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Terça, 11 Setembro 2007 09:27

Qual a sociedade em que vivemos?

A humanidade conheceu várias sociedades: bárbara, feudal, moderna, industrial, pós-industrial e, hoje, asseguram os especialistas, vivemos numa sociedade da informação. Segundo estudos, algumas regiões do mundo, já estariam ingressando numa nova sociedade do conhecimento.

A denominação de sociedade é atribuída pelas condições econômicas que conduzem ao poder e à hegemonia. Na feudal essencial era a terra, na industrial a produção fabril e na contemporânea a informação. Na industrial ler, escrever e ter um título superior eram as metas dos mais letrados. Na Sociedade da Informação - SI as exigências são maiores e um fator determinante de sucesso é a inovação.

O acesso fácil e rápido a fontes de informação cria um dilema para a humanidade, pois, por si só ela não representa conhecimento. Reter informações não é adquirir conhecimento, é necessário avançar e agregar valor para gerar novos conhecimentos.

As pesquisas sociais comprovam que a exclusão é grande na SI, que boa parte da população mundial não usufrui dos seus benefícios. Isso porque ela faz exigências como, nível educacional, capacidade de pesquisa bibliográfica e virtual, destreza com o computador e senso crítico para que o usuário passe de consumidor a produtor de informação.

Na década de 80, Massuda previu que a SI seria marcada pelo compartilhamento de recursos e que acabaria com as desigualdades sociais. Pouco tempo depois seus opositores declararam que ele estava totalmente errado, pois a SI é também uma sociedade feudal onde os donos do poder são os donos dos meios de comunicação. Que os países emergentes seriam ainda mais dependentes dos desenvolvidos e onde a exclusão digital dividiria o mundo em info-ricos e info-pobres.

A exclusão social não se relaciona apenas com a miséria e a pobreza, ela cria um processo de dependência que se transforma em violência e insegurança. Estudos comprovam que os alunos que copiam dicionário, enciclopédia e consideram isso pesquisa, têm dificuldades em interpretar textos.

A informação que circula predominantemente no Brasil é oral, gerando um processo de desinformação e manipulação da opinião pública. A dependência na busca da informação gera o analfabetismo digital. Nesse contexto o livro é mais utilizado como veiculo de colonialismo cultural, do que instrumento insubstituível no processo educacional e cultural.

Na SI, o paradigma digital impõe ao mundo um novo desafio: capacitar indivíduos e empresas a adquirir habilidades diferentes das até aqui exigidas. Alguns países se aproveitaram dos benefícios tecnológicos para o seu desenvolvimento, diminuindo a pobreza, a violência e a exclusão social. Outros, pela condição de dependência, ausência de conteúdos próprios e falta de uma política informacional, aumentaram a exclusão social.

No Brasil o aumento considerável dos investimentos na área social, propiciou a implantação de milhares de tele-centros diagnosticados no Mapa da Inclusão Digital, o resgate da memória do nosso patrimônio cultural com a Biblioteca Digital Brasileira, que digitalizou mais de 35.000 dissertações e teses, da Rede de Tecnologias Sociais como fator fundamental de geração de emprego e renda, a redução nos preços do computador e conexão além, do fortalecimento da pesquisa e fundamentação teórica do tema da exclusão. São indicadores de que o cenário é positivo para a inclusão de grande parte da população brasileira na SI. Há uma consciência coletiva de que não basta ler, escrever e ter diploma. É preciso ser um alfabetizado digital, operar em rede, buscar informações, compartilhar conhecimentos e tornar este saber útil, transformador e inovador.

Precisamos transformar a tecnologia da informação na ferramenta que nos permita resgatar, o atraso, a miséria e a ignorância, da maioria da nossa população. Assim, seja em qual for a sociedade em que vivemos, em um país continental como o nosso, é acompanhar os avanços tecnológicos. Nesse panorama, inclusão digital torna-se parceira da cidadania, e favorece a busca de soluções no trato com o ambiente, a educação e o desenvolvimento. Entendida como uma política que vai além do acesso ao computador, a inclusão digital pode ser uma aliada na apropriação das tecnologias existentes, de modo a assegurar autonomia e capacidade para escolher a melhor maneira de utilizá-la nos mais variados segmentos da população.

Emir José Suaiden é professor titular da UnB e Diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.

Data da Notícia: 11/09/2007 09:43

 

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