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Sexta, 07 Agosto 2020 15:45

A sustentabilidade da cadeia da reciclagem: conheça a pesquisa de Juliana Gerhardt

A sustentabilidade da cadeia da reciclagem: conheça a pesquisa de Juliana Gerhardt Victor Ramos Silva

Na semana em que o Brasil completa 10 anos da data em que foi sancionada a lei que institutiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (02/08/2010), o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) apresenta uma entrevista com a pesquisadora e mestre em Desenvolvimento Sustentável, Juliana Gerhardt.

Com bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Juliana tem experiência profissional na área de Gestão Ambiental, atuando principalmente na área de Licenciamento Ambiental. Atualmente é assistente de pesquisa no Ibict, onde desenvolve projetos na área de gestão de Resíduos Sólidos, Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) e Informação para a Sustentabilidade na Coordenação de Tecnologias Aplicadas a Novos Produtos (COTEA).

Sua dissertação de mestrado, defendida em 2018 na Universidade de Brasília, avalia a relação de qualidade entre o material primário e o secundário no processo de reciclagem de uma liga de alumínio utilizada pela indústria automobilística e como isso contribui para discutir impactos ambientais, econômicos e sociais no mercado da reciclagem.

A pesquisadora aplicou a metodologia de ACV e a fórmula integrada para fim de vida de produtos (testada no programa de Pegada Ambiental do Produto da Comissão Europeia) e foram realizadas análises comparativas entre 15 cenários dentro da modelagem para reciclagem de final de vida da liga, com o uso do software GaBi 6.0 - versão educacional.

De acordo com Juliana, a reciclagem é um processo onde há algum tipo de alteração na constituição do material que está sendo reciclado. “Além disso, sempre há a mistura de algum material de origem primária (material virgem) no material que está sendo reciclado (material secundário), de modo a fornecer ou devolver determinadas propriedades”, explica.

Intitulada “A sustentabilidade da cadeia da reciclagem: a influência das relações de qualidade entre material primário e secundário”, a pesquisa apresenta ainda uma abordagem sobre as políticas públicas voltadas à economia circular, produção e consumo responsável no Brasil, na China e na União Europeia.

Confira abaixo a entrevista e clique aqui para conhecer os resultados da pesquisa.

Há quanto tempo trabalha com a temática da ACV? Por que começou a trabalhar com essa área? 

Conheci e me envolvi com ACV no começo do mestrado em Desenvolvimento Sustentável na UnB, no final de 2016. Meu projeto de pesquisa inicialmente era sobre a importância dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para a reciclagem e reutilização dos resíduos sólidos industriais, bem como seus impactos sobre o meio ambiente, a sociedade e a economia. Na época, em conversas com meu orientador, ele me apresentou a Avaliação de Ciclo de Vida como uma ferramenta para medir esses impactos. Desde então, não parei mais.

Como surgiu a ideia de abordar a temática discutida em sua dissertação?  

Minha temática sempre foi com resíduos industriais e reciclagem. Na primeira conversa com meu novo orientador ele disse que tinha interesse em abordar o retorno dos resíduos industriais para as cadeias produtivas. Então, acabou fluindo naturalmente para o tema da minha dissertação, que discute um requisito importante quando se fala no retorno dos materiais para a indústria, que é a qualidade e desempenho desses materiais na fabricação de novos produtos reciclados.

Qual a importância de o meio acadêmico voltar-se para as questões relacionadas à ACV? Considerando a complexidade das discussões na área ambiental, qual a importância de discutir ACV?

De extrema relevância, pois os estudos desenvolvidos a partir de ACV são relativamente novos e pouco explorados. Temos muitas pesquisas ainda a desenvolver utilizando como base os produtos brasileiros, a fim de entender de que forma eles impactam o ambiente, a sociedade e a economia brasileiras. Os estudos de ACV são essenciais para apontar caminhos e estratégias em busca de um desenvolvimento mais sustentável e de uma economia mais circular. Eles também são importantes para dar embasamento científico a muitas questões e subsidiar decisões complexas da área ambiental.

Quais as principais contribuições do seu estudo para o avanço das pesquisas em ACV?

Acredito que a principal contribuição é em relação ao uso da fórmula integrada para fim de vida de produtos, já testada no programa de Pegada Ambiental de Produtos da Comissão Europeia. No futuro, acredito que possamos através de mais pesquisas e estudos, adaptá-la e usá-la aqui no Brasil para medir os impactos ambientais dos fluxos de matéria e energia, das emissões e dos fluxos de resíduos associados a um produto brasileiro ao longo de seu ciclo de vida.

A partir da sua percepção, o que você acha que muda na ACV durante e pós-pandemia?

A pandemia só reforça a necessidade de utilizarmos a ferramenta de ACV para medir os impactos socioambientais, socioeconômicos e de saúde ambiental causados por pandemias e outras doenças ao país e ao mundo. Mas, para isso acontecer, é necessário ter dados! No caso do Brasil, os estudos de Avaliação de Ciclo de Vida podem proporcionar o levantamento de dados para os inventários que poderão alimentar o Banco Nacional de Inventários do Ciclo de Vida (SICV Brasil), gerido pelo Ibict, e com isso permitir conhecer cada vez mais e melhor os produtos, os serviços e os resíduos gerados pelo setor produtivo brasileiro no que diz respeito aos aspectos da sustentabilidade. Os resultados desses estudos utilizando ACV permitirão prever ou prevenir impactos e externalidades, e embasar boas decisões políticas e de gestão estratégica, essenciais em momentos como este que estamos vivendo.

Lucas Guedes e Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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