

COMO SE INSCREVER

 

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas por esse link

Para mais informações, acesse o site do grupo de pesquisa Perfil-i (Perspectivas Filosóficas em Informação).

 

Núcleo de Comunicação Social do Ibict, com informações do PPGCI-IBICT/UFRJ. 

Publicado em Notícias

Arthur Coelho Bezerra é pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação/Ibict-UFRJ. Ele também é vice representante da América Latina e Caribe no Conselho Consultivo do International Center for Information Ethics (ICIE) e coordenador do grupo de pesquisa Estudos Críticos em Informação, Tecnologia e Organização Social (Escritos).

Na entrevista ao site do Ibict, o professor reflete sobre a ética da informação no cenário de emergência da Covid-19. Com a pandemia, surgem novas formas de monitoramento social e de dados, na tentativa de mitigar o contágio do vírus. Para o pesquisador, o controle de dados pessoais nesse contexto enfrenta uma série de dimensões éticas e pode ser positivo ou negativo.

Como você define vigilância e o que esse tema nos diz sobre a sociedade contemporânea?

Arthur Coelho Bezerra - Em termos gerais, a vigilância é o monitoramento de alguma coisa (seja de pessoas, organismos, objetos, lugares, fenômenos ou outros tipos de informação) para o exercício de algum tipo de influência e controle, que podem ser positivos ou negativos em suas finalidades. A vigilância não é uma prática inaugurada na modernidade, mas ganha uma aparência de ubiquidade e onipresença quando incorporada às tecnologias de comunicação e informação.

Como você define ética da informação e em que ela se basearia? Qual é a questão-chave desse campo de estudo?

Arthur Coelho Bezerra - Se entendemos a ética como o estudo dos valores que orientam a conduta dos agentes, ou seja, como a ciência da moral, a ética da informação, por analogia, refere-se à observação reflexiva das práticas sociais no campo da informação, tendo como objetos de análise tanto os comportamentos informacionais dos indivíduos quanto a estrutura dos ecossistemas informacionais, que condicionam as dinâmicas de produção, circulação e uso da informação.

Como a Covid-19 impactou o mundo na questão informacional e de vigilância digital? Quais tecnologias emergentes você pode citar?

Arthur Coelho Bezerra - Vamos pensar na temperatura do corpo: em princípio, um dado biométrico como esse é de interesse privado – em condições normais, ninguém é obrigado a revelar para outras pessoas se está ou não febril. No entanto, em uma situação de pandemia, o interesse público se impõe sobre o direito individual à privacidade: se apresentar febre pode significar um possível contágio pelo vírus, cidadãos e cidadãs passam a ser obrigados a revelar essa informação pessoal no momento de ingresso em certos ambientes públicos. A pandemia, nesse sentido, produz um encolhimento das dimensões da privacidade.

Um outro exemplo de tecnologia digital usada no combate à Covid-19 é referente às técnicas de georreferenciamento, que se tornaram importantes aliadas tanto no combate às aglomerações de pessoas, por conta de protocolos de distanciamento social, quanto no rastreio dos trajetos de indivíduos e detecção de suas passagens por áreas de risco de contaminação. Neste caso, o processo de “anonimização” dos dados, ou seja, a desassociação das informações que possam identificar diretamente o indivíduo, contribui para que o combate ao vírus não seja feito às custas das perdas de privacidade dos indivíduos.

Quais as diferenças que você observa nos países asiáticos e outros países (Europa, Américas) em relação ao uso da informação para o combate ao vírus? Como você enxerga o Brasil em relação a outros países?

Arthur Coelho Bezerra - As práticas de vigilância têm se mostrado mais disseminadas em países asiáticos, especialmente na China, país que possui mais de 200 milhões de câmeras de vigilância e que foi também palco do primeiro caso registrado da Covid-19. Segundo o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, a vigilância disseminada por lá é fruto da mentalidade autoritária que caracteriza a tradição cultural confucionista, que faz com que as pessoas sejam menos avessas ao controle e mais obedientes ao governo do que em países da Europa e das Américas. Isso inclui o Brasil, que, além de apresentar maiores níveis de desobediência às medidas de isolamento social, por exemplo, tem como agravante o desencaixe entre a orientação de organismos mundiais de saúde e as práticas governamentais efetivamente adotadas.

Você costuma avaliar a questão da vigilância sob uma perspectiva dialética. Por que é mais adequado olhar sob essa perspectiva e de que forma a vigilância na pandemia pode ser um fenômeno positivo e um fenômeno negativo?

Arthur Coelho Bezerra - O caso chinês é um bom exemplo para pensarmos dialeticamente: se um governo considerado mais autoritário e no qual o indivíduo tem menos privacidade é potencialmente mais capaz de conter a pandemia através da imposição de medidas de restrição à população, devemos crer que a privacidade é inimiga da segurança? Penso que não, e a história recente nos dá exemplos disso, como vimos nas práticas de vigilância em massa realizadas pela agência de segurança norte-americana após o 11 de setembro de 2001, em nome de um suposto combate ao terrorismo que se revelou, na prática, uma estratégia de controle econômico e político. Por isso, é importante que as práticas de vigilância sejam constantes alvos de análises e avaliações a respeito de suas finalidades e efeitos, tarefas para as quais a ética da informação tem muito a contribuir. 

O que podemos aprender com a Covid-19 e como você imagina o mundo pós-pandemia?

Arthur Coelho Bezerra - A grande circulação de desinformação nas redes digitais em relação à Covid-19 ressalta a importância, por um lado, da existência de um ecossistema informacional diversificado e comprometido com a confiabilidade dos fatos e verificação das informações, atributos caros à prática jornalística de qualidade. Por outro lado, além da confiança na imprensa, é necessário fortalecer a confiança na ciência, não apenas mitigando movimentos anticiência, como as campanhas antivacinas e os terraplanismos de ocasião, como também, e mais ainda, fomentando a pesquisa científica do país. Não devemos esquecer que a pandemia mais devastadora da história humana ocorreu na Idade Média, no século XIV, em um período de estagnação da ciência que foi posteriormente superado pela revolução científica de Copérnico, Galileu e outros. Com algum otimismo (este que tanto nos falta em períodos de isolamento), podemos vislumbrar, também, um futuro possível de superação do negacionismo científico e informacional.

 

Carolina Cunha

Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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