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Em comemoração aos 15 anos do grupo de pesquisa Comunicação e Divulgação Científica, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), acaba de ser lançado livro “Da gênese à contemporaneidade da comunicação e divulgação científicas”. O livro também celebra os 50 anos do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI), desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Ibict.

A publicação conta com a participação de professores, alunos e ex-alunos do PPGCI e pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A obra é organizada pela professora Lena Vania Ribeiro Pinheiro, do corpo docente do PPGCI/Ibict/UFRJ, e pela pesquisadora Palmira Moriconi Valerio.

O livro, publicado pela editora UFPB – dirigida por Izabel França de Lima, conduz uma abordagem do tema ao longo do tempo, revelando a gênese da Comunicação Científica e da Divulgação Científica. A publicação traz textos sobre vários assuntos relacionados à temática, como defesa e segurança, saúde, história, metrias da informação e comunicação e os precursores russos.

“A obra revela a riqueza da área e as amplas perspectivas de pesquisa que vão desde os séculos 12 e 13, com a Escola de Tradutores de Toledo, até os dias atuais, com questões contemporâneas, como Ciência Aberta, Ciência Cidadã e dados de pesquisa. A comunicação científica e a divulgação científica são áreas muito ricas”, explica a professora Lena Vania Pinheiro.

Cinco partes compõem o livro: gênese da comunicação e divulgação científicas; múltiplas vertentes da comunicação científica; clássicas e inovadoras metrias da informação e comunicação; vastos horizontes da divulgação científica; e avanços e questões contemporâneas da comunicação científica. Compõem as partes do livro 20 capítulos assinados por renomados autores da área, como a própria professora Lena Vania Pinheiro.

Confira os capítulos e os autores do livro:

PARTE I

GÊNESE DA COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICAS

1 - A Escola de Tradutores de Toledo nos séculos XII a XIII: primórdios da Comunicação Científica?
Lilia Teresa Torres Cursino de Moura

2 - As primeiras revistas populares brasileiras e o legado da “revolução dos saberes” na historiografia da divulgação científica no Brasil
Marcos Gonçalves Ramos

3 - Comunicação Científica nos séculos XIX e XX: estratégias adotadas por Vital Brazil para divulgar seus trabalhos
Rosany Bochener

PARTE II

MÚLTIPLAS VERTENTES DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

4 - Traços da produção científica de pesquisadores/as africanos/as em biblioteconomia e ciência da informação: dinâmica de internacionalização e visibilidade entre a hegemonia anglófona e a potencialidade francófona
Franciéle Carneiro Garcês da Silva e Gustavo Silva Saldanha

5 - Mapeamento temático da área de defesa e segurança: revelações de um campo do conhecimento em construção
Jaqueline Santos Barradas

6 - A comunicação científica em saúde
Kátia Nunes Sá       

7 - Tendências de uso de tecnologias da informação e comunicação em história: uma abordagem da ciência da informação
Valeria Gauz

8 - A edição universitária e a publicização do conhecimento científico: uma análise sobre a Editora UFPB
Geisa Fabiane Ferreira Cavalcanti, Guilherme Ataíde Dias, Izabel França de Lima

PARTE III

CLÁSSICAS E INOVADORAS METRIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

9 - Perspectivas em metrias da informação e comunicação: um estudo bibliográfico
José Alexandre da Costa Alves

10 - Análise das ideias de A. I. Mikhailov sobre a comunicação científica e os estudos de metrias
Roberto Lopes dos Santos Junior

11 - A Transposição Científica como ferramenta para medição da interdisciplinaridade.
Moisés André Nisenbaum

PARTE IV

VASTOS HORIZONTES DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

12 - A divulgação científica produzida pelas sociedades brasileiras de especialidades médicas
Andrea Pena

13 - A informação cientifica ao alcance da sociedade
Bárbara Martins Zaganelli

14 - Museu, acesso à informação artística e “poesia das coisas”: horizontes da divulgação artística em museus de arte
Julia Nolasco L. de Moraes

15 - Divulgação das ciências: caminhos e encontros na Pesquisa Ação
Regina Moraes

PARTE V

AVANÇOS E QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

16 - Comunicação Científica e a noção de documentalidade: documento, ciência e verdade em perspectiva
Giovani Miguez, Jacqueline de Araújo Cunha e Gustavo Silva Saldanha

17 - A ciência invisível: compartilhamento de dados na cauda longa da pesquisa
Luana Sales e Luís Fernando Sayão

18 - Comunicação Científica: reflexões sobre a implicação das tecnologias digitais nos modelos conceituais
Robéria de Lourdes de Vasconcelos Andrade e Wagner Junqueira de Araújo

19 - Perspectivas eletrônica, ampliada e pervasiva para o artigo científico
Cláudio César Temóteo Galvino; Marynice de Medeiros Matos Autran e Henry Poncio da Cruz Oliveira

20 - Ciência Cidadã, conceitos, projetos, questionamentos e reconhecimento
Lena Vania Ribeiro Pinheiro


Para adquirir o livro, basta enviar um e-mail para atendimento.editora.ufpb@gmail.com.

 

Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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Nos dias 17 e 18 de novembro será realizado o Simpósio Internacional de Filosofia e História da Ciência da Informação. O evento é uma organização do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, o PPGCI (convênio entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Ibict, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ), e marca os 50 anos do PPGCI em pesquisa, pós-graduação e inovação em Ciência da Informação.

São responsáveis pela organização do evento os professores Gustavo Silva Saldanha, Maria Nélida González de Gómez e Lena Vania Ribeiro Pinheiro, que serão os responsáveis pela mesa de abertura, no dia 17, às 10h. O simpósio contará com a participação de professores de universidades brasileiras e estrangeiras.

O evento é gratuito e será transmitido ao vivo pelo canal do PPGCI no Youtube, disponível clicando aqui. Haverá certificado para quem participar ao vivo e não é necessário inscrever-se para o simpósio. Confira a programação:

17/11/2020 – Terça-feira

10h - MESA DE ABERTURA
Maria Nélida González de Gómez (Ibict)
Lena Vania Ribeiro Pinheiro (Ibict)
Gustavo Silva Saldanha (Ibict – UNIRIO)

11h - CONFERÊNCIA
Filosofar sobre la Ciencia de la Información. Retos, oportunidades, resultados y prospectiva
Miguel Ángel Rendón Rojas (IIBI UNAM)

14h - MESA-REDONDA 1 – Dimensões epistemológicas
Paisagens filosóficas na História da Ciência da Informação
Lena Vania Ribeiro Pinheiro (Ibict)

A filosofia e seus contextos: Ontologia, epistemologia e ética da informação
Maria Nélida González de Gómez (Ibict)

Da epistemologia à criação de conceitos na Ciência da Informação
Solange Puntel Mostafa (USP)

Epistemologia histórica da Ciência da Informação e organização do conhecimento
Gustavo Saldanha (Ibict – UNIRIO)

16h00 - MESA-REDONDA 2 – Dimensões históricas
A Documentação e sua história no Brasil: 1895-1930, o pioneirismo de Peregrino da Silva
Carlos Henrique Juvêncio (UFF)

Uma estória menor do conceito de informação: sonhos ameríndios
Vinícios Souza de Menezes (UFS)

Por uma história da Ciência da Informação
Edivanio Duarte de Souza (UFAL)

Ciência da Informação: história, temáticas e perspectivas
Gustavo Freire (UFRJ)

18/11/2020 – Quarta-feira

10h - CONFERÊNCIA
Hacia la deconstrucción epistemológica de las Ciencias de la Información
Rosa San Segundo
Instituto Universitario de Estudios de Género
Universidad Carlos III de Madrid

11h - MESA-REDONDA 3 – Dimensões críticas
Epistemologia emancipatória e Ciência da informação nativa
Luciana Gracioso (UFSCAR)

Ética, Liberdade e Razão: contribuições de Hegel no combate à desinformação
Marco Schneider (Ibict – UFF)

A estética e o desafio do “tornar visível” a informação: perspectivas históricas do analógico ao digital.
Ricardo Medeiros Pimenta (Ibict)

Da competência à consciência crítica em informação: uma trajetória histórico-epistemológica
Arthur Coelho Bezerra (Ibict)

14h - MESA-REDONDA 4 – Dimensões sociais e conceituais
Dimensões material e institucional da informação: caminhos e perspectivas
Rodrigo Rabello (UnB)

Reflexões sobre o conceito de informatividade nas práticas curatoriais em museus
Sabrina Damasceno (UFRB)

Informação, Memória, Instituição: a construção conceitual e os diálogos entre teoria e campo empírico nos estudos históricos
Icleia Thiesen (UNIRIO)

15h - MESA-REDONDA 5 – Dimensões epistêmico-históricas
Responsabilidade social na Ciência da Informação: perspectiva histórica e epistemológica
Isa Freire (UFPB)

Um caminho de questões nos estudos informacionais
Lídia Freitas (UFF)

O campo da informação no Brasil
Angélica Marques (UnB)

 


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Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict, com informações do PPGCI/Ibict/UFRJ

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Entre os principais nomes que marcaram a história da Ciência da Informação no país está a professora Célia Ribeiro Zaher. A longa carreira de Célia Zaher perpassa toda a trajetória da Ciência da Informação no Brasil e a criação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, o PPGCI (convênio entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Ibict, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ), em 1970. Em entrevista exclusiva para o site do Ibict, a professora Célia Zaher conta um pouco sobre o caminho de tantos anos de dedicação à ciência.

Doutora em Direito do Trabalho pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1967), especialista em Library Science pela Columbia University (1963) e graduada em Biblioteconomia pela Biblioteca Nacional (1962), Célia Zaher foi professora do Curso de Documentação Científica do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), o antigo Ibict, de 1954 a 1970. A professora também foi presidente do IBBD entre os anos 1968 e 1972, além de diretora da Biblioteca Nacional (1982-84) e recentemente de 1997 a 2005. De 1991 a 1996, foi diretora do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME).

Célia Zaher ocupou o cargo de Coordenadora de Ensino e Pesquisa, Ciência e Tecnologia da Informação do Ibict, concomitantemente com a coordenação do PPGCI/Ibict/UFRJ, entre os anos 2008 e 2011. Atualmente, Célia Zaher é professora titular aposentada da Universidade Federal Fluminense (UFF) e aposentada da UNESCO, onde atuou como diretora de diversos departamentos, como biblioteconomia, informação, cultura, audiovisual, intercâmbios culturais e comunicação.

Confira a entrevista!

Ibict: Poderia contar sobre o início da sua formação profissional e acadêmica? Por que a senhora escolheu a graduação em Biblioteconomia? Era uma paixão?

Célia Zaher: No início, não era uma paixão. Meu pai e meu avô eram formados em Direito e era o caminho que eu inicialmente pretendia seguir. Quando eu tinha 17 anos, comecei a buscar minha independência financeira e decidi procurar um emprego. Nessa busca, encontrei uma vaga na biblioteca da UFRJ. Quando cheguei lá, eu era a única funcionária e depois passei a ser a chefe de mim mesma. Era uma biblioteca enorme! Comecei trabalhando diretamente com a inscrição dos livros que entravam na biblioteca. Nessa época, a doutora Lídia Sambaqui era a coordenadora e estava tentando organizar a biblioteca. Quando eu fui apresentada a ela, lembro-me que ela disse: “O que vocês esperam que eu faça com essa menininha?”. Foi uma ducha de água fria e, claro, algo perfeitamente normal no momento em que eu comecei a trabalhar na biblioteca, pois não tinha experiência profissional. 

Com o tempo, foram agregados mais profissionais à biblioteca da UFRJ, os quais começaram a atuar com a catalogação, bem como outros trabalhos. Depois dessa experiência, gostei da área e resolvi me inscrever no curso de Biblioteconomia, que, na época, era na Biblioteca Nacional. Posteriormente, consegui uma bolsa para estudar nos Estados Unidos e pude prosseguir com os meus estudos. Quando retornei, já tinha uma base profissional e acadêmica muito boa e passei a trabalhar no Ibict, no ano 1955. 

Ibict: Qual foi a atuação da senhora em relação aos anos iniciais da Ciência da Informação e do PPGCI? Poderia falar também sobre as dificuldades enfrentadas?

Célia Zaher: Quando eu voltei do período em que passei fora do país, a Hagar Espanha Gomes, que já ocupou o cargo de presidente do IBDD, se interessou também pelo assunto e começamos a estudar juntas. Escrevemos em 1972 um artigo que foi publicado na Revista Ciência da Informação sobre o que era essa ciência (clique aqui para ler o artigo). Daí em diante, a área começou a crescer. Nessa época, os bibliotecários tinham dificuldades de aceitar, desde a época do Curso de Documentação Científica, que pessoas de outras áreas trabalhassem com a área de informação. No ano 1968, foi realizado um seminário na área da informática com ideias de que a informática teria um papel preponderante nas bibliotecas. Aos poucos, verificou-se que o conceito de biblioteconomia era muito mais amplo. Diante das mudanças e desafios no campo, foi criado o PPGCI.

Ibict: Quais os futuros possíveis que a senhora enxerga para a Ciência da Informação?

Célia Zaher: Eu acredito que no futuro, cada vez mais, as bibliotecas vão ser voltadas e dedicadas para a questão do acesso e cada vez menos para o tratamento dos próprios documentos, os quais serão fontes de informação. Hoje em dia, já temos a digitalização de livros e documentos. A formação de redes para digitalização de livros e materiais é a nova tendência. O usuário não tem se importado mais com o fato de que esse acesso seja digital. O Brasil, para formar os seus profissionais, tem que acompanhar as mudanças que estão acontecendo. Por exemplo, as mudanças na história do PPGCI nos últimos anos revelam que a Ciência da Informação é muito mais abrangente do que pensamos. 

Ibict: Uma das linhas do trabalho do Ibict é a divulgação e o fortalecimento da Ciência Aberta. Como a senhora avalia a Ciência Aberta?

Célia Zaher: É uma tendência que está crescendo. Precisamos disseminar a ideia de que é importante compartilhar e não criar isoladamente ou não tentar fazer atividades científicas duplicadas. É preciso que sejam estabelecidas redes em Ciência Aberta e, para isso, as grandes universidades devem tomar a frente dessa temática. As universidades ainda não estão conscientes do importante papel que elas desempenham para a promoção da Ciência Aberta. Vemos por enquanto muitos esforços individuais de pesquisadores e instituições em todo o mundo. O Ibict tem atuado muito nas áreas técnicas e de divulgação da Ciência Aberta, mas ainda são necessários muitos recursos e investimentos de alto porte, bem como o reconhecimento de que essa não é uma tarefa que é individual, mas sim coletiva.

Qual a importância do PPGCI para a Ciência da Informação no Brasil? A senhora poderia contar sua história e a relação com o PPGCI?

Célia Zaher: O PPGCI mudou a história da Ciência da informação no Brasil, colaborando para a disseminação do conhecimento. O PPGCI teve diversas fases, mas duas delas foram fundamentais. Uma delas foi a própria criação do PPGCI, e a outra foi uma reforma do programa, que ocorreu em 2008. Quando assumi a presidência do antigo IBBD (1968-1972), a preocupação era o destino dos Cursos de Documentação Científica, que tinham prestado uma contribuição enorme. Chegou um momento nos cursos em que percebemos que era necessário aumentar nossos conhecimentos na área. A responsabilidade do então IBBD naquela época era liderar algo que fosse novo e moderno na Ciência da Informação. 

Percebemos, então, que seria necessário trazer professores de outros países de universidades renomadas para o mestrado em Ciência na Informação, com o objetivo de formar nosso próprio corpo de professores brasileiros. Para implementar essa ideia eram necessários recursos. Recorremos à ajuda de órgãos de apoio de ensino e pesquisa. Na ocasião, houve o apoio da Embaixada Britânica, da CARI Foundation e da Ford Foundation. Foram selecionados professores de instituições renomadas de biblioteconomia, que vieram para o Brasil atuar no PPGCI. Na época, o curso tinha dois obstáculos muito grandes. Um deles é que não tínhamos material didático necessário e precisamos de ajustes para isso acontecer. O outro desafio era começar esse curso de formação. Nesse primeiro curso, com o intuito de formar professores no Brasil, foram incluídos os diretores das diferentes sessões do IBBD para que eles pudessem se atualizar. Só podia se registrar no curso quem fosse professor de graduação no país.

Todas as matérias seguiram os padrões internacionais.  O objetivo era trabalhar por uma melhoria profissional que se refletiria na qualidade dos serviços prestados pelos profissionais da área e também, ao mesmo tempo, para os professores exercerem seus mandatos legitimamente e dentro das vivências exigidas pela Capes para a existência de um curso de pós-graduação. Era preciso que o PPGCI trouxesse novas reflexões de conceitos que na época ainda não existiam no Brasil. O conceito de Ciência da Informação utilizado em outros países ainda era incipiente no Brasil. 

Então foram convidados professores como Derek Langridge, Jack Mills, LaVahn Overmeyer, Tefko Saracevic e Wilfrid Lancaster, provenientes de universidades dos Estados Unidos e da Inglaterra. Eles trouxeram a bagagem de toda a literatura que era necessária para cursos que não existiam no Brasil. Posteriormente, também foi constituída uma biblioteca especializada no PPGCI. Após a criação do PPGCI, em 1970, durante a minha presidência fui selecionada para um curso de direção da biblioteca e arquivos da Unesco em Paris e eu fui em 1972, onde permaneci até 1991, o que fez com que eu tivesse que me afastar do PPGCI. 

Eu tive o privilégio de ser orientadora de duas grandes referências na área. Uma que é Hagar Espanha Gomes e a outra que é Yone Chastinet. Depois da minha temporada fora do Brasil, eu não imaginava que eu voltaria para a coordenação do PPGCI tantos anos passados, o que aconteceu entre 2008 e 2011, a partir de um convite do professor Emir Suaiden. Ele me fez um convite naquela época para que eu assumisse a coordenação de ensino e pesquisa para a transição do PPGCI da Universidade Federal Fluminense (UFF) para a UFRJ. No ano 2008, foi realizada uma mudança curricular total, agregando professores da UFRJ e a contratação de novos professores pelo Ibict, abrindo espaço para novas disciplinas. Nesse mesmo período foram criados os seminários de informação científica, que continuaram com grande sucesso.

Ibict: A senhora poderia dar algum conselho para os cientistas da informação?

Célia Zaher: Meu conselho é que os cientistas da informação se atualizem sempre. A atualização é muito importante na formação. Recomendo que os cientistas da informação não estudem e participem apenas pelos materiais e seminários nacionais, repetindo o que já é feito nacionalmente. Além da literatura nacional, é preciso sempre conhecer a literatura internacional, a qual pode oferecer outros campos de atuação. Nesse contexto, as bibliotecas também precisam se atualizar. Hoje em dia, é possível ler tudo o que se publica no exterior graças aos repositórios digitais, daí a importância dos repositórios. Sendo assim, a impossibilidade de sair do país não é mais desculpa para não ler literatura internacional.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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A pesquisadora e estudante Nathália Lima Romeiro recebeu o Prêmio ANCIB de 2020 com a dissertação “Vamos fazer um escândalo: a trajetória da desnaturalização da violência contra a mulher e a folksonomia como ativismo em oposição à violência sexual no Brasil”. A dissertação de Nathália Romeiro foi considerada a melhor na área da Ciência da Informação no Brasil no ano 2020.

A dissertação de Nathália Romeiro contou com a orientação do professor Arthur Coelho Bezerra e foi defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict).

Nathália Romeiro conta que a premiação foi uma surpresa e agradece ao PPGCI/Ibict/UFRJ pelo apoio recebido. “O prêmio é o reconhecimento de uma trajetória minha vinculada ao PPGCI, que foi uma instituição muito significativa e acolhedora. Se hoje eu sou pesquisadora é porque tive o aparato da instituição, dos professores, dos colegas e de todo mundo que contribuiu para a pesquisa”, diz Nathália Romeiro.

Como explica a estudante e pesquisadora, é fundamental que os vários campos de atuação da ciência estejam atentos às temáticas sociais, como cidadania, violência contra a mulher e LGBTQIA+. “Escrevi a dissertação para entender como o cenário de tantos casos de violência nas mídias sociais e em outros espaços se formava. O arcabouço teórico foi construído para responder por que a violência sexual continua acontecendo e por que o sistema patriarcal ainda legitima a violência. Ser premiada pela dissertação é gratificante porque significa que a Ciência da Informação está olhando de maneira significativa e cuidadosa para as pautas sociais”, afirma Nathália Romeiro.

Nathália Romeiro é licenciada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), mestre em Ciência da Informação pelo PPGCI/Ibict/UFRJ e doutoranda em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A estudante e pesquisadora fez parte das equipes organizadoras dos livros “O Protagonismo da Mulher na Biblioteconomia e Ciência da Informação” (2018), “O Protagonismo da Mulher na Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e Ciência da Informação” (2019), e “Do invisível ao visível: saberes e fazeres das questões LGBTQIA+ na Ciência da Informação?” (2019).

A dissertação de Nathália Romeiro pode ser encontrada integralmente no Repositório Institucional do Ibict, em: https://ridi.ibict.br/handle/123456789/1074.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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Nesta quarta-feira (21), será lançado o livro "Redes sociais. Como compreendê-las? Uma introdução à análise de redes sociais". O livro, publicado pela Edições Sílabo, conta com a participação de docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict).

O lançamento ocorrerá totalmente on-line durante o III Simpósio Internacional Network Science, que também contará com a participação de docentes e discentes do PPGCI/Ibict/UFRJ. O debate sobre o livro será realizado por alguns dos seus autores: Joaquim Fialho (organizador do livro), Fábio Gouveia, Larriza Thurler, Marianna Zattar, Raquel Recuero e Regina Marteleto.

Sinopse do livro: De caráter introdutório e com uma abordagem marcadamente pedagógica, o livro fornece ao leitor um conjunto de conhecimentos que lhe permitirão uma iniciação à compreensão e ao estudo do universo complexo e sedutor das redes sociais. Na primeira parte, teoria das redes, são apresentados os principais contributos das ciências sociais para a consolidação da análise e da teoria das redes sociais.

A segunda parte, metodologia das redes, é uma caixa de ferramentas que apresenta os conceitos estruturantes e instrumentos operativos para uma prática esclarecida. A terceira parte, casos práticos, apresenta ilustrações de aplicação da análise de redes sociais em diversas áreas e contextos da realidade. Estudantes que se iniciem nesta área do conhecimento, ou profissionais que pretendam aperfeiçoar as suas práticas, encontrarão neste livro um bom ponto de partida para a sua capacitação na análise de redes sociais.

As inscrições para o lançamento do livro podem ser realizadas por meio da página do III Simpósio Internacional Network Science, clicando aqui. O evento será transmitido ao vivo (às 14h) na página do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (CRIE-UFRJ) no Youtube.

 

Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict, com informações da Edições Sílabo

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Entre os dias 12 e 15 de outubro, mais de 700 pessoas participaram dos cursos da Escola de Primavera, promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). Os cursos foram exibidos gratuitamente no canal do PPGCI no Youtube.

A proposta da Escola de Primavera parte da iniciativa de utilizar modalidades alternativas de práticas de ensino e de pesquisa dos institutos e centros de estudos avançados, tendo o objetivo central de explorar temáticas, teorias, conceitos, métodos e ferramentas inovadores em Ciência da Informação.

A Escola de Primavera compôs uma série de atividades relacionadas ao ensino, à pesquisa e extensão do PPGCI/Ibict/UFRJ e formou parte de outras ações para a promoção do conhecimento, como as já realizadas Escolas de Outono, Inverno, Primavera e Verão. “Ao longo do ano 2020 já foram mais de 20 cursos, com mais de centenas de inscritos, uma média superior a 100 discentes por curso e 10 mil visualizações no Youtube, assim como mais de cinco mil certificados emitidos”, explica o professor Gustavo Saldanha, coordenador do PPGCI/Ibict/UFRJ.

Gustavo Saldanha pontua ainda que a atividade pedagógica proporcionada pela Escola de Primavera buscou, entre os vários objetivos, atender à demanda de avaliação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no âmbito das políticas de inovação de institutos de pesquisa e escolas de estudos avançados.

A Escola de Primavera foi realizada em parceria entre Brasil e Espanha, a partir de um acordo de cooperação com a Universidade Complutense e a Universidade Carlos III, dentro do contexto do “IV Seminário Hispano Brasileiro de Pesquisa em Informação, Documentação e Sociedade”.

Conheça mais sobre os cursos realizados e tenha acesso às aulas (via canal do PPGCI no Youtube):

Teoría y práctica de la preservación digital, com Miguel Ángel Márdero Arellano (Ibict): O curso trouxe o estudo e a discussão de questões fundamentais e gerais relacionadas aos seguintes assuntos: preservação digital, nível das políticas, digitalização, ferramentas tecnológicas e formas de preservação. O objetivo do curso foi apresentar aos participantes a abordagem de teorias e técnicas de preservação digital e contribuir para o treinamento básico relacionado à pesquisa em processos de preservação digital.

Clique aqui para assistir a aula do dia 12/10/2020.

Clique aqui para assistir a aula do dia 13/10/2020.

Clique aqui para assistir a aula do dia 14/10/2020.

Organização de informação imagética, com Ricardo Crisafulli Rodrigues (Ibict): O curso abordou, de forma introdutória, a informação imagética sob o enfoque da tematização dos seus conteúdos denotativos e conotativos.

Clique aqui para assistir a aula do dia 12/10/2020.

Clique aqui para assistir a aula do dia 13/10/2020.

Gramatologia e infodemia: das drogas miméticas e outros demônios, com Gustavo Saldanha (Ibict – UNIRIO): O curso abordou a gramatologia como uma lente para os fenômenos informacionais contemporâneos. Também foram debatidos: o problema do pharmakon na filosofia da linguagem e suas consequências nos estudos informacionais; o imperativo mimético e a infodemia; hipóteses gramatológicas para os desafios infodêmicos; mímese e linguagens em debate – mente, corpo e performance: o desamor nos tempos da cólera digital; a teoria psicanalítica do abandono e a geração infodêmica da COVID19, entre outros.

Clique aqui para assistir a aula do dia 14/10/2020.

Clique aqui para assistir a aula do dia 15/10/2020.

O que é um cartão de crédito, com Giuseppe Cocco (UFRJ): As duas aulas foram realizadas com o objetivo de apresentar as recentes evoluções do debate sobre algoritmos (e Inteligência Artificial) em função, por um lado, dos trabalhos da neurociência e da psicologia construtivista e, pelo outro, das transformações do papel da moeda e do crédito.

Clique aqui para assistir a aula do dia 14/10/2020.

Clique aqui para assistir a aula do dia 15/10/2020.

Visualização de Dados como instrumento de promoção da democracia, com Tiago Braga (Ibict) e Hesley Py (IBGE): Foram debatidos vários assuntos relacionados ao tema principal, especialmente: demanda global abertura dos dados; dados abertos governamentais; Open Government Partnership (OGP); atuação do Brasil na OGP; Global Open Data Index; os países e a abertura de dados; relação entre abertura de dados governamentais e transparência; iniciativas brasileiras: LAI, INDA, INDE; grandes produtores de dados públicos; apropriação dos dados pela população; iniciativas para fomentar a apropriação de dados: Brasil.io, dados.gov, etc; o papel da visualização de dados; proposta do IBICT para visualização de dados, apresentação do Visão; o papel do profissional da informação na abertura; e apropriação de dados governamentais.

Clique aqui para assistir a aula do dia 15/10/2020.


Para saber mais sobre a Escola de Primavera, acesse: http://www.ppgci.ufrj.br/pt/.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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Depois de um estágio na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (atual Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais), a então estudante de Biblioteconomia e hoje professora Regina Marteleto soube que essa seria a área que nortearia seus caminhos profissionais e acadêmicos. Professora do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI), desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Regina Marteleto está entre as pessoas que colaboraram para o crescimento da Ciência da Informação no Brasil.

Doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, mestre em Ciência da Informação e da Comunicação pela École des hautes études en sciences sociales (França), e graduada em Letras (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas) e Biblioteconomia (Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG), Regina Marteleto já ocupou o cargo de presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB), entre 2003 e 2006.

A longa carreira da professora foi dedicada a vários temas da Ciência da Informação, como cultura e informação; conhecimento, informação e sociedade; informação e comunicação em saúde; mediações infocomunicacionais em redes sociais; e teoria social, epistemologia e interdisciplinaridade nos estudos da informação.

Em entrevista, a professora Regina Marteleto conta um pouco sobre a trajetória dela com a Ciência da Informação e com o PPGCI/Ibict/UFRJ.

Confira!

Ibict: Qual a sua história acadêmica? Como se deu a estruturação dos temas de pesquisa da senhora?

Regina Marteleto: Quando saí de um colégio de freiras, em Belo Horizonte, meu desejo inicial era estudar jornalismo. Queria estar a par dos fatos e produzir informações sobre o que se passava no nosso país no período da ditadura militar. Eram os anos de 1960, os mais sombrios desse regime que tanto mal fez ao país. Interessava-me também a Biblioteconomia, depois da visita ao Colégio de uma estudante na UFMG. E também me encantava a ideia de ter um emprego e, portanto, autonomia.

Tive sucesso nas provas do vestibular. Então frequentei os dois cursos paralelamente durante um semestre, até que optei pela Biblioteconomia por conta da oferta de um estágio remunerado na Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, patrocinado pelo Instituto Nacional do Livro. Depois de terminar o curso de Biblioteconomia na UFMG, senti a necessidade e a curiosidade de ampliar mais a minha base de conhecimentos, principalmente em línguas e na linguagem. Gostava de escrever e descobrir novos lugares, além daquele Belo Horizonte que me cercava. Decidi cursar Letras Português/Francês na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e nasceu aí minha trajetória acadêmica e o interesse em estudar o objeto informação por uma abordagem socioantropológica, crítica e interpretativa.

Fui estagiária na biblioteca pública durante o período de duração do curso. Depois, enquanto cursava Letras na PUC e estudava francês, atuava como bibliotecária na Biblioteca Central do Sesc, uma espécie de biblioteca pública situada no centro de Belo Horizonte, de portas abertas para a comunidade do comércio e em geral. Nessas experiências como estudante e profissional, tive mestres e colegas que marcaram a minha trajetória, com os quais aprendi muito do que guardo até hoje, na vida acadêmica e na vida pessoal.

Mais tarde, ingressei como profissional bibliotecária na UFMG, atuando na Divisão de Estudos e Projetos da Coordenação de Bibliotecas Universitárias. Nesse período, obtive uma bolsa do governo francês para realizar estágios em bibliotecas universitárias, o que me levou ainda a prolongar o período da bolsa para realizar um Diplôme d´Études Approfondies (DEA) em Sciences de l´Information et de la Communication na Ecole de Hautes Études en Sciences Sociales, curso criado por vários intelectuais e pesquisadores, dentre eles, Robert Escarpit, Roland Barthes e Jean Meyriat.

Ibict: Como foi que se deu sua entrada no PPGCI/Ibict/UFRJ?

Regina Marteleto: Em 1980, de volta da França e por força de situação familiar, precisei deixar a UFMG e me instalar no Rio de Janeiro. Quem mediou a minha entrada no PPGCI foi a Profa. Abigail Carvalho de Oliveira, vinda temporariamente da UFMG para o Ibict, onde assumiu por um tempo a divisão de ensino e pesquisa. Eram tempos de mudanças na instituição com a perspectiva de transferência do Ibict para Brasília. Eu era ainda bem jovem e iniciava um novo ciclo de vida e de trabalho, com múltiplos desafios pela frente. Atuei desde o início na pós-graduação, lecionando disciplinas no mestrado e coordenando a reestruturação do Curso de Documentação Científica (CDC), junto com colegas.

A partir do convênio realizado entre o Ibict e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, via Escola de Comunicação (ECO), abre-se um ciclo inspirador de novas ideias. Assim, em 1994, é criado o doutorado em Ciência da Informação do PPGCI/Ibict/UFRJ. Antes disso, eu e algumas colegas cursamos o doutorado em Comunicação e Cultura na ECO/UFRJ, em linha de pesquisa criada para ser o embrião do futuro doutorado em Ciência da Informação. Nesse período criei, juntamente com os alunos e alguns colegas, a revista Informare – Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, destinada a divulgar a produção de docentes e discentes do Programa.

Desse período, eu não poderia deixar de mencionar a presença de um colega, Victor Valla, que esteve um ano no PPGCI. Com ele, percorria e conhecia os novos espaços de circulação de informações e produção de saberes em uma via libertadora, contestatória e democrática: as organizações não-governamentais de assessoria e apoio aos movimentos sociais, como a FASE, o CEDI, o IBASE, dentre outras. Depois de ter estudado no doutorado da ECO/UFRJ, o espaço escolar como espaço informacional reprodutor e, ao mesmo tempo, impulsionador de mudanças sociais, chegou o momento de compreender o papel dessas novas organizações na democratização da informação e na dialogia entre diferentes formas de saberes para a transformação social. É nessa fase que passei a interagir e compartilhar projetos de pesquisa e de ação social com colegas da área da saúde, da Fiocruz, à qual se vinculou o colega Victor Valla.

Ibict: Qual a importância do PPGCI/Ibict/UFRJ para a Ciência da Informação e para a ciência brasileira?

Regina Marteleto: O PPGCI é pioneiro no Brasil e na América Latina, no campo dos estudos informacionais, desde os anos de 1970, quando a pós-graduação começou a se consolidar no país, nas mais variadas áreas do conhecimento. A postura visionária e inovadora de suas precursoras Célia Zaher, Hagar Espanha e outros profissionais abriu diversas frentes para a criação e a consolidação da C.I., formando mestres e mestras que atuaram na criação de outros cursos de pós-graduação no país.

Desde então, sou testemunha desse papel central do Ibict no cenário latino-americano dos estudos da informação. Trata-se de uma instituição que, apesar de atravessar diversos e constantes percalços político-institucionais, manteve a firmeza de sua missão de coordenadora e incrementadora de práticas e políticas informacionais para a ciência e a tecnologia brasileiras. Daí a sua importância também para a ciência brasileira, por meio tanto da pesquisa e da formação pós-graduada, quanto no desenvolvimento de serviços e produtos informacionais.

Ibict: A senhora enfrentou algum preconceito ao longo da carreira acadêmica por ser uma mulher cientista?

Regina Marteleto: Apesar de já ter percorrido um longo caminho no meio acadêmico, posso afirmar que nunca enfrentei preconceito pela minha condição de mulher pesquisadora. Por outro lado, tenho consciência de que me situo em uma área ou domínio com predominância feminina, que não desfruta do mesmo prestígio científico de outras áreas, por exemplo, das ciências exatas, engenharias ou tecnologias.

É fato, em nosso país, que as áreas do conhecimento e de atuação profissional com predominância feminina – enfermagem, psicologia, serviço social, pedagogia – sofrem o estigma do cuidado, geralmente atribuído à mulher, o que as coloca em patamar diferenciado no que tange aos financiamentos e apoios para estímulo à pesquisa, em um país cuja estrutura patriarcal demarcou a relevância do direito, medicina e engenharia e a formação masculina. Entretanto, e graças às lutas e ao protagonismo das mulheres desde algumas décadas, essa realidade vem sendo alterada e as mulheres já se fazem mais presentes na escola e nas universidades, obtendo melhor desempenho do que os homens, embora persistam as diferenças de oportunidades no mercado de trabalho, favoráveis ao masculino.

Ibict: Quais os futuros possíveis para o PPGCI e para a Ciência da Informação?

Regina Marteleto: Para o bem, mais do que para o mal, na minha percepção, o mundo digital que veio se conformando desde as últimas décadas consolida-se de forma mais intensa no momento atual, haja vista, por exemplo, as novas formas de interação, trabalho, educação que se configuram neste momento da pandemia provocada pelo novo coronavírus, o Sars-CoV-2. Entretanto, o ritmo cada vez mais veloz e ampliado das comunicações, paralelo a uma abundância na produção e no acesso às informações, não tem favorecido a conformação de sociedades mais justas e democráticas. Questões de ordem econômica, geopolítica e de poder parecem orientar os fluxos, a conservação e o uso das informações. Diversas formas de mediações são necessárias a fim de promover a validação, a preservação e o acesso às informações e aos saberes.

Uma das formas mais relevantes neste cenário são as mediações culturais – o reconhecimento da pluralidade de povos, saberes e narrativas que coexistem nos planos mundial, nacional, regional. Em segundo lugar, e não menos importante, destacam-se as mediações documentárias que se inscrevem nas práticas e saberes dos profissionais da informação. Essas mediações são ética e politicamente relevantes no cenário informacional de ontem e de hoje. O PPGCI/Ibict/UFRJ, assim como outrora e desde sempre, tem e terá papel central nesse novo enquadramento informacional.

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Esta entrevista integra uma série dos meses de setembro e outubro em homenagem aos 50 anos do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. A série destacará o trabalho das mulheres na vanguarda do PPGCI/Ibict/UFRJ.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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Eram meados dos anos 1970 quando Cecília Leite, então estudante de Letras pela Universidade de Brasília, encantou-se com o papel transformador proporcionado pelas bibliotecas. Hoje, atual diretora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Cecília Leite celebra os muitos anos de vida dedicados para a Ciência da Informação no país.

Mestre (1996) e doutora (2003) em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília, Cecília Leite destaca-se pela atuação em ações de inclusão social. Em 2002, na pesquisa de doutorado, Cecília Leite desenvolveu uma metodologia reconhecida internacionalmente de inclusão digital para a inclusão social (Escola Digital Integrada - EDI), colaborando para a criação de normas na área, como a Lei 3.275/2003, que assegura a inclusão digital aos alunos da rede pública de ensino do Distrito Federal.

Cecília Leite é pesquisadora de carreira da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), cedida ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) para atuar, na época, como Coordenadora Geral de Pesquisa e Desenvolvimento Novos Produtos (CGPD) do Ibict, e, posteriormente, como diretora. Atualmente, Cecilia Leite encontra-se em sua segunda gestão como diretora do Ibict.

Em entrevista, Cecília Leite conta sobre a sua história com a Ciência da Informação e explica por que entre as suas principais atuações está a valorização do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI), realizado a partir da parceria entre o Ibict e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Confira!

Qual é a sua história com a Ciência da Informação? Como é que sua atuação como profissional e pesquisadora foi se entrelaçando a partir da sua graduação e dos seus estudos posteriores?

Cecília Leite: Realizei minha graduação em Letras. Minha origem inicial é da área de Cultura, até mesmo por causa da minha história pessoal. Eu vim para Brasília porque meu pai veio atuar na organização do Departamento de Música da Universidade de Brasília. No curso de Letras, eu comecei a me envolver então nas temáticas culturais, não apenas em música, dança e outros, mas também com as bibliotecas. Percebi que as bibliotecas eram espaços democráticos, inclusivos e cívicos e aquilo me encantou.

Nas bibliotecas, era possível colaborar efetivamente para a inserção das pessoas no mundo da leitura e, com isso, contribuir para que elas tivessem acesso à cultura e à educação. Com as experiências acadêmicas da minha juventude, fui percebendo o quanto as bibliotecas eram promotoras culturais, do desenvolvimento nacional, de ensino e aprendizagem e fundamentais para toda a estrutura educacional. Foi então que decidi entrar para a Ciência da Informação, exatamente por causa dessa experiência com bibliotecas. Passei a me interessar pela linha de estudo que a biblioteca proporciona com seu espaço inovador e democrático.

Qual a sua história com o Ibict?

Cecília Leite: No início da minha vida profissional, trabalhei por um tempo como Coordenadora de Promoção Cultural do Centro de Informação e Documentação da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), onde atuei na reativação do cinema, que estava parado há muito tempo, por causa da censura, e ao mesmo tempo também em ações com o livro e a leitura. A partir daí, tive a certeza de que era nisso que eu queria trabalhar.

Decidi então fazer o mestrado depois o doutorado em Ciência da Informação. Nesse transcurso, passei em um concurso para a então Embrapa Informação Tecnológica, que atuava com atividades como editoração, produção gráfica e trabalhos relacionados à Ciência da Informação. Foi um período muito importante na minha vida profissional. Algum tempo depois, fui cedida e convidada a trabalhar no Ibict. O professor Emir Suaiden, que foi meu orientador de tese, me chamou para criar um programa de inclusão social. Nesse transcurso, atuei como coordenadora geral em duas gestões do professor Emir Suaiden. Posteriormente, concorri à direção do Ibict e já estou na minha segunda gestão do Instituto.

Ibict: Em entrevista para o site do Ibict, a professora Lena Vânia mencionou o quanto ela sente o PPGCI valorizado tanto na gestão do professor Emir Suaiden quanto na sua gestão.  Qual é a importância do PPGCI para a Ciência da Informação e a importância do programa para o Ibict enquanto Instituto de Pesquisa?

Cecília Leite: O PPGCI/Ibict/UFRJ é fundamental porque promove a formação profissional e acadêmica especificamente em Ciência da Informação. Os institutos de pesquisa têm a função de atuar na formação de pesquisadores e profissionais altamente qualificados. Nesse sentido, o PPGCI/Ibict/UFRJ é um programa de excelência na formação de mestres e doutores. Além disso, o programa oferece ações para toda a comunidade, como os cursos que têm sido oferecidos gratuitamente pelas Escolas de Outono, Inverno, Primavera e Verão. Esses cursos, por exemplo, já certificaram mais de 5 mil pessoas, que estão, por sua vez, disseminando conhecimento.

São cursos que oferecem uma complementação educacional não apenas para quem é da área, mas também abre novos horizontes para quem não é do setor, além daqueles que gostariam de entender melhor a Ciência da Informação. A importância do programa é enorme para o país – há que se ressaltar que foi o primeiro programa de pós-graduação em Ciência da Informação na América Latina e Caribe. Nos 50 anos do programa, o Ibict todo reconhece a sua importância e os esforços na tarefa de qualificar mão de obra especializada, promovendo conhecimento para toda a comunidade.

Ibict: Qual a importância das mulheres para a Ciência da Informação?

Cecília Leite: As mulheres marcaram a história da Ciência da Informação. Vale destacar que o Ibict nasceu como Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), a partir dos esforços de uma mulher, que foi Lydia de Queiroz Sambaquy (1913-2006). A participação e a contribuição das mulheres em várias áreas permeiam toda a história de 66 anos do Ibict. É fundamental destacar o empoderamento das mulheres promovido a partir da atuação das mulheres em toda a história. Hoje, a mulher conquistou seu espaço na ciência e é um movimento cada vez mais crescente, de modo que homens e mulheres possam atuar conjuntamente em prol da ciência.  

A senhora já sofreu ou conseguiu perceber algum tipo de exclusão por ser uma mulher na ciência?

Cecília Leite: Eu vivenciei o preconceito de forma mais velada, mas ele existe e as mudanças culturais são complexas. Para a mulher conquistar seu espaço foram necessárias muitas lutas e mudanças ao longo da história. Quando eu assumi a direção do Ibict, dentre todos os institutos de pesquisa, somente dois tinham mulheres na coordenação: o ibict e o MAST (Museu de Astronomia e Ciências Afins). Desde então, o número de mulheres na liderança dos Institutos aumentou, o que comprova as mudanças pelas quais o mundo e o Brasil têm passado, a partir dos espaços conquistados pelas mulheres em todas as esferas.

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Esta entrevista integra uma série dos meses de setembro e outubro em homenagem aos 50 anos do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. A série destacará o trabalho das mulheres na vanguarda do PPGCI/Ibict/UFRJ.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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No dia 06 de outubro, a professora Sarita Albagli, do corpo docente do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI), desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), participará da Semana da Propriedade Intelectual, Interesse Público e COVID-19 (Week of Intellectual Property, the Public Interest and COVID-19). O evento ocorre de hoje (05) até o dia 09 em formato digital.

A professora fará parte da equipe do painel "COVID no Brasil: o papel do Acesso Aberto, dos Recursos Educacionais e Dados Abertos e da Ciência no enfrentamento da pandemia", a partir das 16h (horário do Brasil). Durante o painel serão discutidas questões como a Ciência Aberta no enfrentamento à COVID-19, o acesso aberto e a relevância dos dados abertos para a educação. Também participarão do painel os pesquisadores Allan Rocha de Souza, Carla Arminda, Liz Sass, Tel Amiel e Vanessa Jorge.

A palestra contará com tradução simultânea em português, espanhol e inglês.

Para participar do evento, acesse: http://www.globalcongressip.org/events/covid-in-brazil-the-role-of-open-access-oer-and-open-data-and-science-in-facing-the-pandemic/.


Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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Em um bate-papo informal realizado no sábado (03), o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, e a diretora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Cecília Leite, dialogaram sobre os 66 anos do Ibict. A atividade fez parte das ações do Mês Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovações, instituído pelo decreto nº 10.497/2020.

Durante a apresentação, Cecília Leite agradeceu a atuação do ministro Marcos Pontes nas ações voltadas para o crescimento da ciência, da tecnologia e da inovação no Brasil e reforçou a importância da parceria entre o Ibict e o MCTI no combate à COVID-19. Entre as ações destacadas na conversa, o ministro e a diretora mencionaram os portais Universo Científico, Rede Vírus MCTI, Visão (mapa interativo com informações oficiais relacionadas à COVID-19) e Ciência em Casa.

O ministro Marcos Pontes elogiou o Ibict em relação à capacitação e à experiência na criação de infraestruturas informacionais, como o Ciência em Casa, que contém conteúdos do Canal Ciência do Ibict e ações de outras instituições ligadas ao ministério, como jogos, enquetes e vídeos educativos. Como parte das ações divulgadas no Ciência em Casa está a atividade Caça Asteroide, promovida a partir de parceria entre o MCTI e a International Astronomical Search Collaboration (IASC/NASA), com o apoio do Ibict, por meio do Canal Ciência. 

Como explicou Cecília Leite, o portal Ciência em Casa possibilita que crianças e adolescentes aprendam ciência de maneira divertida, colaborando, inclusive, para a formação de possíveis futuros cientistas. “É importante que os pais estimulem seus filhos a conhecerem mais sobre ciência. Às vezes, uma ação como a do Ciência em Casa chega no momento certo em que a criança está em dúvida sobre qual caminho futuro seguir”, explicou Cecília Leite.

Ao longo da apresentação, Cecília Leite destacou o papel do Ibict na vanguarda da informação. Entre as ações de destaque do Ibict, Cecília Leite também apontou para a importância do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, realizado a partir da parceria entre o Ibict e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O PPGCI/Ibict/UFRJ completa 50 anos no ano 2020. A diretora destacou, além dos cursos de pós-graduação do PPGCI, as ações voltadas para toda a comunidade, como as Escolas de Outono, Inverno, Primavera e Verão.

Outro aspecto discutido durante a entrevista foram as ações do Ibict em Ciência Aberta. “A ciência tem a função de desenvolver conhecimento, mas não adianta nada desenvolver um conhecimento se ele não for utilizado”, disse o ministro Marcos Pontes, em relação ao trabalho de disseminação do conhecimento que é realizado pelo Ibict.

Sobre essa questão, a diretora explicou a importância da internacionalização dos dados de pesquisa. “Hoje, o mundo é uma aldeia global. O pesquisador que está na China, na Coreia, precisa trocar informações com um pesquisador do Brasil porque eles estão falando uma mesma língua, trabalhando para o avanço do conhecimento”, disse.

Também foram discutidas no evento on-line questões sobre o meio ambiente, com destaque para as ações do projeto de Avaliação do Ciclo de Vida do Ibict, preservação digital e o aumento da participação das mulheres na ciência.

A entrevista está disponível em versão integral no canal do MCTI no Youtube. Acesse abaixo:

 

 

Patrícia Osandón
Núcleo de Comunicação Social do Ibict

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