Live do Ibict abordou a mediação cultural da informação para o reencantamento do mundo
No dia 9 de dezembro, a live QuartaàsQuatro debateu o tema “Mediação cultural da informação para o reencantamento do mundo”. Promovida semanalmente pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), a live abordou a implementação de práticas de mediação cultural da informação no âmbito do ensino e da pesquisa acadêmica, destacando a contribuição dessas práticas para a ampliação dos horizontes epistemológicos do pensamento científico.
Participaram do debate os convidados Arthur Coelho Bezerra, pesquisador titular do Ibict e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, o PGCI (convênio Ibict e Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) e Luciane de Fátima Beckman Cavalcante, professora do Departamento de Ciência da Informação e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
O tema da live foi construído a partir do artigo “Mediação cultural da informação para o reencantamento do mundo”, assinado pelos dois pesquisadores e publicado pela revista científica Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação.
No encontro, Arthur destacou a contribuição de boas práticas de mediação da informação para a ampliação dos horizontes epistemológicos do pensamento científico. “Reconhecemos o método científico como a forma mais arrojada de sistematização do conhecimento desenvolvida pela humanidade, porém em oposição à ideia de que o saber cientifico é o único portador de rigor e validade. Compreendemos que a perspectiva de desencantamento do mundo desenvolvida por Max Weber é resultante de uma racionalização das mais diferentes esferas da vida, num processo que opera na esteira da colonização de corpos e mentes, numa espécie de marginalização de apagamento de conhecimentos e saberes de povos tradicionais e de minorias ao redor do planeta que nós pretendemos resgatar numa perspectiva da mediação cultural da informação”, diz o professor.
A professora Luciane diz que as perspectivas da mediação da informação e mediação cultural oferecem meios para que a ciência possa dialogar com as epistemologia e visões de mundo distintas. “A adoção dessas práticas de mediação cultural da informação possibilita um reencantamento do mundo. E no caso, a gente traz o reencantamento dos aspectos científicos para entender as conexões e relações científicas que são estabelecidas nesse cenário. Tanto para os elementos que são singulares, mas também na aproximação de questões plurais”, avalia.
Assista à live na íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=oOiA9Ftd7E4
Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
Live do Ibict vai discutir a mediação cultural da informação para o reencantamento do mundo
No dia 9 de dezembro, a QuartaàsQuatro debaterá o tema “Mediação cultural da informação para o reencantamento do mundo”. Promovida semanalmente pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), a live abordará a implementação de práticas de mediação cultural da informação no âmbito do ensino e da pesquisa acadêmica, destacando a contribuição dessas práticas para a ampliação dos horizontes epistemológicos do pensamento científico. Haverá certificado para quem participar ao vivo.
Participarão do debate os convidados Arthur Coelho Bezerra, pesquisador titular do Ibict e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, o PGCI (convênio Ibict e Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) e Luciane de Fátima Beckman Cavalcante, professora do Departamento de Ciência da Informação e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
A mediação cultural da informação tem o condão de operar uma espécie de “reencantamento do mundo”, permitindo que o entendimento dos fenômenos investigados pela ciência não se dê exclusivamente no âmbito da racionalização instrumental dos processos do conhecer, mas, também, pelas singularidades e pluralidades construídas e reconstruídas a partir de trocas simbólicas no plano da cultura.
Confira o currículo dos participantes:
Arthur Coelho Bezerra
Doutor em Ciências Humanas (Sociologia) pela UFRJ. Pesquisador Titular do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Docente do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI IBICT UFRJ). Líder do grupo de pesquisa Estudos Críticos em Informação, Tecnologia e Organização Social (Escritos). Vice-representante da América Latina no International Center for Information Ethics (ICIE).
Luciane de Fátima Beckman Cavalcante
Docente do Departamento de Ciência da Informação e do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Vice-Coordenadora do referido Programa. Possui Mestrado e Doutorado em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Líder do grupo de pesquisa Informação, Conhecimento e Cultura em Múltiplos Ambientes (INFOCCULT).
Clique em http://live.ibict.br/ para acessar o canal do Ibict no Youtube.
Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
Inscrições gratuitas: IV Seminário de Estudos Críticos em Informação, Tecnologia e Organização Social
Estão abertas as inscrições para o IV Seminário de Estudos Críticos em Informação, Tecnologia e Organização Social, realizado pelo grupo de pesquisa Escritos, vinculado ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict).
Com o tema "Visibilidade social dos 'invisíveis'", esta edição do encontro ocorrerá on-line, no dia 30 de outubro, a partir das 15 h (horário de Brasília). O evento vai debater pesquisas e estudos sobre grupos vulneráveis e invisibilizados.
As conferências são frutos de dissertações e teses defendidas no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI/Ibict-Ufrj), sob orientação de Arthur Coelho Bezerra, pesquisador do Ibict e líder do grupo de pesquisa Escritos, que organiza o evento.
“Os trabalhos apresentam uma combinação de pesquisa teórica e investigação empírica que contribuem para a visibilidade de diferentes grupos em situações de risco, vulnerabilidade ou marginalidade, entendendo que essa visibilidade é condição imprescindível para projeções de reconhecimento, protagonismo, redistribuição e justiça social”, diz Arthur Coelho Bezerra.
Segundo Bezerra, os estudos contribuem para o debate sobre inclusão social, cidadania e direitos. “O combate a atos de violência por motivos de orientação sexual, etnia, gênero ou classe social é melhor travado com as armas da boa crítica, a que se fundamenta em pesquisas e estudos sobre esses grupos”.
Serão emitidos certificados de participação para as pessoas que se inscreverem previamente no seminário e acessarem o link no dia do evento.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas clicando aqui. O link para o seminário será divulgado no dia do evento, na página do Escritos.
Confira a programação:
Conferências:
Monique Figueira (mestra pelo PPGCI) e o conhecimento sobre território e população em situação de rua
Bruno Nathansohn (doutor pelo PPGCI) e o regime de informação do sistema de refúgio brasileiro
Nathália Romeiro (mestra pelo PPGCI) e a desnaturalização da violência contra a mulher
Apresentação e mediação: Arthur Coelho Bezerra (IBICT / PPGCI / Escritos)
Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
Sugestão de leitura- “Da teoria matemática para uma proposta de teoria crítica da informação: a integração dos conceitos de regime de informação e competência crítica em informação”
O artigo “Da teoria matemática para uma proposta de teoria crítica da informação: a integração dos conceitos de regime de informação e competência crítica em informação” foi publicado na revista científica Perspectivas em Ciência da Informação, v.25, n.3, 2020 vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
De autoria de Arthur Coelho Bezerra, pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação Ibict-Ufrj, o artigo propõe uma teoria crítica da informação, pensada a partir dos conceitos de regime de informação e o de competência crítica em informação.
O artigo faz uma contextualização histórico-crítica da teoria matemática da comunicação de Claude Shannon e Warren Weaver, reconhecendo a importância de sua influência na consolidação da ciência da informação nos Estados Unidos e apontando os limites de sua intenção unidimensional.
A análise serve de mote para a apresentação da teoria crítica da sociedade, desenvolvida no mesmo período por filósofos alemães da chamada Escola de Frankfurt. O conceito de regime de informação é apresentado como ferramenta para se pensar, à luz da teoria crítica, a estrutura do ecossistema informacional contemporâneo, bem como suas tensões e contradições.
Chega-se ao conceito da competência crítica em informação o referencial de uma práxis transformadora, voltada à ampliação da autonomia dos indivíduos no atual ecossistema informacional, fundamental para o exercício da cidadania em tempos de desinformação, mediação algorítmica, vigilância digital e ataques à privacidade.
O artigo está disponível no link:
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/4026
Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
Entrevista: Arthur Coelho Bezerra fala de ética da informação e pandemia
Arthur Coelho Bezerra é pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação/Ibict-UFRJ. Ele também é vice representante da América Latina e Caribe no Conselho Consultivo do International Center for Information Ethics (ICIE) e coordenador do grupo de pesquisa Estudos Críticos em Informação, Tecnologia e Organização Social (Escritos).
Na entrevista ao site do Ibict, o professor reflete sobre a ética da informação no cenário de emergência da Covid-19. Com a pandemia, surgem novas formas de monitoramento social e de dados, na tentativa de mitigar o contágio do vírus. Para o pesquisador, o controle de dados pessoais nesse contexto enfrenta uma série de dimensões éticas e pode ser positivo ou negativo.
Como você define vigilância e o que esse tema nos diz sobre a sociedade contemporânea?
Arthur Coelho Bezerra - Em termos gerais, a vigilância é o monitoramento de alguma coisa (seja de pessoas, organismos, objetos, lugares, fenômenos ou outros tipos de informação) para o exercício de algum tipo de influência e controle, que podem ser positivos ou negativos em suas finalidades. A vigilância não é uma prática inaugurada na modernidade, mas ganha uma aparência de ubiquidade e onipresença quando incorporada às tecnologias de comunicação e informação.
Como você define ética da informação e em que ela se basearia? Qual é a questão-chave desse campo de estudo?
Arthur Coelho Bezerra - Se entendemos a ética como o estudo dos valores que orientam a conduta dos agentes, ou seja, como a ciência da moral, a ética da informação, por analogia, refere-se à observação reflexiva das práticas sociais no campo da informação, tendo como objetos de análise tanto os comportamentos informacionais dos indivíduos quanto a estrutura dos ecossistemas informacionais, que condicionam as dinâmicas de produção, circulação e uso da informação.
Como a Covid-19 impactou o mundo na questão informacional e de vigilância digital? Quais tecnologias emergentes você pode citar?
Arthur Coelho Bezerra - Vamos pensar na temperatura do corpo: em princípio, um dado biométrico como esse é de interesse privado – em condições normais, ninguém é obrigado a revelar para outras pessoas se está ou não febril. No entanto, em uma situação de pandemia, o interesse público se impõe sobre o direito individual à privacidade: se apresentar febre pode significar um possível contágio pelo vírus, cidadãos e cidadãs passam a ser obrigados a revelar essa informação pessoal no momento de ingresso em certos ambientes públicos. A pandemia, nesse sentido, produz um encolhimento das dimensões da privacidade.
Um outro exemplo de tecnologia digital usada no combate à Covid-19 é referente às técnicas de georreferenciamento, que se tornaram importantes aliadas tanto no combate às aglomerações de pessoas, por conta de protocolos de distanciamento social, quanto no rastreio dos trajetos de indivíduos e detecção de suas passagens por áreas de risco de contaminação. Neste caso, o processo de “anonimização” dos dados, ou seja, a desassociação das informações que possam identificar diretamente o indivíduo, contribui para que o combate ao vírus não seja feito às custas das perdas de privacidade dos indivíduos.
Quais as diferenças que você observa nos países asiáticos e outros países (Europa, Américas) em relação ao uso da informação para o combate ao vírus? Como você enxerga o Brasil em relação a outros países?
Arthur Coelho Bezerra - As práticas de vigilância têm se mostrado mais disseminadas em países asiáticos, especialmente na China, país que possui mais de 200 milhões de câmeras de vigilância e que foi também palco do primeiro caso registrado da Covid-19. Segundo o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, a vigilância disseminada por lá é fruto da mentalidade autoritária que caracteriza a tradição cultural confucionista, que faz com que as pessoas sejam menos avessas ao controle e mais obedientes ao governo do que em países da Europa e das Américas. Isso inclui o Brasil, que, além de apresentar maiores níveis de desobediência às medidas de isolamento social, por exemplo, tem como agravante o desencaixe entre a orientação de organismos mundiais de saúde e as práticas governamentais efetivamente adotadas.
Você costuma avaliar a questão da vigilância sob uma perspectiva dialética. Por que é mais adequado olhar sob essa perspectiva e de que forma a vigilância na pandemia pode ser um fenômeno positivo e um fenômeno negativo?
Arthur Coelho Bezerra - O caso chinês é um bom exemplo para pensarmos dialeticamente: se um governo considerado mais autoritário e no qual o indivíduo tem menos privacidade é potencialmente mais capaz de conter a pandemia através da imposição de medidas de restrição à população, devemos crer que a privacidade é inimiga da segurança? Penso que não, e a história recente nos dá exemplos disso, como vimos nas práticas de vigilância em massa realizadas pela agência de segurança norte-americana após o 11 de setembro de 2001, em nome de um suposto combate ao terrorismo que se revelou, na prática, uma estratégia de controle econômico e político. Por isso, é importante que as práticas de vigilância sejam constantes alvos de análises e avaliações a respeito de suas finalidades e efeitos, tarefas para as quais a ética da informação tem muito a contribuir.
O que podemos aprender com a Covid-19 e como você imagina o mundo pós-pandemia?
Arthur Coelho Bezerra - A grande circulação de desinformação nas redes digitais em relação à Covid-19 ressalta a importância, por um lado, da existência de um ecossistema informacional diversificado e comprometido com a confiabilidade dos fatos e verificação das informações, atributos caros à prática jornalística de qualidade. Por outro lado, além da confiança na imprensa, é necessário fortalecer a confiança na ciência, não apenas mitigando movimentos anticiência, como as campanhas antivacinas e os terraplanismos de ocasião, como também, e mais ainda, fomentando a pesquisa científica do país. Não devemos esquecer que a pandemia mais devastadora da história humana ocorreu na Idade Média, no século XIV, em um período de estagnação da ciência que foi posteriormente superado pela revolução científica de Copérnico, Galileu e outros. Com algum otimismo (este que tanto nos falta em períodos de isolamento), podemos vislumbrar, também, um futuro possível de superação do negacionismo científico e informacional.
Carolina Cunha
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
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