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Representantes de várias instituições brasileiras, entre elas do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), reuniram-se no dia 31 de julho para a 11ª Reunião Bimestral do Compromisso pela Ciência Aberta. Na ocasião, os representantes das instituições envolvidas apresentaram os resultados dos trabalhos realizados para o cumprimento do 3º compromisso do 4º Plano de Ação Nacional para Governo Aberto, lançado em outubro de 2018 dentro da Parceria para Governo Aberto (OGP).

O 3º compromisso do plano é voltado para o estabelecimento de mecanismos de governança de dados científicos para o avanço da Ciência Aberta no Brasil. Ao longo da reunião, os representantes das instituições comemoraram a entrega de resultados do compromisso, concretizada com o aprimoramento de instrumentos de governança da ciência para o avanço da ciência aberta e para uma maior compreensão do universo de dados produzidos pela pesquisa brasileira.

Entre os marcos sob responsabilidade direta ou indireta do Ibict, estiveram a definição de diretrizes e princípios para políticas institucionais de apoio à Ciência Aberta; a promoção de ações de sensibilização, participação e capacitação em Ciência Aberta; a implantação de uma infraestrutura federada piloto de repositórios de dados de pesquisa; e a proposição de padrões de interoperabilidade para repositórios de dados de pesquisa.

A criação da infraestrutura federada envolveu três grandes questões: a existência de um portal agregador dos dados, a disponibilidade dos próprios repositórios e protocolos de interoperabilidade entre o portal agregador e os repositórios. O Portal Brasileiro de Publicações Científicas em Acesso Aberto (oasisbr) foi escolhido como o mecanismo agregador dos dados e já está disponibilizando os primeiros dados de pesquisa agregados (veja aqui).

O Compromisso é oficialmente coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e conta com a atuação de instituições de governo e da sociedade civil, entre elas: Arquivo Nacional, Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ibict, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Universidade de Brasília (UnB), Open Knowledge Foundation (OKBR), SciELO e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).

Saiba mais:

Parceria para Governo Aberto

A Parceria para Governo Aberto (do inglês, Open Government Partnership - OGP) é uma iniciativa internacional composta, atualmente, por 75 nações. O Brasil é cofundador dessa parceria que foi criada, em setembro de 2011, com o objetivo de difundir e incentivar globalmente práticas governamentais relacionadas à transparência dos governos, ao acesso à informação pública e à participação social.

As ações relativas à OGP são operacionalizadas, em cada país, por meio de um Plano de Ação Nacional, onde são especificados os compromissos em Governo Aberto assumidos pelo país e as estratégias e atividades para concretizá-los. Os planos de ação possuem duração de até dois anos e, ao longo desse período, os Governos precisam publicar, anualmente, um relatório de autoavaliação sobre a execução dos compromissos assumidos.

4º Plano de Ação Nacional em Governo Aberto

O Brasil publicou, em 29 de outubro de 2018, o seu 4º Plano de Ação Nacional composto por 11 compromissos, os quais foram cocriados com o envolvimento de 105 pessoas, representantes de 88 instituições, sendo 39 organizações da sociedade civil, 39 órgãos da Administração Pública Federal e 10 órgãos das Administrações Públicas Estaduais e Municipais. 

Conheça a página Wiki da Ciência Aberta na OGP Brasil:
https://wiki.rnp.br/pages/viewpage.action?pageId=107315238.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict, com informações da página Wiki da Ciência Aberta na OGP Brasil

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A partir do tema "Diálogos sobre Ciência Aberta", o Encontro Brasileiro de Bibliometria e Cientometria (7° EBBC) reuniu, no último dia 23, estudantes e profissionais de todo o país para discussões sobre Ciência Aberta no Brasil. O webinar contou com a presença de Sarita Albagli, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), André Appel, pesquisador da Coordenação de Tecnologias Aplicadas a Novos Produtos do Ibict, e os pesquisadores Vanessa Jorge e Josué Languardia, representando a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O evento foi aberto pela professora Sarita Albagli, que fez um panorama sobre a Ciência Aberta e a relação entre Ciência Aberta e Ciência Cidadã, detalhando as redes de atores envolvidos no processo, as transformações vivenciadas a partir da COVID-19 e a importância da interação entre ciência e movimentos sociais. Conforme a professora, a Ciência Aberta é um campo de disputas e deve envolver uma profunda mobilização social, de modo que várias estratégias sejam desenvolvidas coletivamente com a participação de toda a sociedade.

Em seguida, a pesquisadora Vanessa Jorge debateu questões envolvendo o compartilhamento, a abertura e a gestão de dados no contexto da Ciência Aberta, bem como trouxe detalhes a respeito de uma rede de instituições que atuam no âmbito do 4º Plano de Ação Nacional para Governo Aberto, lançado em outubro de 2018 dentro da Parceria para Governo Aberto (OGP). Além disso, Vanessa Jorge detalhou questões envolvendo as diferenças entre o compartilhamento e a abertura de dados, bem como o campo científico da Ciência Aberta e todas as relações estabelecidas, a partir dos estudos do sociólogo Pierre Bourdieu e as disputas de poder.

Por sua vez, André Appel realizou uma apresentação voltada para a Ciência Aberta, as publicações abertas e a gestão de dados de pesquisa. Ao longo da apresentação, o pesquisador discutiu sobre o conceito e o processo de geração e sustentabilidade de dados de pesquisa e explicou detalhes a respeito das publicações científicas e do papel do pesquisador com a Ciência Aberta.

Por fim, José Languardia detalhou as ações de Ciência Aberta realizadas pela Fiocruz, no âmbito da Coordenação de Informação e Comunicação. Conforme Josué Languardia, a Ciência Aberta na Fiocruz está amparada em alguns princípios, entre eles o interesse público, a gestão de abertura de dados para pesquisa e o desenvolvimento de capacidades e sustentabilidade.

O evento pode ser assistido integralmente via Youtube. Clique aqui para assistir (link via Youtube).

Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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O Laboratório de Ciência Cidadã (Laboratorio de Ciencia Ciudadana) da Universidad de Los Lagos (ULAGOS), no Chile, promoveu no dia 23 o webinar "Ciência Aberta na América Latina". O evento fez parte do "Ciclo de Conversaciones, Ciencia Abierta y Ciudadana" e contou com a presença de Sarita Albagli, docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict).

O webinar integra um ciclo de encontros mensais e on-line realizados com o objetivo de sensibilizar a comunidade universitária e a sociedade sobre as características e contribuições da ciência aberta e cidadã. A partir do diálogo com especialistas de toda a América Latina, o ciclo de conversas objetiva conhecer projetos, iniciativas e programas na área.

Durante a apresentação, Sarita Albagli realizou um panorama geral sobre a Ciência Aberta, explicando seu conceito e abrangência, bem como detalhando a história do assunto no Brasil e na América Latina. Conforme a professora, os profissionais da Biblioteconomia foram os primeiros pioneiros da Ciência Aberta, quando passaram a expressar as dificuldades enfrentadas em relação ao acesso à literatura científica.

A professora também discutiu a respeito dos desafios enfrentados pela Ciência Aberta, entre eles, a rede formada por editoras científicas com forte concentração e atuação em nível internacional. Outro aspecto apontado por Sarita Albagli ao longo do evento foram as mudanças trazidas para a Ciência Aberta com desafios internacionais, como a COVID-19, o Ebola e as mudanças climáticas – os quais exigem o compartilhamento de dados entre cientistas.

“A Ciência Aberta é necessária e relevante para gerar mais conhecimento e cada vez com mais velocidade. Ela também traz reflexões sobre o tipo de ciência e de conhecimento que nós produzimos. Quem será beneficiado com o trabalho dos cientistas? A ciência é fundamental para enfrentar grandes desafios da humanidade e se desenvolve melhor quando é compartilhada”, explicou Sarita Albagli.

No decorrer da palestra, a professora reforçou o destaque da América Latina na promoção da Ciência Aberta e ressaltou a importância da democracia nesse processo – fato que está relacionado à própria ciência cidadã. A questão dos dados abertos também foi apontada por Sarita Albagli como uma discussão emergente em relação à Ciência Aberta.

Como ressaltou a pesquisadora durante o evento, é preciso pensar também em infraestruturas para a gestão dos dados de pesquisa e discutir como é que o movimento da Ciência Aberta está conectado às discussões sobre licenças, de modo que os dados possam ser reproduzidos e reutilizados em outras pesquisas sem que deixem de ser protegidos.

A palestra será posteriormente lançada no canal do Youtube do Laboratório Ciência Cidadã da Universidad de Los Lagos. Para mais informações, acesse:
www.cienciaciudadana.ulagos.cl.

 

Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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A Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC Brasil) realizou ontem (7) o webinar “EmeRI: ciência aberta para receber as revistas... de braços abertos”. Foram convidados como palestrantes do webinar a coordenadora geral de Pesquisa e Manutenção de Produtos Consolidados do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Bianca Amaro, e Piotr Trzesniak, secretário-geral da ABEC Brasil.

Durante o webinar, palestrantes e participantes discutiram questões essenciais sobre ciência aberta e preprints no contexto de criação e função do Repositório de Preprints Emerging Researcher Information (EmeRI). Bianca Amaro realizou uma contextualização desde o surgimento da ciência aberta até os desafios atuais enfrentados em relação ao assunto. A coordenadora explicou que o debate sobre a ciência aberta tem se destacado fortemente no contexto de pandemia do novo coronavírus.

“A ciência é a base para que possamos sair da pandemia. A partir do momento em que se compartilha o conhecimento é possível trocar informações com mais celeridade e, com isso, a ciência avança mais rapidamente. Não podemos nos esquecer que a ciência é um bem comum. As mudanças que o mundo está vivenciando irão influenciar para repensar paradigmas consolidados sobre como fazer ciência”, explicou Bianca Amaro.

Entre os produtos apresentados por Bianca Amaro construídos sob os pilares da Ciência Aberta está o Portal Brasileiro de Publicações Científicas em Acesso Aberto – oasisbr do Ibict, um mecanismo de busca multidisciplinar que permite o acesso gratuito à produção científica de autores vinculados a universidades e institutos de pesquisa brasileiros.

Repositório de Preprints Emerging Researcher Information: Outro produto apresentado por Bianca Amaro durante o webinar promovido pela ABEC Brasil foi o Repositório de Preprints Emerging Researcher Information. O aprofundamento sobre o EmeRI foi realizado por Piotr Trzesniak, que conduziu uma ampla explicação sobre o funcionamento do repositório recém implementado. O objetivo do EmeRI é prestar serviços às revistas e editores, de modo a agilizar a difusão de resultados de pesquisas científicas emergentes a partir da disponibilização de arquivos de preprints.

A proposta do EmeRI surgiu conforme demandas espontâneas de alguns editores científicos brasileiros que viram a necessidade de acelerar a disponibilização dos artigos submetidos às suas revistas, especialmente frente à pandemia do Coronavírus. O EmeRI insere-se nos movimentos mundiais de Acesso Aberto e Ciência Aberta, que pressupõem, respectivamente, o acesso à informação científica livre de barreiras e a abertura e celeridade do processo científico.

Além do Ibict e da ABEC, são parceiros do EmeRI o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da UNESCO.

O EmeRI pode ser acessado no seguinte endereço: https://preprints.ibict.br.

O vídeo do webinar “EmeRI: ciência aberta para receber as revistas... de braços abertos” está disponível integralmente no Youtube da ABEC (clique abaixo para assistir). 

 

Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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O artigo “Data Geovisualization and Open and Citizen Science - the LindaGeo Platform Prototype” (em português "Geovisualização de dados e ciência aberta e cidadã - a experiência da Plataforma LindaGeo") acaba de ser disponibilizado pelo periódico DHQ: Digital Humanities Quarterly.

São autores do artigo a pesquisadora Sarita Albagli, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - desenvolvido em parceria entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Hesley Py, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); e Allan Yu Iwama, da Universidad de Los Lagos - Centro de Estudios del Desarrollo Regional y Políticas Públicas (CEDER).

O artigo propõe uma discussão sobre as possibilidades e os limites das novas infraestruturas de geovisualização de dados e informações como plataformas de ciência cidadã e cartografia social para o compartilhamento e a coprodução de conhecimentos. O trabalho discute particularmente o uso dessas infraestruturas e metodologias participativas para instrumentação da intervenção social sobre o ordenamento e o desenvolvimento territorial.

Ao longo do texto, os autores conduzem uma resenha crítica das principais definições, conceitos-chave e questões em debate sobre o tema, e apresentam reflexões derivadas dos resultados do desenvolvimento de um protótipo de plataforma de dados abertos geoespaciais, envolvendo a participação de diferentes grupos sociais locais, como parte de uma pesquisa-ação de ciência aberta realizada no município de Ubatuba, no litoral norte do estado de São Paulo.

O artigo está disponível em português e em inglês, no seguinte link: http://digitalhumanities.org/dhq/vol/14/2/000452/000452.html


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict
Com informações do artigo “Data Geovisualization and Open and Citizen Science - the LindaGeo Platform Prototype”

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Em busca da ampliação do entendimento sobre os processos de produção, circulação e uso da informação científica e também a respeito dos desafios às estruturas e modelos tradicionais e hegemônicos da comunicação científica, o pesquisador André Appel, hoje doutor em Ciência da Informação, decidiu realizar uma ampla pesquisa sobre o assunto.

A pesquisa de André Appel gerou a tese “Dimensões Tecnopolíticas e Econômicas da Comunicação Científica em Transformação”, defendida no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI), desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). O trabalho foi orientado pela professora Sarita Albagli.

Em entrevista para o site do Ibict, André Appel, que é pesquisador da Coordenação de Tecnologias Aplicadas a Novos Produtos (COTEA) do Ibict, conta sobre a importância das transformações no processo de publicação de periódicos científicos, as quais têm ocorrido intensamente especialmente desde a pandemia de COVID-19, fato que obrigou a ciência se reinventar.

André Appel também explica sobre a importância da Ciência Aberta e do Acesso Aberto para o crescimento da ciência brasileira e mundial, em especial o potencial de renovação nos processos de produção e publicação de resultados de pesquisa, com ampliação da participação e do acesso.

Confira!

Ibict: O que motivou a escolha do tema da sua tese? Por que estudar a comunicação científica?

André Appel: Meu interesse pelos temas da comunicação científica e do Acesso Aberto vem desde a graduação, época em que participei como voluntário em um programa de iniciação científica, trabalhando em pesquisas sobre esses temas. Ao longo do mestrado e doutorado no PPGCI, por conta da rica interação com os docentes e colegas do programa, com minhas orientadoras e com diversos pesquisadores e pesquisadoras, em eventos da área e outros canais da Internet, tive a oportunidade de absorver variadas perspectivas e abordagens sobre esses temas. Depois disso, além de uma abordagem mais técnica, de análise dos suportes e fluxos de informação, procurei então investir em uma perspectiva mais crítica e mais analítica de como esses fenômenos, comunicação científica e acesso aberto, por meio de condicionantes sociais, políticos ou econômicos, chegaram às suas configurações atuais.

Ibict: Tendo como base os resultados da sua tese, qual a importância da Ciência Aberta e do Acesso Aberto?

André Appel: O Acesso Aberto, desde muito cedo, advoga pela garantia de acesso livre e gratuito ao conhecimento científico, isto é, um acesso livre de barreiras de natureza técnica, social ou econômica. Já a Ciência Aberta configurou-se como um movimento que advoga não somente pela garantia do acesso irrestrito ao conhecimento, mas também pela garantia de que todos e todas tenham chance de contribuir com o “fazer ciência”. Essas são características de uma ciência mais justa e menos elitizada e que, por consequência disso, torna-se mais eficiente na sua tarefa de beneficiar toda a sociedade, todas as culturas, e não somente determinadas nações ou determinados grupos.

Ibict: Sua tese foi produzida em 2019. Com o novo cenário vivenciado a partir da pandemia, o que mudou a partir do seu estudo?

André Appel: Creio que uma das principais mudanças diz respeito ao significativo aumento da interação e da atividade de pesquisa por meio da Internet, com a consequente ampliação da demanda por ferramentas e plataformas para mediar esse tipo de interação. Aulas, reuniões, treinamentos, disseminação de conteúdo, grande parte das atividades relacionadas à produção e circulação de conhecimentos que antes se dava pela via presencial, passou a ser realizada de forma remota. Nesse aspecto, é muito importante que possamos usufruir de infraestruturas comuns e compartilhadas de pesquisa, e isso inclui não somente ferramentas eficazes de telecomunicação audiovisual, mas também ferramentas para facilitar o acesso e o compartilhamento de dados e demais resultados de pesquisa.

Tanto no Brasil quanto no exterior vem ocorrendo um movimento de investimentos, públicos e privados, nessas infraestruturas de dados abertos e de comunicação em pesquisa, as quais agora se mostram cruciais para o intercâmbio, o monitoramento e a análise de dados sobre a pandemia, além de viabilizarem a continuidade do trabalho de pesquisa pela via remota.

Há diversas plataformas de uso comercial ou restrito permitindo o uso gratuito, especialmente para pesquisas relacionadas à Covid-19. É preciso lembrar, por outro lado, e isso eu destaco na minha pesquisa, que esse uso não é a custo zero. Enquanto interagimos e inserimos dados nessas plataformas, nós trabalhamos indiretamente para a melhoria e para o aperfeiçoamento delas, alimentando algoritmos e modelos computacionais, gerando novos conjuntos de dados para análise de desempenho e produtividade em pesquisa e novas ferramentas que não necessariamente serão fornecidas de graça no futuro. O advento da pandemia, por exemplo, resulta em condições extremas de uso dessas plataformas e em volumes de dados para análise e avaliação de desempenho outrora inalcançáveis.

Ibict: É correto dizer que a comunicação científica nunca mais será a mesma depois da pandemia?

André Appel: Na visão de diversos estudiosos da área, a comunicação científica compreende basicamente dois grandes conjuntos de canais. Os formais, onde estão os livros e periódicos, que são avaliados e validados por pares e também são de ampla circulação; e os canais informais, que envolvem as comunicações tradicionalmente mais efêmeras, resumidas, menos formais, e que circulam entre um público mais restrito. Lembrando que essas definições já sofreram muitas transformações com a transição para o ambiente digital, mas muitos aspectos ainda se mantêm. E, a meu ver, os canais informais são os mais impactados pela pandemia, até o momento.

Penso em três exemplos para explicitar isso. Primeiro, o dos colégios invisíveis, essa que é uma expressão usada para representar pequenos grupos de cientistas, que se comunicam constantemente e sob uma intensa relação de confiança. São aqueles colegas com quem a gente primeiro compartilha ideias, textos, resultados de pesquisa etc. em busca de revisões, conselhos, novas ideias e diferentes perspectivas. Esses grupos que há muito tempo fazem uso das telecomunicações, farão agora um uso ainda mais intensivo e enfrentarão menos barreiras para manter o contato, mesmo com a redução da interação presencial.

Como segundo exemplo, cito o caso das comunicações realizadas em congressos e eventos que, creio eu, levarão muito tempo ainda para voltar a ocorrer de forma presencial. E mesmo com o retorno, creio que se configurem de forma totalmente diferente do que estamos acostumados, muito em função das inúmeras experimentações que têm ocorrido nesse período da pandemia. Tenho visto congressos em que trabalhos são apresentados na forma de posts no Twitter, palestras e seminários com transmissão ao vivo para públicos amplos, seminários no formato de webconferências, nos quais o público tem uma presença um pouco mais destacada em relação às transmissões, entre outros exemplos.

Esse contexto traz alguns prejuízos, como a perda da informalidade inerente à comunicação face-a-face, fazendo com que muitos se sintam constringidos ou pouco à vontade para se manifestar, além da perda das conversas e trocas de ideias durante os intervalos do café e outros fatores. Por outro lado, traz também benefícios, como a disponibilidade para um público maior e mais disperso geograficamente, que outrora não teria condições de participar por dificuldade de descolamento, por exemplo, além do potencial de multitarefa, ou seja, possibilidade de acompanhar os eventos enquanto trabalhamos em outras atividades. Como terceiro exemplo, trago a questão dos preprints, que também têm seu protagonismo ampliado durante a pandemia.

Ibict: Poderia contar um pouco sobre o que são preprints?

André Appel: Preprints são formas de comunicação prévia e mais ágil de resultados de pesquisa enquanto estes ainda passam pelo processo de validação e revisão por pares ou enquanto aguardam publicação formal e chancela final da comunidade científica, com a publicação em um periódico científico. Esse processo pode levar de semanas a meses, tempo este que é absolutamente crítico em meio a uma pandemia. No Brasil, ganham destaque duas novas iniciativas para viabilizar a disponibilização de preprints, uma delas encabeçada pela parceria entre Ibict e Abec e outra encabeçada pela rede SciELO, ambas com foco, no momento, na difusão de pesquisas sobre Coronavírus e Covid-19.

No plano global, um estudo recente, um preprint, justamente, mostra que mais de 40% de toda a literatura sobre Covid-19 gerada até o momento foi divulgada como preprint. Com o crescimento desse protagonismo, pode-se vislumbrar um cenário futuro em que todos os novos resultados de pesquisa sejam primeiramente depositados em repositórios de preprints, os quais serão monitorados de perto por editores e editoras que, por sua vez, convidarão os autores a publicarem aqueles resultados também em seus periódicos, conforme interesse temático, interesse em receber citações etc., fazendo com que periódicos se tornem espécies de coleções curadas de preprints/artigos.

E para todos esses três exemplos que acabo de citar, ressalto novamente a importância das plataformas e infraestruturas anteriormente mencionadas, pois elas subsidiam muitas das atividades nesses canais informais.

Ibict: Quais limites você encontrou como pesquisador para a realização do seu estudo? Recomendaria outros estudos nesse sentido?

André Appel: Acho que o principal desafio enfrentado diz respeito à dinamicidade da relação comunicação científica e Acesso Aberto. A todo momento surgem novas proposições, práticas, diretrizes, novos modelos de negócio no cenário comercial etc., tornando difícil documentar e analisar todos esses acontecimentos.

Outra dificuldade está na barreira linguística e geográfica. Linguística quando muitos dos estudos sobre o tema são publicados em outros idiomas ou quando a gente precisa publicar nossos próprios estudos em outro idioma para atingir um público mais amplo ou em atendimento a demandas de avaliação e de produtividade, e isso gera uma camada extra de atenção e de trabalho, por assim dizer, e geográfica quando reuniões e discussões importantes sobre o tema ocorrem em regiões distantes e a gente não tem a chance de acompanhar presencialmente. Minha recomendação é para que se intensifiquem os estudos sobre as plataformas e infraestruturas de pesquisa, especialmente de acesso, código e padrões abertos, para que não fiquemos reféns de soluções pagas no futuro.

A tese em versão integral de André Appel pode ser encontrada no Repositório Institucional do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - RIDI/Ibict, clicando aqui.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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Sob o tema “O papel da Ciência Aberta e Governo Aberto face à pandemia do novo coronavírus (COVID-19)”, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) promoverá, no dia 18 de junho, o II Encontro Nacional de Ciência Aberta e Governo Aberto, das 14h às 16h. O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) é um dos parceiros na organização do evento, que será realizado como um webinar.

O evento propõe uma reflexão sobre a importância da abertura dos dados no enfrentamento à pandemia e suas perspectivas, barreiras e usos de dados governamentais abertos para a saúde da sociedade. Assim como no primeiro encontro, o objetivo é aproximar as duas perspectivas que estão potencializadas pelo atual cenário de pandemia, em que se torna mais urgente e necessária a atuação conjunta das iniciativas públicas e privadas, exigindo uma atuação transparente e aberta à participação social.

O webinar contará com a participação da diretora executiva da Open Knowledge Brasil (OKBR), Fernanda Campagnucci, e do coordenador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz), Daniel Villela. O coordenador de Informação e Comunicação da Fiocruz, Josué Laguardia, será o mediador da roda de conversa.

O encontro é resultado das ações da Fiocruz no âmbito do 4º Plano de Ação Brasileiro (2018-2020), da Parceria pelo Governo Aberto (Open Government Partnership – OGP), que tem o compromisso de “estabelecer mecanismos de governança de dados científicos para o avanço da ciência aberta no Brasil”.

Além da Fiocruz e do Ibict, compõem a organização do evento: a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Rede Nacional de Pesquisa (RNP).

Gratuito e aberto ao público, o webinar será transmitido pelo canal da Fiocruz no Youtube. Não é necessário fazer inscrição prévia para participação.

Serviço:
Webinar O papel da Ciência Aberta e Governo Aberto face à pandemia do novo coronavírus (COVID-19)
Data: 18 de junho (quinta-feira), das 14h às 16h.
Acompanhe ao vivo pelo Youtube da Fiocruz

Programação

ABERTURA

RODA DE CONVERSA Ciência Aberta e Governo Aberto: no contexto da COVID-19.
Mediação: Josué Laguardia - coordenador de Informação e Comunicação da Fiocruz
Daniel Villela - coordenador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz)
Fernanda Campagnucci - diretora da Open Knowledge Brasil

PERGUNTAS E RESPOSTAS

ENCERRAMENTO


Fonte: Fiocruz, com colaboração de Patrícia Osandón (Núcleo de Comunicação Social do Ibict)

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Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e instituições parceiras participaram de reuniões virtuais da Open Repositories 2020, entre os dias 1 e 2 de junho. Os encontros on-line foram uma solução proposta para o adiamento da Open Repositories deste ano, remarcada para 31 de maio a 3 de junho de 2021. O evento segue até o dia 4 de junho.

A Open Repositories 2020 é totalmente aberta ao público e promove discussões atuais, inovações e avanços recentes sobre repositórios. O objetivo do encontro é criar espaços para aprendizado e conexões durante a semana em que a Open Repositories 2020 teria ocorrido.

Washington Segundo, coordenador do Laboratório de Metodologia de Tratamento e Disseminação da Informação (COLAB) do Ibict, detalha a importância da participação do Brasil no evento. “É o principal evento da comunidade de usuários e desenvolvedores de repositórios abertos. Neste ano tivemos seis trabalhos aceitos, dois na modalidade apresentação completa, um na modalidade apresentação curta e três na modalidade pôster. É muito gratificante poder trabalhar nessa frente de Ciência Aberta, divulgando as ações do Ibict sobre o tema de forma ampla e internacional”, explica Washington.

Os trabalhos apresentados durante o evento foram resultado de colaborações entre a equipe do COLAB e instituições como LA Referencia, OpenAIRE, FCT (Portugal), CONCYTEC (Perú), Universidade do Minho (Portugal), empresa Neki IT e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

É possível conferir on-line alguns dos trabalhos apresentados com participação de pesquisadores do Ibict (clique nos títulos para abrir, em inglês):

Título: Discovering trending topics in open digital repositories
Autores: Lucca de Farias Ramalho e Washington Luís Carvalho Segundo

Título: Brazilian DSpace community: The experience to unleash collaboration
Autores: Tiago Martins da Costa Ferreira e Washington Luís Carvalho Segundo

Título: A widely deployable and OpenAire-compatible DSpace usage data collector for LA Referencia
Autores: Lautaro Matas (LA Referencia), César Olivares (CONCYTEC – Perú), Washington Segundo (Ibict – Brasil), Vanderlino Neto (CNEN – Brasil), Rino Vargas (CONCYTEC – Perú) e Guilhermo Murilo (LA Referencia)

Título: Methodology for building digital thematic libraries
Autores: Lucca de Farias Ramalho e Washington Luís Carvalho Segundo

Trabalhos de várias partes do mundo apresentados durante o evento podem ser encontrados no seguinte link: https://or2020.sun.ac.za/virtual-poster-session/.

As apresentações estão sendo gravadas e enviadas para a comunidade Zenodo Open Repositories e serão posteriormente postadas no YouTube.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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No dia 29 de maio, Bianca Amaro, coordenadora geral de Pesquisa e Manutenção de Produtos Consolidados do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), conduziu um webinar sobre o tema “Acesso Aberto e o Novo Normal”. O evento on-line foi promovido pelo grupo Gestão da Informação e do Conhecimento na Amazônia (GICA), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em parceria com a empresa tecnológica Neki-IT, e reuniu participantes do Brasil inteiro para reflexões sobre informação, repositórios institucionais, Ciência aberta e as transformações causadas no mundo desde a epidemia de COVID-19.

Bianca Amaro abriu a palestra a partir do conceito a respeito do “novo normal”, explicando como a Ciência Aberta está inserida nesse contexto. Para Bianca Amaro, o chamado “novo normal” vem afetando todas as camadas da sociedade e não tem sido diferente no meio científico. A pesquisadora explicou que “há muitas pessoas ainda a convencer sobre a importância do acesso aberto. Precisamos fazer um trabalho muito grande em relação aos pesquisadores. Pelo bem da ciência, a comunicação científica não pode ter preços abusivos. A ciência é um bem comum para a humanidade”.

Bianca Amaro também trouxe detalhes sobre o Diretório de Fontes de Informação Científica de Livre Acesso sobre o Coronavírus e o Repositório de Preprints Emerging Researcher Information (EmeRI), que reúnem fontes de informação científicas em acesso aberto, incluindo artigos que ainda não foram publicados. São parceiros das iniciativas o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da UNESCO, e a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC).

Ambas as ações foram lançadas em maio e integram o Universo Científico, um portal sobre informações relacionadas à temática Coronavírus/COVID-19 e que estão em constante atualização (saiba mais clicando aqui).

O webinar está disponível integralmente no Youtube. Para acessar, clique aqui.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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No último dia 20, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) lançou, durante cerimônia no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), dois grandes produtos colaborativos direcionados para o combate à COVID-19 e para a valorização da Ciência Aberta.

O Diretório de Fontes e o Repositório de Preprints Emerging Researcher Information (EmeRI) reúnem fontes de informação científicas em acesso aberto, incluindo artigos que ainda não foram publicados. Ambas as iniciativas integram o Universo Científico, um portal sobre informações relacionadas à temática Coronavírus/COVID-19 e que estão em constante atualização.

Bianca Amaro, coordenadora geral de Pesquisa e Manutenção de Produtos Consolidados do Ibict, explica que o portal Universo Científico e todos os seus produtos possuem informações atualizadas e de caráter internacional. “Nós reunimos as informações para os pesquisadores em um só local para o apoio à pesquisa científica em relação à COVID-19. O mundo todo necessita de informação rápida nesse momento”, explicou Bianca Amaro durante a cerimônia de lançamento do Universo Científico.

São parceiros das iniciativas o MCTIC, a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da UNESCO, e a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC).

Conheça abaixo o Diretório de Fontes de Informação Científica de Livre Acesso sobre o Coronavírus e o Repositório de preprints Emerging Researcher Information (EmeRI):

Diretório de Fontes de Informação Científica de Livre Acesso sobre o Coronavírus: O diretório tem o objetivo de reunir as fontes de informações científicas em acesso aberto, tanto nacionais como internacionais, que disponibilizam conteúdos sobre o coronavírus e a COVID-19. O serviço está inserido dentro dos princípios do Ibict de uma atuação comprometida e disseminadora da Ciência Aberta no Brasil.

O diretório disponibiliza artigos científicos já publicados e também preprints (em português pré-publicações), ou seja, um manuscrito de um artigo científico que ainda não foi publicado em uma revista científica. Além disso, o diretório reúne dados de pesquisa, ensaios clínicos, teses, dissertações, relatórios e evidências e outros materiais referentes à produção dos pesquisadores de todo o mundo. Conheça o Diretório de Fontes de Informação Científica de Livre Acesso sobre o Coronavírus: http://diretoriodefontes.ibict.br/coronavirus/.

Repositório de Preprints Emerging Researcher Information (EmeRI)


O EmeRI tem o objetivo de prestar serviços às revistas e editores, de modo a agilizar a difusão de resultados de pesquisas científicas emergentes a partir da disponibilização de arquivos de preprints.

A proposta do EmeRI surgiu conforme demandas espontâneas de alguns editores científicos brasileiros que viram a necessidade de acelerar a disponibilização dos artigos submetidos a suas revistas, especialmente frente à pandemia do coronavírus.

O EmeRI insere-se nos movimentos mundiais de Acesso Aberto e Ciência Aberta, que pressupõem, respectivamente, o acesso à informação científica livre de barreiras e a abertura e a celeridade do processo científico. O repositório está organizado a partir da estrutura do Dspace em uma comunidade que abarca coleções e coleções que abarcam itens.

O acesso ao EmeRI e aos preprints depositados é livre e irrestrito a todos os interessados. Conheça o EmeRI e colabore com a iniciativa: https://preprints.ibict.br/.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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